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Mário Centeno: de vetado a governador passando por ministro

Em 2013 o seu nome foi vetado para diretor do departamento de estudos do Banco de Portugal. Dois anos depois era ministro das Finanças. Sete anos volvidos regressa ao Banco de Portugal como governador.

Negócios 26 de Outubro de 2020 às 16:30
Agora na pele de governador, Mário Centeno avisa que é preciso adaptar as medidas à recuperação em curso.
A ligação de Mário Centeno ao Banco de Portugal remonta a 1993. Duarte Roriz;
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"Apesar de o setor bancário se apresentar muito melhor preparado para enfrentar choques adversos, é irrefutável que a brutal recessão provocada pela covid-19 terá efeitos profundos afetando inevitavelmente a banca. Sendo o incumprimento do crédito um indicador retardado das recessões, é quase certo que o volume de imparidades se venha a tornar mais significativo no próximo ano, em especial findo o período de vigência das moratórias", afirmou recentemente Mário Centeno, 54 anos, governador do Banco de Portugal na sua intervenção no Eurofi Financial Forum 2020, a 11 de setembro de 2020.

Nesse mesmo evento salientou que "o sistema financeiro terá um papel determinante. A flexibilidade proporcionada pelos supervisores deve continuar a ser utilizada para a concessão de crédito à economia, permitindo uma transmissão adequada das decisões monetárias. Não pode se transformar numa crise financeira. As economias estão a sair da crise atual com um nível de dívida mais alto. A sua sustentabilidade depende das decisões tomadas nesta fase. Um uso inteligente dos fundos permitirá que nossas economias superem o problema da dívida. Por fim, gostaria de enfatizar o caráter temporário das medidas monetárias e fiscais como resposta às crises temporárias. No entanto, a sua retirada prematura pode ser negativa para a recuperação de nossas economias. Precisamos de os manter pelo tempo que forem necessários".

A casa profissional

Mário Centeno chegou ao governo um ano depois da saída da troika e regressa, com uma crise sanitária e económica mundial, ao Banco de Portugal, que é a sua casa profissional. Como referiu no seu discurso na posse como governador do Banco de Portugal a 2 de julho de 2020, "a minha relação com o Banco de Portugal vem desde o já longínquo ano de 1993. Pela mão de quem é uma referência para todos os que estudam Economia e Finanças, o Professor António Sampaio e Melo. Com o seu incentivo doutorei-me pela Universidade de Harvard, assumindo desde logo o compromisso de voltar. E voltei ao Banco de Portugal em 2000".

Em 2013, quando era diretor-adjunto do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal, a sua ascensão a nº1 foi vetada por Carlos Costa, então governador do Banco de Portugal. Mário Centeno passou a consultor do Banco de Portugal e a professor no ISEG. Aproximar-se-ia do Partido Socialista quando António Costa se tornou líder do partido em 2014. Foi o coordenador de um grupo de trabalho de 12 economistas cujo programa económico foi a base o futuro governo do Partido Socialista, que Mário Centeno viria a integrar como ministro das Finanças em novembro de 2015 até junho de 2020.

"Não acredito em estratégias de dividir para reinar. Nunca dou uma pergunta por respondida enquanto não ouvir o "outro lado". Sempre geri as instituições por onde passei de portas abertas, porque foi isso que aprendi em Harvard, onde tantos sabem o que é governar um país ou um banco central", disse Mário Centeno na sua posse, em que nem por única vez pronunciou o nome do seu antecessor.

cv Em 1990 licenciou-se em Economia pelo ISEG onde fez o mestrado em Matemática Aplicada em 1993. Dois anos depois foi para Harvard onde fez o mestrado e o doutoramento. Regressou o Banco de Portugal onde foi entre 2004 e 2013 diretor-adjunto do Departamento de Estudos Económicos, Banco de Portugal e membro do Comité de Política Económica da Comissão Europeia. Nesse período foi ainda presidente do grupo de trabalho para o Desenvolvimento das Estatísticas Macroeconómicas, no Instituto Nacional de Estatística (INE) (2007-13) e membro da Comissão do Livro Branco das Relações Laborais (2006-2007).

Em 2015 foi eleito deputado pelo Partido Socialista e ministro das Finanças a 26 de novembro de 2015, tendo sido confirmado no cargo em outubro de 2019 mantendo-se até 15 de junho de 2020. Foi eleito presidente do Eurogrupo em 4 de dezembro de 2017 pelos ministros das Finanças da área do euro até 12 de julho de 2020quando terminou o mandato. 
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