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Filipa Mota e Costa é directora-geral da Janssen Portugal desde Outubro passado. Formada em Engenharia Química pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e com um MBA do INSEAD, está na Janssen, do grupo Johnson & Johnson, desde 2003.
Será que os indicadores actuais de saúde estão mais vocacionados para a quantificação dos actos e não para a medição da qualidade do serviço prestado e dos ganhos em saúde?
Para responder a esta questão, é preciso primeiro explicitar o conceito de ganhos em saúde. O objectivo dos cuidados de saúde deverá ser o de aumentar valor, entendendo-o como resultados (ou ganhos) em saúde para os doentes. Sempre contabilizando o custo para lá chegar para que o sistema seja sustentável.
Reconheço que o nosso país tem caminhado neste sentido, havendo vontade de avaliar os ganhos em saúde. No entanto, não é um caminho simples, e que demorará tempo a implementar. Esta foi uma das razões que levou a Janssen a apoiar um estudo da Boston Consulting Group que, tendo como referência alguns casos de sucesso internacionais, aponta recomendações para a implementação de um financiamento mais baseado em resultados em Saúde.
No paradigma actual da produção, ou seja, maioritariamente, os hospitais/ estabelecimentos de saúde são financiados de acordo com a produção e não por resultados. Por exemplo, o hospital é pago por fazer cirurgias, mas não é financeiramente recompensado caso o doente recupere mais rapidamente e sem complicações.
O sistema tem um grande pendor hospitalocêntrico e refere-se a necessidade de fazer prevenção e de os cuidados primários serem a coordenação e o elo de ligação para todo o sistema de saúde. É necessário investir mais e/ou organizar melhor a prevenção, os cuidados primários e os cuidados continuados?
É preciso, seguramente, dar mais visibilidade e organizar de forma mais eficaz a área da prevenção e os próprios cuidados primários e continuados, antes de percebermos se o investimento que tem sido feito é suficiente.
Na verdade, há todo um caminho já trilhado no sentido de dotar as Unidades de Saúde Familiares de mais autonomia e de uma maior aposta na saúde, em vez da doença. Em Portugal, como em todo o mundo desenvolvido, há uma visão de gestão integrada da saúde das populações. Esta abordagem torna clara a necessidade, não só de diversificar a oferta de serviços de saúde ao nível da prevenção e dos cuidados fora do âmbito hospitalar, como também de trabalhar a literacia em saúde da sociedade. Neste aspecto existem exemplos, como o uso excessivo dos serviços de urgência, que gera desperdício de recursos, e que poderia ser parcialmente mitigado com informação aos cidadãos. Cidadãos mais informados e conscientes têm tendência a fazer melhores escolhas no campo da saúde.
Que impactos poderão ter estas alterações no financiamento do sistema de saúde?
Esperam-se impactos muito positivos. Temos um caso de estudo muito interessante na Suécia, na área da cirurgia da coluna, que indica que a introdução de um financiamento com base em resultados em saúde gerou não só melhores resultados clínicos, como poupanças para o sistema. Como referi, a sustentabilidade dos sistemas de Saúde em países como o nosso deve passar, necessariamente, por este ajuste.
Será que os indicadores actuais de saúde estão mais vocacionados para a quantificação dos actos e não para a medição da qualidade do serviço prestado e dos ganhos em saúde?
Para responder a esta questão, é preciso primeiro explicitar o conceito de ganhos em saúde. O objectivo dos cuidados de saúde deverá ser o de aumentar valor, entendendo-o como resultados (ou ganhos) em saúde para os doentes. Sempre contabilizando o custo para lá chegar para que o sistema seja sustentável.
Reconheço que o nosso país tem caminhado neste sentido, havendo vontade de avaliar os ganhos em saúde. No entanto, não é um caminho simples, e que demorará tempo a implementar. Esta foi uma das razões que levou a Janssen a apoiar um estudo da Boston Consulting Group que, tendo como referência alguns casos de sucesso internacionais, aponta recomendações para a implementação de um financiamento mais baseado em resultados em Saúde.
No paradigma actual da produção, ou seja, maioritariamente, os hospitais/ estabelecimentos de saúde são financiados de acordo com a produção e não por resultados. Por exemplo, o hospital é pago por fazer cirurgias, mas não é financeiramente recompensado caso o doente recupere mais rapidamente e sem complicações.
O sistema tem um grande pendor hospitalocêntrico e refere-se a necessidade de fazer prevenção e de os cuidados primários serem a coordenação e o elo de ligação para todo o sistema de saúde. É necessário investir mais e/ou organizar melhor a prevenção, os cuidados primários e os cuidados continuados?
É preciso, seguramente, dar mais visibilidade e organizar de forma mais eficaz a área da prevenção e os próprios cuidados primários e continuados, antes de percebermos se o investimento que tem sido feito é suficiente.
Na verdade, há todo um caminho já trilhado no sentido de dotar as Unidades de Saúde Familiares de mais autonomia e de uma maior aposta na saúde, em vez da doença. Em Portugal, como em todo o mundo desenvolvido, há uma visão de gestão integrada da saúde das populações. Esta abordagem torna clara a necessidade, não só de diversificar a oferta de serviços de saúde ao nível da prevenção e dos cuidados fora do âmbito hospitalar, como também de trabalhar a literacia em saúde da sociedade. Neste aspecto existem exemplos, como o uso excessivo dos serviços de urgência, que gera desperdício de recursos, e que poderia ser parcialmente mitigado com informação aos cidadãos. Cidadãos mais informados e conscientes têm tendência a fazer melhores escolhas no campo da saúde.
Que impactos poderão ter estas alterações no financiamento do sistema de saúde?
Esperam-se impactos muito positivos. Temos um caso de estudo muito interessante na Suécia, na área da cirurgia da coluna, que indica que a introdução de um financiamento com base em resultados em saúde gerou não só melhores resultados clínicos, como poupanças para o sistema. Como referi, a sustentabilidade dos sistemas de Saúde em países como o nosso deve passar, necessariamente, por este ajuste.