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A excepção à regra: a rede de frio e calor do Parque das Nações

O Climaespaço é um projecto pioneiro de eficiência energética feito para a Expo 98, que ainda hoje é uma referência internacional. Foi um dos casos apresentados no SEforALL.

07 de Maio de 2018 às 11:43
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"Acho fantástico ver o mundo a partilhar projectos, experiências e ideias na cidade de Lisboa. A ideia de que, através da partilha, se podem replicar bons projectos e ideias em outras partes do mundo é essencial", disse João Castanheira. O CEO da Climaespaço esteve na SEforALL para apresentar a rede urbana de frio e calor do Parque das Nações, um dos mais importantes projectos de eficiência energética realizados em Portugal.

"O Climaespaço é um projecto feito há 20 anos, que ainda hoje é uma referência internacional. A rede de frio e calor da Expo vai ter, ainda esta semana, a visita de uma delegação da Coreia do Sul, mas não se conseguiu replicar em Portugal", refere João Castanheira, que também é administrador da Engie Portugal, empresa francesa que já investiu 80 milhões de euros neste projecto.

Existiu a ideia de um projecto semelhante para a zona histórica do Porto, mas depois não avançou, mas em Portugal não houve qualquer outra réplica deste projecto, "o que é sinal de que não estamos suficientemente atentos às questões de eficiência ambiental".

Falta eficiência energética

"Temos muito que ensinar ao mundo em matéria de energias renováveis, mas temos muito que aprender em termos de eficiência energética." Considera que se investe mais nas primeiras do que na segunda, porque "as renováveis são visíveis, portanto, são sexy para os políticos; a eficiência energética que é por definição não consumo, não se vê".

O potencial de eficiência energética em Portugal é muito grande em todas as áreas e vai desde a iluminação pública à administração pública, em que foi lançado há sete anos o ECO-AP, mas que não funcionou, edifícios privados, e na indústria. Nesta "tem havido mais investimento, mas o potencial mantém-se".

Temos muito que ensinar ao mundo em matéria de energias renováveis, mas temos muito que aprender em termos de eficiência energética. João Castanheira
CEO da Climaespaço 

Existe uma directiva europeia para a eficiência energética, actualmente em revisão, em que se promovem dois tipos de tecnologia como formas eficazes de usar racionalmente a energia: a co-geração de elevada eficiência e as redes de frio e calor. "Na transposição para a lei portuguesa desta directiva verificamos se usou para criar um sistema de co-geração, e para as redes de frio e calor houve uma espécie de lost in translation, desapareceram", refere João Castanheira.

A nível global está-se a fazer grandes investimentos em redes de distribuição de frio e calor. "Neste aspecto, Portugal está a ficar para trás. E não é uma questão menor. Na União Europeia, 50% do consumo final de energia é utilizado para aquecimento e arrefecimento", salientou João Castanheira, licenciado em Engenharia Mecânica, ramo de energia, pelo Instituto Superior Técnico. Este grande boom das redes de frio e calor deve-se sobretudo ao frio devido "ao aquecimento global, urbanização crescente, e o tipo de construção que se faz, que geram grandes necessidades de climatização".


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