O grande desafio do futuro das empresas ligadas ao sector segurador passa pela digitalização e pela adaptação à utilização de novas tecnologias. Caso contrário, as organizações perdem competitividade, ficam em desvantagem no mercado e, consequentemente, deixam de conseguir responder aos clientes, também eles mais informados e, hoje, com necessidades diferentes.
As conclusões do "World Insurance Report 2017", levado a cabo pela Capgemini em parceria com a Efma, demonstram isso mesmo, alertando que a indústria dos seguros se encontra em mudança, pois a "tecnologia" está a transformar o negócio.
Segundo este relatório, a tecnologia alterou o sector, desde a dinâmica do mercado externo até à receita interna e os modelos operacionais. A indústria foi "inundada por novas tecnologias e inovações", tornando-se vital para as seguradoras desenvolver uma "estratégia equilibrada", capaz de garantir o retorno dos seus investimentos em inovação sem perder o foco.
O relatório aponta a importância de as seguradoras adoptarem uma abordagem "mais agressiva" para proporcionarem aos clientes o que eles desejam, passando, para tal, a trabalhar em colaboração com as InsurTechs. E acrescenta que o digital está a tornar-se parte integrante da experiência de seguros do cliente, especialmente nos "millennials" e nos usuários intensivos de tecnologia avançada.
A "cloud", a digitalização e não só oferecem novas competências que as seguradoras têm de aproveitar. É que a confiança dos consumidores em tecnologias digitais que suportam apps, redes sociais e outros serviços deixa claro que o mercado entrou numa nova era.
Em Portugal
Outro estudo recente, efectuado em colaboração entre a IDC e a Infosistema, mostra a realidade nacional, revelando que a maturidade do sector segurador no que diz respeito à transformação digital "é superior à das restantes empresas".
O estudo "Transformação Digital nas Empresas Seguradoras em Portugal" – o qual alerta que a transformação digital dos departamentos de TI das seguradoras e dos seus modelos de negócio se tornaram imperativos – conclui que a maioria das organizações do sector reconhece que a mudança é "inevitável".
Os serviços de "cloud" e as redes sociais são objectivos "de investimento a médio prazo". O estudo revela ainda que a alavancagem do sucesso da transformação digital das organizações está na liderança, pois a IDC acredita que grande parte das seguradoras vai falhar no desenvolvimento desta dimensão.
Seguradoras têm de adoptar uma abordagem mais agressiva para proporcionarem aos clientes o que eles desejam.
Em relação à mobilidade e às tecnologias de "big data" e analítica de negócio, estas são consideradas, pela maioria dos inquiridos, "soluções decisivas na transformação digital do sector segurador nos próximos cinco anos". É também neste espaço temporal que mais de 26% dos gestores admitem que vão canalizar investimento para a Internet das Coisas.
O presente
Sobre o enquadramento da transformação digital das organizações em Portugal, após uma fase inicial em que as organizações nacionais levaram a cabo projectos-piloto ou de provas de conceito relacionadas com as tecnologias da 3.ª Plataforma, no presente, nota o estudo, a maioria das empresas começa a equacionar a implementação destas tecnologias para a transformação digital dos seus processos e actividades de negócio.
Riscos e oportunidades
José Almaça, presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), disse recentemente, na sessão de encerramento da 4.ª edição da iniciativa "Os Seguros em Portugal", que é "incontornável destacar a digitalização e a utilização de novas tecnologias" no que diz respeito aos desafios futuros para o sector. Na sua intervenção, no final da iniciativa organizada pelo Jornal de Negócios, mencionou os "riscos adicionais" da tecnologia, mas também as "oportunidades para aumentar valor e competitividade".
Neste âmbito, José Almaça destacou "o fenómeno InsurTech, consubstanciado na incorporação das inovações tecnológicas no modelo de negócio segurador, com os objectivos de optimização de processos, de redução de custos, de diferenciação da oferta e do serviço prestado, e, consequentemente, de aumento da capacidade competitiva".
A tendência, acrescentou o presidente da ASF na parte da sua intervenção dedicada aos desafios futuros para o sector, vai no sentido da "maior customização dos produtos para os clientes", possibilitando a disponibilização de produtos mais "alinhados com as necessidades individuais de cada consumidor", podendo até incluir a prestação de "serviços complementares".
A importância do "big data", das plataformas digitais e soluções tecnológicas desenhadas nas áreas da detecção de fraudes, cibersegurança, entre outras, ou o novo regulamento geral sobre a protecção de dados também foram recordados.