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Start-ups 2018
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Ecossistemas português de start-ups tem evoluído muito

Sector tem empreendedores, mentores, investidores, tecnologia, incubadoras e aceleradoras. Há, porém, falhas a corrigir.

19 de Dezembro de 2018 às 18:10
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O empreendedorismo e a criação de start-ups têm cada vez mais importância na economia nacional. A realidade portuguesa tem vindo a alterar-se, existindo grande dinamismo e um número crescente de empresas tecnológicas. Há start-ups nacionais que são autênticos casos de sucesso e que se tornaram unicórnios. Curiosamente, a crise não é alheia a esta realidade, pois a necessidade aguça o engenho. De uma fase muito negativa, conseguiu fazer-se algo positivo.

 

Apesar de os empreendedores e as start-ups estarem a dar cartas, há muito a melhorar. Adelino Costa Matos, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), diz que o ecossistema português apresenta massa crítica – empreendedores, inventores, mentores e investidores –, start-ups, tecnologia, institutos de I&D, centros de incubação e programas de aceleração "ao nível do melhor que há na Europa". "Contudo, necessita de atingir volumes de investimento mais elevados."

 

Adelino Costa Matos conta que o ecossistema está ainda focado no apoio a ideias de negócio e a projectos nas fases iniciais, faltando soluções financeiras para acelerar, fazer crescer e consolidar as empresas. E acrescenta que não há muitos investidores portugueses com capacidade para acompanhar segundas e terceiras rondas de investimento, limitando as possibilidades de alavancagem de projectos escaláveis. "Empresas como a Farfetch, a Feedzai, a Talkdesk ou a Veniam têm sido alavancadas em rondas de financiamento internacionais", informa.

 

Não obstante, a Web Summit está a permitir ao país afirmar-se como "um hub europeu de empreendedorismo e inovação, capaz de apoiar a criação, o desenvolvimento e a internacionalização de start-ups com elevado potencial". Portugal é hoje uma plataforma à escala europeia onde "circulam e se cruzam talento, conhecimento, mentores e financiamento".

 

Players internacionais

 

No balanço que faz do ecossistema das start-ups em Portugal, Marco Fernandes, CEO da PME Investimentos, refere que este "evoluiu muito nos últimos anos a todos os níveis, sendo sintomático começarem a aparecer players internacionais como a Second Home de Londres, a Factory Berlin e cada vez mais empreendedores, empresas e investidores a olharem para Portugal como alvo".

 

À semelhança do que disse o presidente da ANJE, também Marco Fernandes aponta a importância da Web Summit. Recorda igualmente a Farfetch e os unicórnios Outsystems e Talkdesk que também dão imagem de inovação. Neste momento, está-se na fase do desafio de trazer para Portugal "os melhores investidores de capital de risco e empreendedores e empresas". "O fundo 200M tem aqui a sua nobre missão de ajudar nesse processo" que vai ser a médio-longo prazo. "Isto também em conjunto com todos os operadores privados e públicos que já têm empresas investidas ou a investir e que podem ver o fundo 200M também como uma alavanca para atraírem parceiros estrangeiros."

 

A realidade em números

 

Raquel da Silva e Costa, CEO do Grupo Your, apresenta números para falar do ecossistema das start-ups no país. Em 2017, iniciaram actividade em Portugal "cerca de 40 mil empresas", número que aumentou em comparação com 2016, repetindo a tendência dos últimos anos. Em 2017, as start-ups representavam em Portugal "7,1% do tecido empresarial", valor também superior em relação a 2016. Outro indicador do crescimento das start-ups, aponta, é "o peso da facturação no total nacional", observando-se um ligeiro aumento "equivalente a 200 mil euros entre 2016 e 2017".

 

No nosso país, os três grandes sectores de actividade são "os serviços, o retalho e as indústrias transformadoras." Nas start-ups, em 2017, os três principais sectores de actividade são "os serviços, o retalho e o alojamento e restauração, consequência do crescimento do turismo em Portugal". 

 

Portugal possui um ecossistema positivo, todavia, ainda é necessário baixar a taxa de insucesso das empresas nos primeiros cinco anos de existência, que "está perto dos 40%". "Acreditamos que muitos casos se devam à falta de análise e planeamento, não só das empresas, mas também do mercado onde actuam."

 

Com as start-ups na ordem do dia, Raquel da Silva e Costa explica as características que um empreendedor tem de ter, o qual, acima de tudo, não deve desistir, acreditar no seu projecto e saber pedir ajuda. "Um empreendedor que acredita na sua ideia deve ser resiliente. Se há coisas que correm menos bem, e isso é normal, é importante ser persistente." E continua: "Deve corrigir o erro o quanto antes e seguir em frente e para isso, às vezes é preciso pedir ajuda a especialistas nessas áreas e isso não pode ser considerado uma falha. Tem de perder a timidez e trabalhar a sua rede de contactos, estar presente em eventos de networking, ir a conferências sobre a área do negócio, conhecer o meio, e muito mais."

 

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