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A pandemia e o contexto económico apontam para a necessidade de eventuais fusões bancárias e Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, admitiu em recente entrevista ao El País que "pode existir ainda alguma consolidação do sistema bancário em Portugal". Paulo Costa Martins admite que "haverá alguma margem, mas creio que não muita. O mercado em Portugal não é grande o suficiente para o comportar e creio que um número muito reduzido de ‘players’ não ajudaria uma economia pequena e frágil como a nossa".
A concentração de uma atividade tem como principais motivações as sinergias, nomeadamente, no domínio dos custos operacionais e do aumento da capacidade negocial. Miguel Morais refere na sua análise que, se tiver em conta "outras realidades europeias, não parece existir uma limitação a uma concentração superior do mercado bancário português".
Mostra que países com uma população claramente superior à portuguesa têm dos níveis de concentração bancária mais baixos da UE, medidos pela percentagem dos ativos bancários detidos pelos cinco maiores bancos como são o caso da Alemanha (34%), França e Itália (49%), Polónia (54%), Roménia (62%) e Espanha (66%).
Depois os países com uma dimensão populacional equivalente a Portugal, como a Grécia (97%), Países Baixos (84%) e Bélgica (75%), têm níveis superiores de concentração ao de Portugal (73%) enquanto na República Checa (65%) e Hungria (50%) são inferiores. A média europeia é de 67%.
Concentração e balcões
"Estima-se que alguns dos cenários de fusão ou aquisição, por exemplo, a junção de dois dos cinco maiores bancos ou a junção de um dos bancos mais pequenos aos cinco maiores, resultariam na subida do indicador de concentração considerado em quatro ou cinco pontos percentuais, resultando ainda assim num valor inferior a 80%, e consequentemente entre a Bélgica e os Países Baixos", assinala Miguel Morais. Defende ainda que há outros setores de atividade "onde facilmente se identificam níveis de concentração superiores quando medidos pelo mesmo indicador, isto é, peso dos cinco maiores "players", como as telecomunicações e a energia.
Apesar da redução verificada nos últimos anos, a banca portuguesa mantém um número de balcões ligeiramente superior a 3.600, tendo o valor máximo sido de cerca de 6.500. No final de 2020, Países Baixos tinham menos de 1.000 balcões, a Bélgica cerca de 2.400, Grécia, República Checa e Hungria em torno dos 1.700/1.800. Verifica-se que Portugal tem um número de balcões ainda muito superior em relação a estes países que têm áreas muito inferiores a Portugal, menos de metade, como os Países Baixos e a Bélgica enquanto a Hungria tem dimensão semelhante, a República Checa 15% inferior e Grécia 30% superior.
"Atendendo a este ‘benchmark’ continua a existir espaço para a redução das redes existentes. Adicionalmente, essa redução coincidirá com o reforço da digitalização da relação bancária que capturará definitivamente as novas gerações de clientes", afirmou Miguel Morais. Alertou para a necessidade de garantir a inclusão bancária, e o investimento por parte das entidades bancárias na educação digital das gerações anteriores, dando o exemplo do programa apoiado pela CGD, Eusoudigital e os balcões móveis.
Nuno Sousa assinala que a transferência do negócio bancário para o mundo digital coloca um desafio que é "converter um tipo de negócio que existia nos balcões e que não existe online, que é a correlação muito direta entre os gestores de conta e os clientes. Essa relação muito próxima que era criada ajudava a potenciar a aquisição de alguns produtos - PPR, investimentos, entre outros -, o que agora é mais difícil de potenciar só com informação, newsletters ou mesmo um telefonema."
Na sua opinião, talvez "uma das soluções possa passar pela criação de espaços mais dinâmicos, com outras valências, que promovam uma proximidade maior entre o cliente e a instituição, não só a nível virtual, mas também física", considerou Nuno Sousa.
A concentração de uma atividade tem como principais motivações as sinergias, nomeadamente, no domínio dos custos operacionais e do aumento da capacidade negocial. Miguel Morais refere na sua análise que, se tiver em conta "outras realidades europeias, não parece existir uma limitação a uma concentração superior do mercado bancário português".
Mostra que países com uma população claramente superior à portuguesa têm dos níveis de concentração bancária mais baixos da UE, medidos pela percentagem dos ativos bancários detidos pelos cinco maiores bancos como são o caso da Alemanha (34%), França e Itália (49%), Polónia (54%), Roménia (62%) e Espanha (66%).
Depois os países com uma dimensão populacional equivalente a Portugal, como a Grécia (97%), Países Baixos (84%) e Bélgica (75%), têm níveis superiores de concentração ao de Portugal (73%) enquanto na República Checa (65%) e Hungria (50%) são inferiores. A média europeia é de 67%.
Concentração e balcões
"Estima-se que alguns dos cenários de fusão ou aquisição, por exemplo, a junção de dois dos cinco maiores bancos ou a junção de um dos bancos mais pequenos aos cinco maiores, resultariam na subida do indicador de concentração considerado em quatro ou cinco pontos percentuais, resultando ainda assim num valor inferior a 80%, e consequentemente entre a Bélgica e os Países Baixos", assinala Miguel Morais. Defende ainda que há outros setores de atividade "onde facilmente se identificam níveis de concentração superiores quando medidos pelo mesmo indicador, isto é, peso dos cinco maiores "players", como as telecomunicações e a energia.
Apesar da redução verificada nos últimos anos, a banca portuguesa mantém um número de balcões ligeiramente superior a 3.600, tendo o valor máximo sido de cerca de 6.500. No final de 2020, Países Baixos tinham menos de 1.000 balcões, a Bélgica cerca de 2.400, Grécia, República Checa e Hungria em torno dos 1.700/1.800. Verifica-se que Portugal tem um número de balcões ainda muito superior em relação a estes países que têm áreas muito inferiores a Portugal, menos de metade, como os Países Baixos e a Bélgica enquanto a Hungria tem dimensão semelhante, a República Checa 15% inferior e Grécia 30% superior.
"Atendendo a este ‘benchmark’ continua a existir espaço para a redução das redes existentes. Adicionalmente, essa redução coincidirá com o reforço da digitalização da relação bancária que capturará definitivamente as novas gerações de clientes", afirmou Miguel Morais. Alertou para a necessidade de garantir a inclusão bancária, e o investimento por parte das entidades bancárias na educação digital das gerações anteriores, dando o exemplo do programa apoiado pela CGD, Eusoudigital e os balcões móveis.
Nuno Sousa assinala que a transferência do negócio bancário para o mundo digital coloca um desafio que é "converter um tipo de negócio que existia nos balcões e que não existe online, que é a correlação muito direta entre os gestores de conta e os clientes. Essa relação muito próxima que era criada ajudava a potenciar a aquisição de alguns produtos - PPR, investimentos, entre outros -, o que agora é mais difícil de potenciar só com informação, newsletters ou mesmo um telefonema."
Na sua opinião, talvez "uma das soluções possa passar pela criação de espaços mais dinâmicos, com outras valências, que promovam uma proximidade maior entre o cliente e a instituição, não só a nível virtual, mas também física", considerou Nuno Sousa.