- Partilhar artigo
- ...
Os problemas no mundo hoje têm uma escala civilizacional, que só a longo prazo se pode resolver. A visão de curto prazo leva a decisões, como a do CEO que, para evitar a compra equipamentos de segurança caros, porque isso prejudicaria o resultado final imediato, abriu caminho para a tragédia da Deepwater Horizon da BP no Golfo do México, ou o governo que adia investimentos em infra-estruturas e os acidentes acontecem, caso do colapso da ponte I-35 sobre o rio Mississippi.
Como diz Ari Wallach, «na nossa sociedade de curto prazo, muitas vezes sentimos que não temos controlo sobre o futuro. Mas isso não é verdade. Nós temos controlo, mas requer pensamento estratégico e acção de nossa parte, imaginando muitos futuros possíveis, e pensando além de nossos próprios tempos de vida. Todos nós devemos tentar ultrapassar nossas próprias vidas».
Background familiar
Ari Wallach nasceu em 1974, no México, em Guadalajara, tal como as duas irmãs mais velhas. O pai, que falava onze línguas, foi um sobrevivente do Holocausto na Polónia, tendo sido guerrilheiro, enquanto a restante família foi dizimada em Auschwitz, como recordou Ari Wallach numa entrevista à Fast Company. Mais tarde, o pai viveu durante 11 anos em Cuba, após a tomada do poder por Fidel Castro. Depois, instalou-se depois no México, onde se tornou empresário. A mãe, Susan Wallach, era pintora e foi aluna de Buckminster Fuller. Quis entretanto regressar aos Estados Unidos e a família acabou por se fixar na região de S. Francisco.
"Descobrir o que não se quer fazer é tão importante quanto descobrir o que se quer fazer", afirmou Ari Wallach. Aos 18 anos trabalhou num hospital, esteve numa empresa de arquitectura, onde percebeu que não chegaria a ser um Frank Gehry. Optou por fazer Estudos de Paz e Conflito, na UC Berkeley, na Califórnia.
Quando acabou o curso envolveu-se na campanha de Clinton-Gore e num think tank em Washington, concluindo que não fariam parte do seu futuro. Em meados dos anos 90, fundou uma startup chamada InForum - um fórum de eventos políticos ao vivo para a Geração X, na Bay Area. Depois, esteve na Coro, um entidade sem fins lucrativos, em Nova Iorque, tendo trabalhado como consultor no Loews Hotel Group, com o reverendo Al Sharpton e com o sindicato dos funcionários públicos de Nova Iorque. A seguir tentou obter financiamento para uma TV chamada ReThink.
Obama e empresa
Em 2008, participou na campanha de Obama, que foi o embrião para a criação da sua empresa. Como Obama não era bem percepcionado pelos eleitores judeus, Ari Wallach e Sarah Silverman lançaram uma plataforma digital, The Great Schelp. "Tinha uma boa ideia do que precisava de ser feito, mas saia fora do manual da campanha. Usando o humor bruto, The Great Schelp estava prestes a mobilizar jovens apoiantes judeus de Obama, em grande parte através dos media sociais". Teve 342 milhões de visualizações e angariou mais de 25 mil voluntários.
Depois dessa campanha, recebeu vários telefonemas de empresas da Fortune 500 que procuravam um Chief Innovation Officer. Ari Wallach tinha dúvidas sobre o caminho a seguir e contratou um coach executivo, que, depois de algumas sessões lhe disse: "creio que quer construir uma empresa de consultoria e transformar algumas das ofertas de emprego em clientes".
Assim nasceu a Synthesis, que definia como cloud innovation e que se trataria de consultoria de última geração, usando um tipo diferente de rede de especialistas. A consultora em estratégia e inovação criou e construiu laboratórios e estratégias de inovação voltados para o futuro em larga escala, para organizações como o Pew Research Center, Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Fundação Ford, CNN, Auburn Theological Seminary, Sephora, Volkswagen e Departamento de Estado dos EUA.
Numa entrevista à Fast Company, Ari Wallach diz que «há uma falsa premissa de que inovação é sobre ideias. Mas as ideias são relativamente simples de serem criadas. A verdadeira inovação é sobre cultura e execução. O coração da inovação é o conflito, quando se desafia o statu quo».
A importância do longo prazo
Em Abril de 2013, Ari Wallach escreveu na Wired o artigo "Forget short-termism: it's time to think longpath", sobre a necessidade de voltar ao longo prazo para enfrentar os desafios de hoje. "É uma ideia simples, mas implementar uma estratégia global de longo prazo é um desafio profundo", porque, "com muita frequência, o preço da visão de longo prazo é a ruína de curto prazo".
Por isso lançou o que chamou um novo mantra, Longpath. Significa "estratégias de longo prazo e orientadas para objectivos. Pode ajudar os líderes a navegar, com equilíbrio, entre o ganho a curto prazo e a ruína a longo prazo. Para que um CEO possa dizer: 'Isso pode ser bom para o lucro anual, mas representa riscos significativos para o nosso caminho mais longo'". No verão de 2017, lançou a Longpath como um centro de acção em rede.