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Sector segurador é sólido

Seguradoras resistiram à crise, mas desafios não faltam. Apostar na tecnologia e na inovação é crucial para responder às mudanças do mercado.

04 de Outubro de 2017 às 18:02
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O sector segurador em Portugal está bem. O panorama actual do mercado dos seguros empresariais revela que as organizações começam cada vez mais a ganhar consciência de que, se recorrerem a soluções para proteger os seus activos, asseguram de forma mais eficaz a sustentabilidade dos seus negócios.

 

Por isso, o balanço do mercado dos seguros empresariais "é positivo, embora ainda exista em alguns segmentos, nomeadamente em empresas de menor dimensão, uma baixa cultura de gestão de risco", explica Ricardo Pinto dos Santos, CEO da MDS Portugal, grupo multinacional de origem portuguesa que actua na área da corretagem de seguro e resseguro e de consultoria de risco.

 

Ricardo Pinto dos Santos recorda, posteriormente, que o desenvolvimento de uma cultura de gestão de risco implica "alterações estruturais ao nível da gestão das empresas, o que leva sempre algum tempo".

 

Aquando da crise financeira internacional, que começou em 2008, a economia nacional ressentiu-se e estagnou, aliás como aconteceu por todo o lado, embora com mais destaque, naturalmente, para as economias mais desenvolvidas. Numa análise SWOT feita à área seguradora, Ricardo Pinto dos Santos afirma que, apesar da crise financeira que afectou a economia e o sector financeiro, "as seguradoras resistiram e deram importantes sinais de solidez".

 

Apesar desta resposta positiva à adversidade, "de forma geral, o sector segurador continua a enfrentar um forte desafio ao nível do desempenho financeiro".

 

"É fundamental que exista uma recuperação das margens ou resultados para que as seguradoras possam assegurar as suas responsabilidades e possam investir no seu desenvolvimento", explica Ricardo Pinto dos Santos, não deixando de salientar que o sector dos seguros "é um dos mais avançados do mundo, acompanhando de perto os desenvolvimentos e as tendências a nível mundial em termos de ciência, tecnologia, regulação, ambiente" e não só, de forma a poder responder aos desafios colocados pelos riscos emergentes.

 

Segundo o CEO da MDS Portugal, o sector tem também de se adaptar "aos novos perfis de consumo e às exigências dos clientes e do mercado", apostando em tecnologia e inovação. E tem de prosseguir com "a transformação digital dos negócios, por forma a conhecer melhor o cliente e a reforçar as ferramentas de gestão".

 

Fazendo um balanço do momento actual do universo segurador português, José Almaça, presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), afirmou que, mesmo com a crise financeira, o sector segurador nacional "tem demonstrado ser um pilar de estabilidade, mantendo, sem rupturas, um fluxo de serviços vitais para a economia e para a sociedade, em matéria de protecção dos riscos e de gestão das poupanças dos agentes económicos".

 

Num discurso proferido em Maio, na 4.ª edição da iniciativa "Os Seguros em Portugal", José Almaça reforçou a importância do sector, que "actuou de forma anticíclica, como fonte de financiamento e de liquidez no contexto dos grupos económicos nacionais" nas fases de maior turbulência dos mercados. Este comportamento positivo, numa conjuntura adversa para o sistema financeiro nacional, ficou a dever-se, aponta, a três factores principais: pelo menor grau de risco sistémico estrutural do modelo de negócio segurador; pela gestão prudente implementada pelas administrações das empresas de seguros a operar em Portugal; e pela supervisão eficaz e de grande proximidade que tem vindo a ser realizada pela ASF.

 

Os desafios

Em 2016, o sector mostrou-se resiliente, mas apesar dos resultados positivos há desafios importantes pela frente, como "o elevado endividamento público e privado; a dependência dos custos de financiamento da política monetária do BCE; e a baixa poupança interna". E não se devem esquecer as incertezas na conclusão do processo de estabilização e na sustentabilidade do sector bancário nacional", recorda José Almaça.

 

Entre vários exemplos, o responsável máximo da ASF sublinhou ainda que é fundamental para os operadores inovarem de modo a identificarem as necessidades dos consumidores e relembrou a importância da entrada em vigor do regime Solvência II.

 

Já Ricardo Pinto dos Santos segue a mesma linha de raciocínio referindo que as seguradoras enfrentam o desafio de "implementação do Solvência II, que pressupõe a necessidade de recuperação de rentabilidade, nomeadamente em ramos deficitários como os acidentes de trabalho". As seguradoras precisam igualmente de se adequar "aos novos hábitos de consumo", com introdução de tecnologia que potencie o serviço ao cliente, mas também o melhor conhecimento do cliente. O sector deve ainda "acompanhar as novas tendências, nomeadamente no que diz respeito a novos riscos, estando preparadas para servir particulares e empresas".

 

Por sua vez, na 10.ª edição do World Insurance Report, da autoria da Capgemini em parceria com a Efma, os conselhos não diferem dos supracitados, podendo ler-se que as seguradoras devem "adaptar-se às novas tecnologias e serem dinâmicas, colaborativas e ágeis, para que tenham condições de suportar essas rápidas mudanças do mercado".

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