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Procura turística não está a abrandar

Para Luís Carmo Costa, o turismo "tem coisas negativas, mas há um grande superavit, com as receitas totais a crescerem" e deve-se espalhar a carga turística pelo país. 

02 de Outubro de 2018 às 18:00
Portugal – Os portugueses têm de trabalhar 26,8 dias para levar para casa um iPhone XS. O país ocupa o 28º lugar entre 42 países.
Mario Proenca
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"Estudei nos anos 90 e vivi na rua do Bolhão e vi o que era uma cidade perdida, suja, sem segurança, com assaltos frequentes, como a Baixa de Lisboa. Em 2000, os hotéis em Lisboa não tinham clientes em Julho e Agosto, não havia turistas", descreveu Luís Carmo Costa, sócio da Neoturis. Duas cidades que desde 1970 até 2011 perderam população.

 

"Há estrangeiros porque Lisboa e o Porto através da sua promoção, dos vistos gold, dos incentivos aos residentes não habituais, das viagens low-cost, entraram no radar do investimento e do turismo internacionais. Mas na verdade as pessoas não viviam nos sítios onde estão estrangeiros a viver ou são utilizados para o alojamento local e a hotelaria", salientou.

 

"Há problemas pontuais em algumas freguesias e tem de se ter alguma atenção até porque, do ponto de vista do turista, este não quer que Alfama passe a ser uma Disney. Tem de haver um equilíbrio", salientou Luís Carmo Costa. Exemplificou, "não é agradável para quem trabalha em Lisboa levar com três cruzeiros e 15 mil pessoas ao mesmo tempo na Baixa da cidade. Mas isso acontece duas a três vezes por ano."

 

Carga turística pelo país

 

Os benefícios do turismo são superiores aos prejuízos. Os eventos multiplicam-se em Lisboa e Porto e noutras cidades do país, o alojamento local espalhou-se pelos Açores, Aveiro, Coimbra, Mértola, Braga, e tem contribuído para o desenvolvimento económico. Há hotéis em Lisboa que vão fechar este ano com quase 90% de taxa de ocupação e mesmo no Algarve, com a sua sazonalidade, está nos 70%. "Tem coisas negativas, mas há um grande superavit, com as receitas totais a crescerem", concluiu. Alertou ainda que "não há sinais de que a procura abrande, mas tem de ser retirada de Lisboa e Porto para zonas em volta, tendo sempre em conta as condições de carga".

 

Por sua vez Ricardo Sousa, CEO da Century 21, defendeu que "o turismo e o imobiliário são dois pilares da nossa economia, e as políticas têm de se coordenadas e ponderadas de uma forma integrada". "Hoje, a nível de mundial, o estilo de vida que Portugal tem naturalmente para oferecer é dos factores mais valorizados pelas empresas para se instalarem, e para pessoas que pretendem emigrar à procura de novas oportunidades", referiu.

 

É a única forma de potenciar a atracção de talento, de investimento, não apenas para o imobiliário, mas para dinamização de novas empresas e de novos negócios.

Procura hoteleira

Há muitos investidores internacionais interessados em ter hotéis em Lisboa ou no Porto e existem oportunidades em hotéis de 3 estrelas, que representam 18% dos hotéis em Lisboa, enquanto em Paris são 40%. Faltam apartamentos no triângulo dourado do Algarve, no Oeste, na zona de Tróia, à Comporta. Luís Carmo Costa salientou ainda que há espaço para as "grand residences", ou seja, residências com serviços hoteleiros, que não existem em Lisboa.