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"O turismo vai ser mesmo um dos grandes dínamos de recuperação em Portugal. Se o peso no PIB caiu de 17% para 8%, e atualmente deve estar em 10-11%, acho que rapidamente o turismo irá ocupar o seu espaço natural", considera Miguel Belo de Carvalho, administrador executivo do Santander.
O gestor recorda que, em 2021, mesmo com todas as medidas sanitárias e confinamentos que condicionaram o país, o setor já cresceu 35% em hóspedes, "o que significa que estamos com capacidade de resposta positiva e construtiva à abertura do mercado". "São ótimos sinais para os próximos meses de verão. Na Madeira já tivemos RevPart [proveitos de aposento por quarto disponível] acima de 2019, portanto, não só em hóspedes como em rentabilidade estamos com bons sinais. Portugal tem uma oferta muito qualificada e com capacidade de dar uma boa resposta."
O ponto de partida do turismo na pandemia era muito forte. As dormidas tinham aumentado de 37 milhões em 2010 para 70 milhões de dormidas em 2019, as receitas turísticas passaram de 7,6 mil milhões em 2010 para 18,4 mil milhões em 2019. Como refere Miguel Belo de Carvalho, as empresas "estavam bem capitalizadas, com capacidade de tesouraria muito forte, estavam a investir e muito bem preparadas para algo perfeitamente imprevisível como esta crise pandémica". Por isso, sublinha, "talvez fosse dos setores mais bem preparados do ponto de vista financeiro para uma disrupção da atividade desta dimensão".
As três variáveis
O gestor considera que a recuperação do turismo depende de três variáveis. A primeira tem a ver com a evolução da pandemia. No caso da sua estabilização, a economia cresce como um todo em toda a Europa e nas várias regiões do globo, pelo que o crescimento no país em 2022 será acima dos 5%.
Em segundo lugar, em particular para o turismo, "é crítica a capacidade de oferta do setor de aviação". O gestor considera que em Portugal, sendo um destino muito procurado, vai ser muito rápido o ajuste "quer tenhamos uma TAP mais forte ou mais plena naquilo que era o padrão de 2019, mas este espaço vai ser ocupado".
O terceiro fator crítico é a da mão de obra. O país perdeu 140 mil trabalhadores direta ou indiretamente ligados à indústria do turismo, 90 mil diretamente ligados aos operadores. "Hoje em dia este tipo qualificação compete não só entre operadores do setor de turismo, mas também com outros setores, com a área dos transportes, com a área do outro tipo de serviços que carecem de muita mão de obra, e há aqui uma ajuste de formação e qualificação que é extremamente relevante que tem de ser rapidamente atacado para que o setor de turismo consiga pôr em valor toda a capacidade instalada que têm nesta altura no mercado", concluiu Miguel Belo de Carvalho.
O administrador executivo do Santander salientou ainda a transformação da estrutura de financiamento da atividade. "O setor no turismo ainda está muito baseado no património imobiliário e na operação, mistura muito ainda as duas realidades", explica o responsável, adiantando que, no futuro, "como já se passa em muitos países desenvolvidos, vai dar-se a separação destes dois mundos". Em suma, "para investir em turismo não será necessário fazer instrumentos de capex e de investimento em património tão pesados, o que permite aos operadores focar-se na operação e não tanto na gestão do imobiliário", resume o gestor.
O gestor recorda que, em 2021, mesmo com todas as medidas sanitárias e confinamentos que condicionaram o país, o setor já cresceu 35% em hóspedes, "o que significa que estamos com capacidade de resposta positiva e construtiva à abertura do mercado". "São ótimos sinais para os próximos meses de verão. Na Madeira já tivemos RevPart [proveitos de aposento por quarto disponível] acima de 2019, portanto, não só em hóspedes como em rentabilidade estamos com bons sinais. Portugal tem uma oferta muito qualificada e com capacidade de dar uma boa resposta."
O ponto de partida do turismo na pandemia era muito forte. As dormidas tinham aumentado de 37 milhões em 2010 para 70 milhões de dormidas em 2019, as receitas turísticas passaram de 7,6 mil milhões em 2010 para 18,4 mil milhões em 2019. Como refere Miguel Belo de Carvalho, as empresas "estavam bem capitalizadas, com capacidade de tesouraria muito forte, estavam a investir e muito bem preparadas para algo perfeitamente imprevisível como esta crise pandémica". Por isso, sublinha, "talvez fosse dos setores mais bem preparados do ponto de vista financeiro para uma disrupção da atividade desta dimensão".
As três variáveis
O gestor considera que a recuperação do turismo depende de três variáveis. A primeira tem a ver com a evolução da pandemia. No caso da sua estabilização, a economia cresce como um todo em toda a Europa e nas várias regiões do globo, pelo que o crescimento no país em 2022 será acima dos 5%.
Em segundo lugar, em particular para o turismo, "é crítica a capacidade de oferta do setor de aviação". O gestor considera que em Portugal, sendo um destino muito procurado, vai ser muito rápido o ajuste "quer tenhamos uma TAP mais forte ou mais plena naquilo que era o padrão de 2019, mas este espaço vai ser ocupado".
O terceiro fator crítico é a da mão de obra. O país perdeu 140 mil trabalhadores direta ou indiretamente ligados à indústria do turismo, 90 mil diretamente ligados aos operadores. "Hoje em dia este tipo qualificação compete não só entre operadores do setor de turismo, mas também com outros setores, com a área dos transportes, com a área do outro tipo de serviços que carecem de muita mão de obra, e há aqui uma ajuste de formação e qualificação que é extremamente relevante que tem de ser rapidamente atacado para que o setor de turismo consiga pôr em valor toda a capacidade instalada que têm nesta altura no mercado", concluiu Miguel Belo de Carvalho.
O administrador executivo do Santander salientou ainda a transformação da estrutura de financiamento da atividade. "O setor no turismo ainda está muito baseado no património imobiliário e na operação, mistura muito ainda as duas realidades", explica o responsável, adiantando que, no futuro, "como já se passa em muitos países desenvolvidos, vai dar-se a separação destes dois mundos". Em suma, "para investir em turismo não será necessário fazer instrumentos de capex e de investimento em património tão pesados, o que permite aos operadores focar-se na operação e não tanto na gestão do imobiliário", resume o gestor.
Turismo e Serviços "Turismo e Serviços" foi a segunda talk de um ciclo que decorre no âmbito do "Prémio Portugal Inspirador: Lado a Lado com as Empresas". Trata-se de uma iniciativa do Banco Santander em parceria com o Negócios. A talk contou com a moderação de Hugo Neutel, coordenador de Empresas, e com a presença de Cristina Siza Vieira, presidente executiva da AHP - Associação da Hotelaria de Portugal, João Pedro Tavares, CEO da Coleção Torel Boutiques, e Miguel Belo de Carvalho, administrador executivo do Santander.
As quatro categorias do Prémio Portugal Inspirador servem de mote ao ciclo de talks temáticas que decorrem até março de 2022 e que são a agricultura, o turismo e serviços, a sustentabilidade e economia social, e a inovação, tecnologia e indústria. O Prémio Portugal Inspirador pretende reconhecer e dar visibilidade às personalidades e às empresas que atuam em território nacional e que se destacam pela sua capacidade de criar emprego, dinamizar o mercado, inovar, potenciar o desenvolvimento económico e que globalmente mais contribuem para o crescimento da economia nacional.
As quatro categorias do Prémio Portugal Inspirador servem de mote ao ciclo de talks temáticas que decorrem até março de 2022 e que são a agricultura, o turismo e serviços, a sustentabilidade e economia social, e a inovação, tecnologia e indústria. O Prémio Portugal Inspirador pretende reconhecer e dar visibilidade às personalidades e às empresas que atuam em território nacional e que se destacam pela sua capacidade de criar emprego, dinamizar o mercado, inovar, potenciar o desenvolvimento económico e que globalmente mais contribuem para o crescimento da economia nacional.