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Foto em cima: Daniel Luz, Nélio Marques, Dora Moita, Marta Velho, João Simão, Carlos Machado Silva, e Octávio Oliveira.
Durante a pandemia de Covid-19, registou-se uma taxa de crescimento "que não era tão usual, crescemos sempre a dois dígitos nesse período", refere Octávio Oliveira, country manager da Eviden, na mesa redonda organizada pelo Negócios, em parceria com a Eviden, para debater a transição digital e a Inteligência Artificial (IA). Nesse período, "as organizações viram-se forçadas a parar um pouco e tiveram tempo para refletir. Existia um conjunto de necessidades, e a tecnologia e a transformação digital vieram ajudar, permitindo que as empresas dessem um salto tecnológico". "A Covid acelerou a transformação digital, o que possivelmente seria um processo de cinco ou mais anos acabou por ser agilizado", confirma João Simão, diretor da Unidade de Sistemas de Informação e Comunicações (USIC) da Polícia Judiciária.
Por outro lado, a transformação digital passou a ser composta por projetos e pilotos, "em que se fala muito, mas se faz pouco", refere Octávio Oliveira. A percentagem de pilotos que passa para produção não é tão elevada, porque não houve condições para uma reflexão profunda.
Os projetos devem estar alinhados com o negócio e com o core das empresas. "Antes de se iniciar um projeto tecnológico, é essencial definir a componente funcional: Que processos existem atualmente e quais deveriam existir? A tecnologia deve servir para resolver estas questões, e não o contrário. Não é o processo que se deve adaptar à tecnologia; é precisamente o oposto", defende Octávio Oliveira.
Price-driven
"Nos últimos 20 anos, assistimos a duas grandes vagas de transição digital. A primeira foi a informatização: pegar no que existe no mundo físico e transferi-lo para o computador. Hoje em dia, uma verdadeira transição digital, que envolve processos, exige, em 99% dos casos, uma transformação organizacional. E o que custa não é realizar o projeto tecnológico, mas sim implementá-lo", considera Dora Moita, presidente da Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM).
Country Manager da Eviden
Na sua visão, enquanto fornecedor, Octávio Oliveira considera que o mercado em Portugal está a ser orientado pelo preço. "Fala-se muito em qualidade e inovação, mas, no final da negociação, o que conta é o preço. Com a escassez de recursos humanos, é necessário ser muito competitivo."
Ideias precisam-se
A solução da Eviden tem passado por estabelecer ligações com universidades, como a Universidade do Algarve, onde mantém um centro de competências com 200 pessoas, das quais 70% trabalham para o mercado externo, e com recursos instalados no Brasil, o que, segundo Octávio Oliveira, "nos permite ter uma força de trabalho que dificilmente seria possível com os mesmos recursos de há 10 anos".
Dora Moita referiu-se ao futuro ajustamento do mercado de trabalho, salientando que, na sua opinião, não será a inteligência artificial a eliminar empregos; esta nova forma de trabalhar é que irá determinar quem permanece. "As pessoas que só conseguem executar tarefas repetitivas e que não têm flexibilidade mental para pensar e sensibilidade para além das ferramentas de inteligência artificial, a prazo, deixarão de ter lugar. É preciso combinar, numa mesma pessoa, destreza como utilizador informático, capacidade cognitiva e inteligência emocional".
"O país está preparado para acolher qualquer tipo de projeto de inteligência artificial que seja lançado, desde que haja recursos disponíveis e preços competitivos. Acima de tudo, é necessário que existam ideias que realmente ajudem a transformar os negócios", sublinha Octávio Oliveira.