As PME têm ganho recursos para se modernizarem e estão a responder com projetos nas mais diversas áreas, admite Céu Mendonça, Diretora de Canal e Midmarket da empresa em Portugal.
O segmento de PME (ou midmarket) tem hoje um peso forte no negócio da SAP em Portugal, que tipos de empresas estão dentro deste universo e de que dimensões?
Céu Mendonça - O midmarket representa hoje 80% dos nossos clientes em Portugal. Neste universo temos empresas dos mais variados setores de atividade, desde os serviços, manufacturing, construção, distribuição, agroindústrias, life sciences, entre outros. As dimensões destas empresas, no que se refere ao volume de negócios ou ao número de colaboradores, são as mais diversas.
A SAP nos últimos anos alargou muito o âmbito da oferta que tem no mercado, para além do tradicional software de gestão. Essa diversidade também está à disposição das PME em Portugal?
Sim. As soluções de Gestão de Talento, Suporte ao Cliente, Gestão de Despesas e Viagens, Reporting ou Digital Supply Chain e outras, que a SAP tem vindo a desenvolver para complementar essa oferta de base estão disponíveis para todo o mercado e são amplamente usadas também por PME. Também neste leque de soluções temos hoje uma grande representatividade de empresas dos mais diversos sectores.
Os projetos de coinovação têm sido um dos caminhos explorados pela SAP para ajudar as empresas a avançarem nos seus processos de transformação digital. Que tipo de recursos estão disponíveis nestes projetos/como funcionam e que papel tem aí o vosso customer experience?
O ponto de partida para estes projetos é sempre a necessidade e os desafios de negócio que os clientes nos apresentam, com o objetivo de desenhar uma solução que responda a essas necessidades, adicionando valor, através da implementação ou digitalização de um processo. São projetos que envolvem consultores, especialistas de soluções e de centros de excelência (em áreas como Digital Supply Chain, por exemplo) que, em cooperação com os clientes, analisam essas necessidades e desenham uma solução baseada em tecnologia SAP. O SAP Experience Center Portugal do nosso escritório em Oeiras, tem aqui um papel importante porque permite demonstrar, de uma forma prática, casos de uso e soluções, recorrendo a modelos que ilustram de uma forma simples esses casos de utilização.
A cloud veio democratizar o acesso a tecnologias que antes não estavam acessíveis a empresas de menor dimensão. Em que áreas identificam que isso tem sido mais crítico para as PME em Portugal, em termos de impacto nos seus negócios?
Os modelos de software as-aservice permitem que as soluções incorporem um conjunto de boas práticas, que são facilmente e num espaço de tempo mais curto, implementadas de uma forma standard nas empresas. Por se tratar de soluções standard garantem uma maior proteção ao investimento e uma evolução constante no tempo, já que são atualizadas mais recorrentemente. E, mesmo tratando-se de soluções mais standard, a SAP desenvolveu uma plataforma (BTP – Business Technology Platform) que permite fazer algumas customizações específicas, para responder à necessidade de um determinado negócio ou empresa, sem pôr em causa a manutenção aplicacional.
Projetos alinhados com a organização
Gonçalo Salazar Leite, professor na Católica Lisbon Business & Economics, defendeu no evento promovido pela SAP que o design e o desenvolvimento devem ser dois elementos básicos indispensáveis nos primeiros passos de uma estratégia de inovação nas empresas.
O responsável deixou mais duas ideias cruciais para uma estratégia de inovação: perceber o seu valor e estar alinhada com o negócio. Sobre esta última, sublinhou que embora inovar para transformar "signifique libertar algumas partes da organização para um processo menos controlado, não significa um processo menos informado", ou sem regras. Defende assim que "tem de haver uma abordagem sistemática e sistematizada à inovação [nas empresas]. Não tem de haver um megaprojeto de gestão da inovação, mas tem de haver um planeamento." Os projetos devem estar alinhados com a estratégia e as metas da organização e contar com o compromisso da gestão, sublinhou, recordando o estudo da IDC no qual se conclui que "70% dos processos de transformação digital não atingem os objetivos por falta de processo, mas também por falta de ligação aos resultados finais".
Gonçalo Salazar Leite apontou outro estudo, os dados de outubro do Barómetro do Fórum dos Administradores e Gestores de Empresas, que identifica as maiores preocupações dos gestores em Portugal, para referir o impacto que daí antecipa no futuro das organizações. Segundo estes dados, a principal preocupação dos gestores portugueses, hoje, é a taxa de inflação. Seguem-se a taxa de juro e a contratação e retenção de talento. A digitalização e a disrupção tecnológica estão no extremo oposto e no último ano mantiveram uma relevância próxima dos 0%. "Isto significa que estamos a preocuparmo-nos, não em como viver enquanto empresas, mas em como sobreviver. Estamos a preocuparmo-nos com os problemas, e bem, mas não com a forma de os resolver de uma forma sustentada, que é através da inovação e da digitalização", destaca o responsável, que já desempenhou cargos de gestão em várias multinacionais e integrou a direção da COTEC.