O Taguspark foi pensado numa época em que Portugal vivia a visão do contexto de integração europeia, de modernização e de desenvolvimento económico.
A partir de Oeiras, o então presidente da câmara, Isaltino Morais, e o então ministro do Planeamento e da Administração do Território, Valente de Oliveira, concordaram em desenvolver um projeto inspirado em realidades já maduras na Europa e noutras regiões mais desenvolvidas do mundo ao nível dos parques de ciência e tecnologia.
Hoje, o município é aquele que possui maior índice de habilitações literárias e a maior concentração de empresas tecnológicas. O Taguspark foi uma peça central desse planeamento que resultou num território de desenvolvimento único em Portugal.
Eduardo Baptista Correia, CEO do Taguspark, fala nesta entrevista dos novos planos de expansão e melhoria desta importante infraestrutura para o tecido empresarial e para a economia nacional.
Como mudou o posicionamento do Taguspark perante as empresas e a cidade nos tempos mais recentes?
O Taguspark é um local de arquitetura inovadora, com edificado de baixa estatura. Junta as peças essenciais para o desenvolvimento científico e tecnológico gerador de inovação e riqueza para o País e para o mundo: empresas, centros de investigação, uma universidade e uma incubadora de startups de referência.
O Taguspark cumpre a visão dos seus fundadores, hoje reforçada com a preocupação de fornecerbem-estar, felicidade e qualidade de vida em local de trabalho para o quotidiano dos que aqui trabalham e que frequentam o parque.
Temos estado muito focados na qualidade do espaço público e na arquitetura interna nos edifícios, em procurar fontes energéticas mais limpas. Temos vindo a desenvolver o conceito de museu de arte urbana no parque. Simultaneamente, estamos muito preocupados com os temas de dignidade laboral e por isso lançámos um programa de salário mínimo no parque substancialmente mais elevado do que o salário mínimo nacional, nomeadamente para os colaboradores que nos prestam serviços por via de empresas terceiras.
Quais as características diferenciadoras do Taguspark?
Essencialmente, a facilidade de interação entre a universidade, os centros de investigação e as empresas. É a qualidade deste interface que permite ao Taguspark, às organizações, aos empresários e às startups desenvolver soluções comercializáveis, com capacidade de exportação e internacionalização. Simultaneamente, o espírito comunitário do parque também o diferencia, sendo a proximidade entre as diferentes empresas aqui instaladas cada vez maior. Por outro lado, uma localização invejável entre Cascais e Lisboa.
O Taguspark está muito próximo da cidade, do aeroporto internacional e até mesmo do aeródromo de Tires. Mas conta com um índice bastante elevado e privilegiado de zonas e espaços verdes, vistas magníficas para o mar e para o Tejo, e uma qualidade do ar substancialmente mais equilibrada do que os centros urbanos que nos circundam.
É um parque de ciência e tecnologia em pleno processo de transformação para uma cidade de inovação e conhecimento. Tudo isto é conjugado com a própria filosofia do Oeiras Valley e o desenvolvimento socioeconómico e político que o município atravessa. O que nos distingue é a qualidade da vivência que vai desde o aspeto físico ao networking científico e tecnológico, que permite o desenvolvimento de negócios com capacidade de internacionalização.
Quais foram os resultados do Taguspark em 2019 e quais as estimativas para 2020?
Tivemos um volume de negócios de 8,6 milhões, o que corresponde a um aumento de 11%, relativamente a 2018, e de 22% relativamente a 2017. O EBITDA foi 3,8M, o que corresponde a um crescimento de 26% e 35% respectivamente a 2018 e 2017.
O resultado líquido foi cerca de 1,5M, o que corresponde a um crescimento de 19% e de 80% quando comparado com 2018 e 2017 respectivamente. Perspetivando 2020, estamos a trabalhar arduamente para, mesmo debaixo das condições adversas que todos atravessamos, não baixar os resultados relativamente a 2019.
Está prevista a ampliação do Taguspark?
Que novidades vão ter proximamente? Há dois tipos de ampliação. A da primeira fase, na zona que é hoje visível e que continua a crescer. Estamos neste momento em processo de construção de dois novos edifícios, cada um com 4.000 m2.
Está ainda prevista para a Praça Central a construção de um hotel. Num futuro de médio prazo, teremos a segunda fase do parque, em que estão previstos cerca de 200 mil m2 de construção. O Taguspark tem ainda à sua frente uma rota de crescimento e ampliação do edificado e do território.
Onde e como gostaria de ver o Taguspark dentro de cinco anos?
Gostaria de ver o Taguspark totalmente regenerado, com o novo edificado planeado construído e em pleno funcionamento. Com um Instituto Superior Técnico pujante e com mais residências de estudantes. Com o Museu de Arte Urbana definitivamente alicerçado e a contribuir para o desejado sucesso da candidatura do município de Oeiras a Cidade Europeia da Cultura em 2027.
Gostaria ainda de ver uma maior eletrificação do parque automóvel, a ciclovia a funcionar e a garantia de que em cinco anos o Taguspark possa ser reconhecido a nível europeu como o Parque Mais Cívico da Europa. Esse é um objetivo que fará do Taguspark definitivamente uma referência internacional.
• Nascido em Lisboa, mas as suas raízes estão no Satão e em Penalva do Castelo
• Tem 56 anos, é pai de três filhos
• CEO do Taguspark desde o início de 2018
• Professor na Escola de Gestão do ISCTE
• Vasta experiência nacional e internacional na área de gestão
• Doutorado em Finanças na Universidade de Strathclyde e MBA na Universidade de Glasgow, ambas no Reino Unido
• Licenciado em Gestão no ISCTE, onde foi o 1.º aluno Erasmus