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Bolsa de Lisboa pode valorizar, mas pouco

A bolsa de Lisboa tem sido uma das mais penalizadas na Europa, em 2016. E as perspectivas do BiG apontam para um potencial de valorização limitado no índice PSI-20. A preferência recai em empresas menos expostas a Portugal.

29 de Setembro de 2016 às 13:55
Pedro Elias
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A bolsa portuguesa regista uma das descidas mais acentuadas na Europa, em 2016. Num ano marcado pela maior aversão ao risco por parte dos investidores, a praça portuguesa tem sido um das mais castigadas. E para o BiG, apesar da queda acentuada do índice, o custo de oportunidade para investir na bolsa nacional "é bastante elevado", tendo em conta as alternativas. Até porque o potencial de subida é limitado.

O índice PSI-20 cai mais de 14% desde o início do ano, um desempenho que reflecte o pessimismo em torno dos activos mais arriscados, depois de um arranque de ano muito conturbado nos mercados. O agravamento do prémio de risco do país, associado às preocupações em relação à recapitalização do sector financeiro são alguns dos factores que têm tirado visibilidade ao mercado nacional. E as perspectivas, na opinião do BiG, não são animadoras.

Com a maior parte dos títulos da bolsa de Lisboa a negociar com um potencial de valorização muito limitado face às suas avaliações, o BiG aponta as regras de constituição do índice como um dos principais problemas da praça portuguesa. "Dois terços do PSI-20 depende de quatro títulos (Jerónimo Martins, Galp EDP e Nos)", lembrou João Lampreia, na conferência do BiG, organizada em parceria com o Negócios, que teve lugar no último fim-de-semana em Lisboa. Para o analista, "esta dinâmica pode dar bons resultados caso os títulos que ganham peso no índice acabem por subir, mas é muito penalizadora caso estes continuem a cair".

O responsável pelo "research" do BiG mostra-se, assim, pouco optimista para a bolsa nacional. Para o especialista, "o PSI-20 vai fechar acima dos níveis actuais", mas o potencial de subida deverá ser inferior a 5%, "até porque o sector financeiro será o mais beneficiado pela extensão do programa do BCE".

E mesmo que o potencial máximo do BiG se cumprisse para as duas empresas onde identificam uma maior margem de progressão - Sonae e Navigator - o potencial de subida do índice seria apenas de 5%, dada a representatividade destes títulos no PSI-20.

Num momento em que as previsões para a economia portuguesa apontam para uma taxa de crescimento, mas baixa, e o Orçamento do Estado para 2017 está a poucos dias de ser apresentado, a negociação em Lisboa deverá assistir a momentos de maior volatilidade. A data agendada para uma possível revisão de "rating" da DBRS também deverá aumentar a tensão no mercado nacional, uma vez que a agência é a única que dá uma notação de "investment grade" a Portugal.

Face a esta conjuntura, João Lampreia aconselha os investidores a afastarem-se das cotadas mais expostas à economia nacional, em detrimento de companhias com uma boa exposição internacional. Corticeira Amorim, Altri e Navigator são os nomes apontados pelo BiG como os mais protegidos contra os riscos na economia nacional.

Apostas Sonae e Navigator são as preferidas O banco BiG atribui uma forte margem de progressão às acções da Sonae e da Navigator. Exportadoras também merecem atenção.

Sonae tem margem para duplicar
A Sonae é a empresa onde o BiG identifica o maior potencial de subida face à sua avaliação. Ainda que a maioria da sua actividade esteja concentrada no mercado português, a empresa da família Azevedo tem potencial para mais que duplicar face ao "target" do BiG, com a companhia a negociar bem longe dos seus fundamentais aos olhos dos especialistas. Os analistas do BiG antecipam um potencial de 108% às acções da companhia liderada por Paulo Azevedo, o que significa que a Sonae pode mais que duplicar face ao preço actual.

Navigator pode subir até 50%
A Navigator é a segunda empresa onde o BiG identifica maior potencial de subida. Os especialistas atribuem uma margem de progressão de cerca de 51% à papeleira face à cotação actual. A reduzida dependência da economia nacional e a forte exposição ao dólar, uma vez que as suas vendas são efectuadas na "nota verde", são alguns dos catalisadores da companhia.

Corticeira entre as escolhidas
Ainda que a Sonae e a Navigator sejam as cotadas nacionais onde os analistas do BiG identificam maior discrepância entre a sua avaliação e o preço de mercado, o banco também vê oportunidades nalgumas empresas com maior exposição ao estrangeiro. É o caso da Corticeira Amorim. A companhia é apontada como um dos títulos que oferece protecção aos riscos que a economia nacional enfrenta. A companhia é mesmo uma das poucas que valoriza este ano. A empresa lidera os ganhos na bolsa, ao disparar mais de 47%.