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"A rápida evolução das expectativas dos consumidores, o avanço da tecnologia e a regulamentação, alteraram, de facto, o paradigma do mercado dos pagamentos. As transações tradicionais de pagamentos não cumprem as necessidades do consumidor atual, que procura um sistema mais simples, rápido e imediato, fruto da digitalização social que se tem estendido a várias faixas etárias", diz João Luís Fonseca, líder de Consultoria em Banca da Deloitte.
Como salienta Paulo Vila Luz, "neste novo paradigma todas as empresas podem estar preparadas desde que na definição da sua estratégia e posicionamento assumam os princípios próprios desta era digital, como por exemplo: capacidade de inovação, dinâmica, escala e capacidade de investimento".
Nesta disputa pelo mercado pelas big techs e fintechs, os bancos incumbentes têm procurado adaptar-se às expectativas dos seus clientes e desenvolver novos produtos e serviços de pagamento. No entanto Paulo Vila Luz refere que a banca tradicional "tem uma significativa falta de agilidade, normalmente associado à falta de visão da gestão de topo, há incapacidade de transformação pelo peso dos sistemas legacy ou pela incapacidade de lidar com as exigências regulamentares".
Conclui que "os bancos irão continuar a sofrer grandes transformações de negócio, sendo previsível que alguns se passem a focar em vendas e outros na prestação de serviços financeiros".
81%
dos participantes num seminário organizado pela Autoridade Bancária Europeia indicam as fintechs como parceiros na transformação digital dos bancos.
60%
das instituições olha para as big techs como parceiros, segundo um inquérito da Autoridade Bancária Europeia.
42%
apontam também as big techs como concorrentes diretos.
Na análise de Paulo Vila Luz as big techs, que têm centenas de milhões de clientes que têm à escala global, "a entrada na área de pagamentos é uma evolução natural, tendo a maioria condições regulamentares para lançamento de ofertas não só na área de pagamentos mas também na atividade bancária com licenças já atribuídas". O ritmo de entrada "no negócio de pagamentos tenderá a ser efetuado a uma velocidade que permita não conflituar com os seus negócios core".
Esta entrada já se deu na "aceitação de pagamentos", como são os casos dos Americanos Apple Pay, Amazon Pay, Google Pay e Paypal ou dos Chineses da Alipay ou Wechat Pay, tendo estes pagamentos subjacente uma "Wallet Digital" associada a contas bancárias ou cartões de outras entidades. No caso da "emissão de pagamentos", a entrada tem sido mais lenta, sendo de destacar o lançamento pela Apple dum cartão de crédito em parceria com a Goldman Sachs "que irá revolucionar este negócio, pela capacidade da Apple em transformar a relação com Clientes".
Há muitas fintechs que são aliadas de bancos, porque, como diz Sebastião Lancastre, CEO e fundador da Easypay, "perante este novo paradigma, os incumbentes têm três opções: transformação total (que me parece difícil); parcerias com big techs e fintechs; ou até compra de algumas fintechs, como vimos ainda há pouco tempo o Santander fazer, com a compra da Ebury, uma fintech que atua num mercado nicho de câmbio para empresas". Esta aliança permitem o aumento da capacidade competitiva e de eficiência operacional dos bancos tradicionais.
Mas existem fintech que "têm simultaneamente um enfoque exclusivo nos pagamentos e uma dinâmica de crescimento excecional, têm vindo a conquistar negócio nas várias áreas de pagamento, como por exemplo a holandesa Adyen (com uma avaliação de mercado de quase 20 mil milhões de euros) que atua na "Aceitação de Pagamentos" e a inglesa Revolut (que ambiciona ter um valor de mercado de 10 mil milhões) e que atua na "emissão de pagamentos", salienta Paulo Vila Luz.