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A Primavera de Braga é de software

Hoje a Primavera tem mais de 40 mil clientes espalhados por cerca de 20 países. Investem 25% do volume de negócios em I&D e contam com cerca de 100 engenheiros. Em 2017, a Primavera registou um volume de negócios de 23,4 milhões de euros.

05 de Dezembro de 2018 às 16:30
Jorge Baptista, co-presidente executivo da Primavera Software, viu em Braga o talento para fazer a empresa. Luís Vieira
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José Dionísio e Jorge Baptista, os fundadores da Primavera Software, estudaram na Universidade do Minho, trabalharam em empresas no Porto líderes na área das soluções empresariais de gestão, como a Infologia que foi comprada pela Sage, mas nunca deixaram a base ."Era bom viver em Braga", como confessa Jorge Baptista, co-presidente executivo da Primavera Software.

Quando surgiu a oportunidade de criar um projecto, Braga foi uma opção natural e, em 1993, nascia a Primavera Software. Lançaram um software de gestão para ambiente Windows, o Contalib, aplicação que foi produzida em apenas quatro meses, na casa de Jorge Batista e que viria a ser um grande 'bestseller.


23,4
Milhões de euros
Facturação da Primavera Software no ano passado.


"Mas não foi fácil porque Braga há 25 anos era no fim do mundo, e chegar ao Porto eram duas horas e meia de carro e a Lisboa demorava-se cinco horas", recorda, "os centros de decisão e de negócio estavam muito longe". "Não era fácil viajar, olhar o mundo de forma a abarcá-lo e colocar a nossa oferta e o nosso conhecimento", considera Jorge Baptista.

Talentos e persistência

Mas Braga tinha, e hoje ainda mais, uma grande disponibilidade de talentos e de recursos que permitiam fazer, desenhar e conceber produtos tão competitivos e tão inovadores como seriam em outros pontos do globo.

"Tivemos de por os pés no caminho e fazer muitos quilómetros para encontrar os clientes, algo que hoje é facilitado com os meios digitais", conta Jorge Baptista. Foram condições para o seu desenvolvimento nos primeiros anos sendo certo que, do ponto de vista comercial.

A Primavera teve "várias estrelas", como diz Jorge Baptista. Lançou um produto inovador, o que fez com que o mercado olhasse para a Primavera como uma empresa a ter em conta. "O que nos faz crescer e consolidar ao longo do tempo".

Foi a empresa mais desejada em Braga, o que permitiu captar bons engenheiros e outras competências.

Tivemos de pôr os pés no caminho e fazer muitos quilómetros para encontrar os clientes, algo que hoje é facilitado com os meios digitais.
Jorge Baptista
Co-presidente executivo da Primavera Software


Para manter o talento a empresa projectou-se como "um projecto ganhador em cada momento", porque "atrai os melhores e os que querem fazer parte do sucesso". Há medida que a empresa cresce e vai tornado maior aumenta também a sua capacidade de retenção e conquista do talento.

A Primavera foi durante muitos anos "a mais desejada em Braga, hoje mantém-se mas há muito mais oferta, e isso permitiu captar muitos bons engenheiros e outras competências nas outras áreas".

Hoje a Primavera tem mais de 40 mil clientes espalhados por cerca de 20 países, contando subsidiárias em Espanha, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Dubai e uma rede internacional de parceiros de negócio. Investem 25% do volume de negócios em I&D e conta com cerca de 100 engenheiros entre as cerca de 300 pessoas que emprega.

Em 2017, a Primavera registou um volume de negócios de 23,4 milhões de euros, mais 14% do que em 2016, tendo crescido 14% no mercado e em Angola cresceu 10% e Moçambique cresceu 22%.

Pessoas qualificadas precisam-se…

"Existe o problema de competências a nível europeu, que vai limitar o crescimento da Europa, mas está-se a fazer muito pouco ", refere Jorge Baptista, co-CEO da Primavera Software.

"Temos um filão para explorar do ponto de vista dos recursos e das competências, que é o da requalificação das pessoas. Mas não podem ser iniciativas desgarradas, ou locais. Estas podem ser úteis num determinado momento, como piloto ou forma de observação, mas têm de ser expandidas .

Devia ser um desígnio nacional fazer esta requalificação em grande escala, para fazer com que cheguem às organizações as novas competências. Mas isto só se faz com um chapéu maior que não é o regional", afirma Jorge Baptista.

Este gestor considera ainda uma segunda iniciativa a nível europeu para se "ir buscar pessoas com competências onde ela existir no mundo e as nossas políticas de imigração não nos ajudam a conseguir captar as pessoas com mais competências e fixá-las. Existe este problema de competências a nível europeu, que vai limitar o crescimento da Europa, mas está-se a fazer muito pouco em relação a isto".

O Clube de Fornecedores da Bosch vai neste sentido da requalificação em grande escala. A Bosch vai investir 100 milhões de euros, até 2020, neste projecto, parte integrante do programa Interface, que permitirá capacitar 40 fornecedores nacionais com conhecimento crítico, processos ágeis, flexíveis e competitivos e prevendo-se a criação de mais 300 postos de trabalho.

"Já há mais empresas a quererem entrar, são cerca de 40 a 50 projectos de inovação e desenvolvimento nas empresas", revela José Oliveira. Explica ainda que, como apoio comunitário, se criou "Academia Bosch-Minho em que mapeamos quais eram as necessidades críticas no clube de fornecedores para requalificar os colaboradores do clube dos fornecedores". Para este responsável, a requalificação de pessoas exige projectos estruturantes com milhares de pessoas.