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Desde a primeira edição do Jogo da Bolsa, o mundo dos negócios e dos mercados financeiros mudou significativamente. Novos produtos, novos sectores e áreas de actividade, novos paradigmas. Se um caso por demais evidente é a chegada das criptomoedas ao mundo financeiro, outra das grandes novidades trazida pela última década é a proliferação da chamada Inteligência Artificial (IA). Tendo já deixado de estar relegada meramente à investigação académica, entretanto a IA entrou no domínio da aplicação prática e da exploração comercial. Os sucessos mais palpáveis da IA, em larga medida, devem-se essencialmente aos enormes avanços no subdomínio do Machine Learning, ou Aprendizagem Computacional na denominação em português, uma forma ainda limitada de "inteligência", se quisermos, mas capaz de produzir resultados extraordinários em diversas tarefas como classificação e reconhecimento de imagem ou na geração de dados sintéticos, onde o Deep Learning - a mais recente aplicação das redes neuronais artificiais - representa agora o estado da arte. E, com pouca surpresa, uma área de investigação activa para a aplicação do enorme potencial da IA é precisamente a dos mercados financeiros. Aqui, a IA tem vindo a ser aplicada na tarefa de previsão do preço orientada ao curto-prazo com base em séries temporais de dados, compostas pelos típicos valores de abertura, máximo, mínimo e fecho da sessão. Mais recentemente, tem vindo a ser explorada ainda a incorporação de fontes de informação adicionais como sejam tweets e notícias, por forma a ampliar a capacidade preditiva desses modelos através da análise automatizada do sentimento de mercado. A IA surge deste modo como candidata a substituir os métodos tradicionais de apoio à decisão nos investimentos nos mercados financeiros como são a Análise Técnica clássica, que se foca no estudo do comportamento do preço, tipicamente de forma discricionária, e a Análise Fundamental, que se foca no estudo do valor do activo com base nos seus fundamentais. Estas são as ferramentas com que os pequenos investidores individuais, como os participantes do Jogo da Bolsa, tendem a estar mais familiarizados, mas que a IA poderá a prazo tornar obsoletas. Os investidores poderão ver-se pois, num futuro próximo, na necessidade de tornar seu também o léxico da IA e passar a utilizá-la com a sua ferramenta de apoio à decisão nos investimentos. Para o leigo subsistirão ainda assim alguns obstáculos: não obstante a presença de excelentes blogs e tutoriais na internet e a disponibilização de ferramentas de desenvolvimento de livre acesso, desenvolver um modelo de aprendizagem computacional por medida requer uma substancial proficiência com novas tecnologias, como seja um domínio razoável de linguagens e ambientes de programação. Se reunir os requisitos ou dispuser do arrojo suficiente para explorar o mundo maravilhoso da IA, nem que seja enquanto hobby, pode por exemplo espreitar os desafios da Kaagle, subsidiária da Google, onde investigadores e amadores disputam competitivamente os seus modelos.