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Privados e as parcerias para atingir o acesso universal a energia sustentável

António Mexia, CEO da EDP, refere que um dos principais objectivos do seu mandato como chairman da SEforALL, "prende-se exactamente com a mobilização de sectores críticos, como a electricidade, as telecomunicações e as instituições financeiras, para se alcançar o compromisso de acesso universal a energia sustentável".

Filipe S. Fernandes 30 de Abril de 2018 às 20:18
António Mexia, CEO da EDP e chairman da organização SEforALL. Pedro Nunes/Reuters
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A EDP Renováveis vai investir em "empresas com track record comprovado na promoção do acesso à energia em mercados emergentes, com especial ênfase no mercado rural off-grid", afirma António Mexia, CEO da EDP e chairman da organização SEforALL, que realiza o seu fórum a 2 e 3 de Maio no Convento do Beato em Lisboa. "Esta nova estratégia irá permitir à EDP desenvolver modelos de acesso à energia limpa e sustentável, complementados sempre pelo que tem sido a nossa responsabilidade social corporativa".

É a reafirmação por parte da empresa portuguesa de energia do "papel fundamental que a energia eléctrica desempenha no desenvolvimento das sociedades", e do seu "compromisso na promoção de energia sustentável para todos", como acentua António Mexia.

A associação do Grupo EDP ao SEforALL "foi um passo natural e que faz todo o sentido", referiu António Mexia, presidente executivo da EDP. Explica que a SEforALL é uma entidade internacional não-governamental, que trabalha com líderes do governo, sector privado e sociedade civil para impulsionar acções para alcançar o ODS 7 das Nações Unidas, ou seja, o acesso universal a fontes de energia fiáveis, sustentáveis e modernas, o que se enquadra com a estratégia da EDP de aposta em renováveis e acesso a uma energia eficiente e sustentável.

Sentido de missão

Hoje no mundo existem cerca de 1,2 mil milhões de pessoas sem acesso a energia e cerca de 3 mil milhões de pessoas que cozinham com recursos poluentes. Fazer face a este desafio foi um dos objectivos assumidos pela EDP quando se fez parceiro do SeforALL. Era uma forma de "alargar a nossa actividade de acesso à energia, através do desenvolvimento de projectos, investimentos e voluntariado, individualmente e em colaboração com outras entidades". A EDP também integra o High Level Impact Opportunity, criado pelas Nações Unidas para estudo e implementação de clean energy mini-grids.


A SEforALL  é uma entidade internacional não-governamental, que trabalha com líderes do governo, sector privado e sociedade civil para impulsionar acções para alcançar o ODS 7 das Nações Unidas.


"Foi com um sentido de missão que fui convidado e aceitei no ano passado a presidência do Conselho de Administração do SEforALL", salienta António Mexia, eleito em Abril de 2017, para suceder ao presidente da Shell, Charles O. Holliday. Foi um conjunto de desafios que estiveram na base da sua decisão, tendo em conta o que ainda se tem de fazer "para que seja possível alcançar o objectivo global pretendido, nomeadamente no sentido de se conseguir canalizar os investimentos para onde eles são efectivamente necessários, e ciente do papel fundamental do sector privado neste âmbito", referiu.

António Mexia sublinha ainda que um dos principais objectivos do seu mandato "prende-se exactamente com a mobilização de sectores críticos, como a electricidade, as telecomunicações e as instituições financeiras, no sentido de acelerar a acção privada e a criação de parcerias para se alcançar o compromisso de acesso universal a energia sustentável".

Os principais objectivos do SEforALL

O ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lançou o SEforALL em setembro de 2011, como uma iniciativa global que mobilizaria a acção de diversos actores em apoio aos três objectivos centrais do SDG7. Como salienta António Mexia, "o SEforALL foi criado para, com envolvimento das diferentes entidades e sectores, públicos e privados, contribuir activamente para um mundo em que até 2030, e em linha com os objectivos climáticos, se alcance o acesso universal a serviços modernos de energia, se dupliquem os níveis globais de eficiência energética e a quota de energias renováveis a nível mundial". Acrescenta que "a organização que tem feito a identificação e publicação do progresso nestes objectivos, trabalhando por geografias e por temas específicos, promove sobretudo a criação das pontes entre os diferentes sectores da sociedade e o estabelecimento de parcerias".

Na última década já beneficiámos directamente mais de 20 mil pessoas com projectos locais de soluções de energia sustentável. António Mexia
CEO da EDP e chairman da organização SEforALL

Teve primeiro CEO Kandeh Yumkella, e a SEforALL reuniu várias partes interessadas, como governos de mais de 100 países, bancos de desenvolvimento, sector privado, investidores, sociedade civil e instituições internacionais. Em Janeiro de 2016, Rachel Kyte assumiu o cargo de CEO da SEforALL e representante especial do secretário-geral. Os centros de gestão da SEforALL estão sediados em Viena de Áustria e Washington nos Estados Unidos.

Contra a exclusão eléctrica

"A EDP, para além de ser pioneira e líder na aposta em renováveis, há muito que se dedica à temática da exclusão eléctrica, seja na sua área de influência directa ou em países em desenvolvimento", diz António Mexia. "Na última década já beneficiámos directamente mais de 20 mil pessoas com projectos locais de soluções de energia sustentável".

Nos países em que o grupo energético está presente iniciou esta abordagem como actividade de responsabilidade social empresarial mas tem vindo a evoluir para uma actividade economicamente sustentável. O primeiro projecto, de vertente filantrópica, foi uma parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no campo de Refugiados de Kakuma no Quénia, onde implementaram várias soluções de energia sustentável que permitiram uma melhoria das condições dos Refugiados. No Brasil, levou mini-redes de energia solar para aldeias na Amazónia. Fez, ainda, projectos de consultoria em São Tomé e Príncipe e Peru e projectos de acesso à energia em Angola e na Guiné-Bissau.
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