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Centro histórico do Porto valorizou 127% em 4 anos

"É notória a grande revolução que a ligação entre o imobiliário e o turismo fez no centro histórico do Porto", diz Ricardo Guimarães, CEO do Confidencial Imobiliário.

09 de Maio de 2018 às 11:28
Ricardo Guimarães
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"Hoje já temos dificuldade em relembrar o que há muito pouco tempo era esse território. Digo às vezes, a brincar, que era útil conservar-se um ou dois prédios degradados, como monumento ao que enquanto sociedade fomos capazes de fazer no ciclo anterior, para que não se repita mais esse desastre urbanístico e de gestão, resultado de políticas que levaram a esse ponto".

O Confidencial Imobiliário faz um índice de preços do centro histórico do Porto, que resulta de uma parceria com a Câmara Municipal do Porto, a partir dos direitos de preferência.

Desde 2013 os preços tiveram uma subida de 127%, que "é pura valorização". Significa, como explica Ricardo Guimarães, "que estamos a tirar o investimento em reabilitação e a considerar imóveis no mesmo estado em momentos diferentes. São mais de seis semestres sempre com valorizações acima de 10%. Costumo dizer que o que ontem era um máximo, hoje é uma média" remata.

Mas recorda que "houve uma queda de preços nos centros com a crise financeira e a falta de financiamento a partir de 2008/2009, apesar de nessa altura nem serem territórios de grande dinamismo. Se é certo que o centro histórico duplicou em termos de valor, a verdade é que no pico da crise estaria 50% desvalorizado em relação ao seu patamar natural de valor". Os preços vão continuar a subir de forma moderada.

Febre imobiliária baixa

Para Nuno Camilo , não existe pressãotruística mas sim pressão sobre o custo da habitação. Porque havia muitos fogos desabitados e a cidade do Porto tem 214 mil habitantes, "o que é insignificante face ao que já teve no passado", referiu." A cidade tem perdido habitantes de uma forma vertiginosa e não se tem renovado a sua população, que é envelhecida porque os jovens procuram casas nos concelhos limítrofes".

Ricardo Guimarães contrapõe que as cidades do século XXI ultrapassam as fronteiras administraticas do século XIX. O eixo Gaia-Porto-Matosinhos ganhou população, e essa a escala urbana que se devia pensar e planear. "O turista não olha a fronetiras".

Segundo Nuno Camilo, hoje um apartamento no centro do Porto tem um preço desmesurado. "A Câmara do Porto tem de tomar medidas para controlar os preços no centro urbano, como, por exemplo, duplicar o índice de construção em Campanhã, Ramalde, Paranhos, até porque como é uma cidade relativamente pequena vai-se com facilidade de uma ponta a outra".

Considera que a febre imobiliária vai começar a cair "porque muitas empresas fizeram investimentos e a parte do crédito está-se a acabar o período de carência, faz com que muitas empresas e investidores e têm de começa a pagar juros e capital", salienta Nuno Camilo.