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Crescer e ganhar escala: as metas de qualquer empresa que também são um desafio

A Bluepharma, a Inapa e a Rovensa partilharam no SAP Discovery Day os desafios de crescimento que levaram as suas empresas a definir a atual estratégia de investimento na área tecnológica. Veja porquê, como e com que desafios chegaram estes projetos ao terreno.

13 de Dezembro de 2022 às 09:55
Hélder Almeida, SAP IT Associate Diretor da Rovensa, João Alvarinho, CIO da Inapa, e Paulo Barradas, CEO da Bluepharma
Hélder Almeida, SAP IT Associate Diretor da Rovensa, João Alvarinho, CIO da Inapa, e Paulo Barradas, CEO da Bluepharma
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O suporte tecnológico tornou-se um alicerce indispensável no apoio ao crescimento e expansão das empresas e um garante da fiabilidade dos mais diversos processos de negócio. Também pode ser um passaporte para chegar a novos mercados e a novos clientes e um facilitador na integração de realidades muito diversas, para as empresas que apostam no crescimento por aquisição.

Os diferentes cenários são o pano de fundo das estratégias tecnológicas da Bluepharma, da Inapa e da Rovensa, que no SAP Discovery Day contaram como têm as suas empresas conduzido investimentos tecnológicos nos últimos anos, que desafios encontraram nesse caminho e como estão a usar a inovação para continuar a preparar o futuro.

Num debate promovido pela Inetum, parceiro principal do evento e parceiro envolvido em projetos nas três empresas, Paulo Barradas, CEO da Bluepharma, recordou o início das operações da farmacêutica portuguesa em 2001, por aquisição de uma unidade da Bayer em Coimbra. "O nosso objetivo logo nessa altura era ter um sistema que respondesse à empresa como um todo. Queríamos investir na unidade preservando os valores que a Bayer nos tinha deixado, com objetivos prudentes, mas pensados para nos darem sustentabilidade no futuro e suporte para crescer."

Uma destas decisões foi manter a tecnologia SAP, que a farmacêutica alemã também utilizava. Uma decisão "arrojada" para uma empresa que à data tinha 58 colaboradores e uma faturação de 3 milhões de euros, recordou Paulo Barradas, numa altura em que o SAP era associado a grandes organizações. O processo de implementação teve as suas dificuldades, reconheceu, mas ajudou a empresa de Coimbra a alinhar-se com as oportunidades de negócio que queria explorar. "Na altura, a nossa necessidade era entrar nas cadeias internacionais de fornecimento e o SAP era uma via para isso, que nos permitia falar a mesma língua dos nossos interlocutores o que nos facilitaria a internalização", conta Paulo Barradas.

O objetivo cumpriu-se, a Bluepharma entrou nas ditas cadeias de valor internacionais. Expandiu o negócio da produção para o desenvolvimento de medicamentos genéricos, hoje comercializados para mais de 100 clientes em 40 países, e tornou-se num grupo com 20 empresas.

A aposta tecnológica feita antes, e entretanto modernizada para versões mais recentes da solução SAP, acabou por "se revelar a escolha certa para nos ajudar a crescer" e para acomodar "um conjunto de valores que sempre foram determinantes para nós", defendeu o responsável. Exemplos: acomodou a gestão das muitas parcerias que o grupo foi fazendo, ou a aposta na qualidade, materializada na certificação em diferentes normas internacionais. Como frisou Paulo Barradas em vários momentos da apresentação, a visão da Bluepharma para a área tecnológica passou sempre por tentar dar passos sólidos, que permitissem o crescimento futuro, mas consistentes e que mais à frente não tivessem de ser desfeitos para corrigir a trajetória. Vinte anos depois, o gestor diz que a lógica continua a ser a mesma, agora de olhos postos na indústria 4.0.

Crescer por aquisições e os desafios da integração
Em setores diferentes, as histórias da Inapa e da Rovensa (ex-SAPEC) aproximam-se no gatilho que desencadeou a necessidade de avançar com uma profunda transformação tecnológica nas organizações: o crescimento por aquisição para diversos países.

No caso da Inapa, o maior distribuidor europeu de papel, falamos hoje de um grupo com mais de 20 empresas em 10 países e uma faturação de mais de mil milhões de euros, que tem ganho escala com o apoio de várias aquisições. "Até há pouco tempo nunca houve uma estratégia de integração. As várias empresas continuavam a ter autonomia para gerir as suas operações, reportando à holding", explicou João Alvarinho, CIO. Em 2019, e já com operações em 10 países, o grupo mantinha em funcionamento seis ERP diferentes, três CRM e um conjunto de outras duplicações, que "não potenciam a integração do negócio nem a normalização de processos".

A Inapa avançou então para um programa de transformação digital, que João Alvarinho considera "ambicioso" e que começou pela operação na Alemanha, maior mercado da Inapa em termos de vendas (65%). Neste momento, quase 75% das operações da empresa já correm sobre SAP. A estratégia passou por escolher as soluções core para o grupo e definir um template de processos, também para todo o grupo, fazendo depois o roll out para cada país.

Já durante a implementação, uma das grandes preocupações tem sido manter os sistemas "SAP o mais normalizados possível", contou João Alvarinho, admitindo que nem sempre é fácil convencer cada país a alterar processos que estavam a funcionar bem. Outra aposta passou por manter o maior número possível de soluções no mesmo fabricante, para evitar problemas de interface ou integração.

O CIO revelou, no entanto, que um dos grandes desafios desta uniformização do sistema de informação de suporte ao negócio da Inapa está por concretizar, quando no próximo ano avançar a última fase do programa de transformação digital, na Turquia. "Será completamente diferente daquilo que temos experienciado até agora, porque temos estado sempre a fazer implementações em países da União Europeia, onde as normas e as questões fiscais são muito idênticas. Avançar na Turquia no próximo ano vai trazer-nos um conjunto de desafios muito maior."

Preparar crescimento futuro
O ano de 2019 também marcou o arranque de um projeto de transformação digital suportado em SAP S/4HANA na Rovensa. Nos últimos anos, o ritmo de novas aquisições na empresa aumentou e com ele a dispersão geográfica da operação e os desafios para manter uma visão integrada do negócio. "Esta estratgia de presença global e de crescimento foi uma das razões que nos levaram a procurar uma ferramenta que nos permitisse ter processos normalizados e que nos facilitasse as futuras incorporações, explicou Hélder Almeida.

"Acabámos por escolher SAP precisamente pelo facto de podermos ter uma solução que nos facilitasse a localização em novos países e nos acompanhasse nas alterações e obrigações de cada mercado", acrescentou o SAP IT Associate Director na empresa.

Hoje, 90% dos processos no grupo especialista em soluções para a nutrição e proteção de culturas já funcionam sobre SAP e estão agora a ser adotadas novas soluções para facilitar a operação de suporte a todos os países. Hélder Almeida contou que, na preparação do projeto, a Rovensa dedicou seis meses ao levantamento e comparação de processos, nas várias realidades que compõem hoje a empresa, presente em mais de 35 países, na EMEA, continente Americano, Ásia e Pacífico.

Foi também criada uma equipa interna com competências para dar suporte a todos estes países e, dentro desta, uma equipa de dados mestres. Esta última é responsável por garantir a manutenção desses dados mestres e assegurar que as 35 operações ligadas ao mesmo ERP possam trabalhar com o portefólio de mais de 19 mil produtos que a empresa coloca no mercado a nível mundial.

Do passado ao futuro, as três empresas de origem portuguesa que hoje realizam a maior parte do seu negócio fora do país frisaram que a aposta na inovação tecnológica é hoje encarada nas suas organizações como estratégica para crescer. Suporta o desenvolvimento de novos produtos, a modernização de processos e orienta os esforços para identificar novas oportunidades de negócio, deixando alguns detalhes dessa visão e da forma como está a ser posta em prática.

 

Olhar para a indústria 4.0 sem perder o foco na melhoria contínua

Nos últimos anos de uma história com duas décadas, a Bluepharma juntou o desenvolvimento à produção de medicamentos e foi aumentando a capacidade de gerar valor para o negócio. Como explicou Paulo Barradas, CEO e cofundador, hoje "preparamos tecnologias que licenciamos junto do mercado internacional para irmos surpreendendo o mercado com um portefólio sempre novo".

A trabalhar nestes desenvolvimentos, a empresa tem 150 cientistas, que executam uma das grandes linhas de ação da estratégia de inovação da empresa. Como também frisou o gestor, numa indústria como a farmacêutica, a inovação não é uma opção, é um imperativo, que a empresa segue, também procurando em permanência pontos de otimização nos seus processos de inovação. Tem-no feito recorrendo a diferentes ferramentas e processos, como o design thinking ou o Innovation Scoring da COTEC, ao mesmo tempo que se vai preparando para os desafios de uma indústria 4.0. Nessas linhas, a Bluepharma tem em marcha um plano de expansão da unidade de produção já em funcionamento e de criação de uma outra, que vai permitir alargar o negócio para a área dos injetáveis complexos (produção de vacinas) e desenvolver novos medicamentos, em áreas como o cancro.

 

Inovar para reinventar o negócio

A substituição progressiva do papel pelo digital tem ajudado a criar novos negócios e desafiado outros a reinventarem-se. A Inapa tem recorrido à inovação para compensar esta transição e explorar novas oportunidades de negócio. "Temos centrado a nossa inovação mais na área dos serviços para os nossos parceiros, por exemplo na área da logística", como explicou João Alvarinho, o CIO. "Estávamos dimensionados para um grande volume de entregas e de produto, numa indústria que tem contraído em quantidade, o que nos tem deixado algum espaço, tanto a nível de armazém, como de frota, para oferecer serviços nesta área."

A empresa tem também vindo a apostar em novos serviços digitais, para facilitar as relações de negócio com os parceiros e clientes, investido na área das embalagens (que ganhou expressão como o crescimento dos serviços de entregas em casa) e da comunicação visual e das impressoras de grandes formatos, como complementares à área do papel. Os dados são outra aposta, com o intuito de potenciar o valor de toda a informação que a companhia vai recolhendo junto de consumidores e fabricantes.

 

Estudar o mercado e integrar o negócio

A Rovensa conta hoje com 18 laboratórios e 15 centros de investigação, que já permitiram criar mais de 2.900 registos de produtos, à venda em mais de 80 países e responsáveis por 20% da faturação do grupo. Centrada nas soluções sustentáveis para a agricultura, tem vindo a reforçar a aposta na inovação, para poder melhorar a resposta às necessidades de uma agricultura com menor impacto ambiental.

Como explicou Hélder Almeida, SAP IT Associate Director da empresa, uma das vertentes desse esforço tem passado por colocar equipas no terreno a recolher dados que ajudem a compreender os problemas dos agricultores e aferir como são usados os produtos comercializados, que resultados permitem obter e que novos produtos podem ser desenvolvidos. Em simultâneo, a empresa aposta na modernização e integração de processos de negócio. No ano passado, adquiriu a Cosmocel, uma empresa mexicana que vai permitir quase duplicar o volume de faturação do grupo.
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