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"Consumo de antibióticos tem que ser mais reduzido"

A diminuição das taxas de infecção é outra área onde ainda há muito trabalho a fazer.

06 de Setembro de 2016 às 09:48
Correio da Manhã
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"Embora muita coisa se tivesse feito nesta área, desde há vários anos, a criação do PPCIRA, em 2013, marcou uma mudança de paradigma no trabalho de controlo da infecção e das resistências aos antimicrobianos em Portugal" refere Paulo André Fernandes, que é membro da direcção nacional e do conselho científico do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA), assumindo actualmente a direcção interina do Programa.

Nesta altura o programa para esta área foi considerado prioritário na DGS e associou-se pela primeira vez a abordagem de dois problemas indissociáveis, a infecção associada aos cuidados de saúde e o aumento das resistências aos antimicrobianos. Permitiu um reforço legislativo dos meios colocados à disposição das estruturas locais de intervenção sobre estes problemas. No entanto, as condições previstas para o seu funcionamento "não estão a ser cumpridas na generalidade do Pais" alerta Paulo André Fernandes.
Índice de Qualidade PPCIRA vai dar incentivos Foi criada uma task force entre a Direcção-Geral da Saúde, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, o Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, e a Administração Central do Sistema de Saúde para preparar e acompanhar a implementação das disposições do Despacho n.º 3844-A/2016, de 15/3, as quais prevêem a atribuição de incentivos, no âmbito do contrato-programa anual, que premeiem as instituições hospitalares cujos resultados denotem o cumprimento de boas práticas na área do controlo de infecção, do consumo e das resistências aos antimicrobianos. Estes resultados serão aferidos com base num conjunto de indicadores, denominado "índice de Qualidade PPCIRA".
Esta nova estrutuar criou "uma onda de motivação e entusiasmo nos profissionais desta área, potenciando a sua competência e promovendo um salto qualitativo que se traduziu em resultados positivos, com a diminuição nas taxas de várias infecções e a redução sustentada do consumo de antimicrobianos" analisa Paulo André Fernandes.

Mas ainda há muito para fazer pois ainda longe os objectivos razoáveis propostos. "As taxas de infeção e o consumo de antibióticos têm que ser mais reduzidos, e os níveis de resistência também. Continuamos a ter situações preocupantes. Embora a descer, a taxa de resistência em Staphylococcus aureus é ainda muito elevada. Continuam a subir as resistências aos beta-lactâmicos em bacilos Gram-negativos. E, principalmente, verifica-se um aumento da resistência aos carbapenemos em Klebsiella".