Outros sites Medialivre
Negocios em rede
Mais informações

C•Studio é a marca que representa a área de Conteúdos Patrocinados do universo Medialivre.
Aqui as marcas podem contar as suas histórias e experiências.

Notícia

“Captámos investimento estrangeiro sem precedentes”

Política colocada em prática pela autarquia de Santa Maria da Feira tem dado excelentes resultados na promoção de investimento, nacional e internacional, e na criação de emprego.

29 de Março de 2021 às 12:15
Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira
Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira
  • ...

O foco na internacionalização e na diplomacia económica por parte do executivo feirense foi uma aposta ganha. Hoje, o concelho é empreendedor, exportador e dinâmico. Há emprego. Há indústria e parques empresariais. Há inovação. Há projetos para o futuro. Existe ainda uma preocupação constante com a saúde ou com a educação local. Mas o melhor é ler esta entrevista de Emídio Sousa, presidente da autarquia, para ficar a conhecer melhor Santa Maria da Feira.

 

A diplomacia económica foi uma das principais bandeiras dos seus mandatos. Como define os resultados obtidos?

Se compararmos a grave crise económica e os números históricos do desemprego registados em 2013 com a atual situação, creio que os resultados da nossa estratégia de atuação não deixam margem para dúvidas. Desde a primeira hora que elegemos o desenvolvimento económico e a criação de emprego como a grande prioridade e, em boa hora, ousámos inovar, apostando na internacionalização e na diplomacia económica. Muitos apelidaram-nos de sonhadores, outros de visionários, mas diria apenas que fomos ousados e determinados.

Desafiámos os nossos empresários para a inovação e a internacionalização e aventurámo-nos por vários países em missões empresariais, promovendo o nosso território e as nossas empresas. Muitos dos que foram connosco estão hoje a trabalhar maioritariamente para o mercado externo.


Em poucos anos, conseguimos uma captação de investimento estrangeiro sem precedentes, oriundo de mercados internacionais exigentes como Estados Unidos, França, Espanha, Suíça, Bélgica, Brasil e Israel. A diplomacia económica foi uma aposta certa e a pedra angular do sucesso que tivemos na captação de investimento e na criação de emprego. Mas não adormecemos à sombra dos resultados já alcançados.

O nosso objetivo é intensificar esta política de promoção de investimento, baseada cada vez mais na procura de mão de obra qualificada e bem remunerada. Somos ambiciosos e capazes de fazer ainda mais e melhor.

 

Nos últimos cinco anos, a taxa de desemprego de Santa Maria da Feira baixou de 15% para menos de 4%, inferior à média nacional. Porquê?

O flagelo do desemprego em 2013 exigia uma estratégia clara de promoção do nosso território para captação de investimento, nacional e estrangeiro, e consequentemente criação de emprego. Apoiámos as nossas empresas nos processos de legalização, inovação e internacionalização e partimos à conquista de investimento estrangeiro.


Este trabalho começou há cerca de oito anos, quando o nosso território registava uma taxa de desemprego superior a 15%. No final de 2019, atingimos uma situação de pleno emprego, com uma taxa inferior a 4%, que no último ano sofreu uma ligeira alteração devido aos efeitos da pandemia.


A par da diplomacia económica foi determinante a mudança estrutural na câmara, centrada na disponibilidade total do presidente e da sua equipa para receber e acompanhar em permanência os investidores. A criação da Via Verde Empresas e o reforço do Gabinete de Desenvolvimento Económico e Empresarial, vocacionado para o apoio às empresas e captação de investimento, foram determinantes para o sucesso da nossa estratégia de desenvolvimento económico e empresarial. Além disso, criámos mecanismos no urbanismo para facilitar a legalização das empresas e isentámo-las de taxas durante vários anos.


Tudo isto potenciou o investimento no nosso território. Graças às medidas que implementámos, criámos uma marca forte junto de instituições fundamentais como a AICEP, IAPMEI e Câmaras de Comércio: em Santa Maria da Feira estamos sempre prontos para trabalhar qualquer intenção de investimento.

 

O que está a fazer a câmara que lidera para que os níveis de emprego regressem à situação de pré-pandemia?

Ainda é cedo para tirarmos conclusões sobre as reais dimensões e consequências da pandemia na empregabilidade, mas já sentimos um ligeiro acréscimo do número de desempregados, comparativamente com a situação de pleno emprego que atingimos há cerca de dois anos.


No entanto, continuamos a registar um grande número de investimentos e as perspetivas são animadoras, pelo que não vou alterar a nossa política de atuação.

Muitas vezes, a maior dificuldade em matéria de desemprego são as competências e habilitações que o mercado precisa e que não existem, daí a importância de investirmos também na formação e requalificação profissional. Acredito que qualquer situação de desemprego que tenha surgido ou possa surgir será rapidamente absorvida pelas nossas empresas.

 

Santa Maria da Feira é um dos dez concelhos mais exportadores de Portugal. Quais são as características do território e o perfil das empresas e dos empresários que permitem este lugar de relevo?

Santa Maria da Feira tem cerca de 15 mil empresas que abrangem praticamente todos os setores de atividade e mais de três mil são indústrias. Somos líderes mundiais na transformação da cortiça e o segundo maior exportador nacional de calçado. Também lideramos na produção nacional de cartão e somos uma referência na metalomecânica.

Contribuímos de forma decisiva para a imagem de excelência dos produtos fabricados em Portugal e a nossa dinâmica empresarial é, sem dúvida, um dos motores da economia portuguesa. Este lugar de relevo deve-se à nossa centralidade geográfica e ao nosso espírito empreendedor.

Os feirenses são gente inconformada, criativa, que luta contra as adversidades, que não desiste, que ambiciona, que arrisca nos negócios, que quer fazer sempre mais e melhor e, por isso, tem sucesso.


Não somos um território com grandes recursos naturais, por isso desenvolvemos e aprimorámos este espírito empreendedor. O setor da transformação da cortiça é um excelente exemplo disso. Não sendo uma terra de sobreiros, Santa Maria da Feira absorve mais de 70% da indústria de transformação da cortiça.


No campo das exportações, a cortiça e o calçado ocupam lugar de evidente relevo. Quais as medidas que a autarquia tem implementado para reforçar esta dinâmica do tecido industrial do concelho?

Estamos permanentemente ao lado das nossas empresas e dos nossos empresários. O setor da cortiça, através da associação que a representa – a APCOR –, é um parceiro privilegiado em todas as nossas ações, com a grande vantagem de estar sediado em Santa Maria da Feira. Temos encontros regulares com os empresários para nos inteirarmos das suas necessidades e do apoio que podemos dar, seja ao nível da legalização das empresas, da isenção de taxas, das questões ambientais ou da segurança no trabalho.

Este contacto permanente permite-nos acompanhar de perto as necessidades e as dificuldades do setor e, dentro das nossas competências, disponibilizarmos todo o nosso apoio sempre que solicitado.

 

O setor do calçado vive com algumas dificuldades, pois é muito competitivo, mas temos no território empresas de enorme sucesso porque apostaram no mercado de luxo e do conforto, marcas com muito valor que souberam posicionar-se nos mercados internacionais.

 

Vamos acompanhando os nossos empresários do calçado e promovendo internacionalmente as nossas marcas em missões empresariais, mas sempre com grande atenção, porque é, de facto, um setor cuja competitividade é tremenda e a câmara já não consegue ir além das suas competências.

 

Quais os novos investimentos estrangeiros que Santa Maria da Feira está próxima de captar?

Nos últimos anos, Santa Maria da Feira registou uma captação de investimento estrangeiro sem precedentes porque somos reconhecidamente um território atrativo, seguro, qualificado, onde é bom viver e investir. Felizmente, o ritmo de contactos e negociações não abrandou com a pandemia.

Os investidores continuam atentos ao que temos para oferecer e nós continuamos empenhados em fixá-los em Santa Maria da Feira. Temos previstos três novos investimentos muito significativos, de duas multinacionais espanholas e uma suíça, para a zona do Lusoparque, mas estes processos carecem da necessária reserva para garantirmos a melhor condução dos dossiês, mas diria que temos todas as condições para concluir com sucesso estes novos investimentos.

 

Agora que atingimos uma situação de pleno emprego, temos uma nova ambição: atrair emprego qualificado e promover uma empregabilidade com melhores salários, porque quando um território tem pleno emprego, quem quiser contratar trabalhadores tem de pagar mais por eles. Por isso, insisto há muito na necessidade de investirmos fortemente na educação e na formação ao longo da vida. Gostaria que este território se tornasse ainda mais atrativo pela competência das nossas gentes.

 

Santa Maria da Feira tem diversos parques industriais, praticamente lotados. Que investimentos estão programados para este setor?

Estamos a tentar ampliar os nossos parques industriais até onde for possível, mas não temos espaços para a expansão que desejamos. As nossas equipas do Planeamento e PDM estão a fazer o levantamento de todos os espaços que possam vir a ser classificados como zonas vocacionadas para atividades económicas e a identificar os terrenos que, estando classificados para atividades económicas, não estão a ser usados para esse fim, com o intuito de lhes dar alguma dinâmica.

Dispomos ainda de pequenas bolsas dispersas pelo território, que estamos a tentar classificar com o mesmo tipo de uso, de forma a acautelarmos respostas imediatas a eventuais solicitações.

 

Temos de continuar a investir no alargamento destes espaços e na criação de respostas similares, porque o nosso território continua a ser muito procurado pela sua dinâmica económica e centralidade geográfica.

 

Há sensivelmente cinco anos, a Câmara de Santa Maria da Feira assumiu a gestão do Europarque, um complexo degradado, quase na bancarrota. Quais os resultados de cinco anos de gestão municipal?

O ano de 2019 foi o melhor de sempre do Europarque. Não fosse a pandemia, teríamos garantidas reservas de espaços para os próximos três anos. São resultados sem precedentes, alcançados em apenas cinco anos de gestão. Creio que está quase tudo dito.

 

Hoje, o Europarque não é apenas um centro de congressos de excelência e um grande palco de espetáculos. É claramente o nosso parque da cidade. Basta ver o número de famílias que por ali passam ao fim da tarde e aos fins de semana para passear, relaxar e praticar desporto. Abrimos o Europarque à cidade e a cidade entrou
pelo Europarque adentro.

Os eventos multiplicaram-se, incluindo os de desporto coletivo ao ar livre como o Europarque Running, que chegou a juntar mais de duas mil pessoas, e o espaço de restauração rapidamente conquistou o seu lugar.

Os resultados em 2019 não deixam margem para dúvidas. Repito, foi o melhor ano de sempre. Lamento que esta pandemia tenha alterado significativamente este rumo, caso contrário teríamos atingido o equilíbrio de contas já em 2020.

 

Vamos avançar com obras de reabilitação, começando pelos espaços exteriores e posteriormente no próprio edifício, mas estou muito orgulhoso desta gestão. Sou também o presidente do conselho de administração da empresa municipal Feira Viva, que gere o espaço, e acompanho em permanência as reuniões para captação de eventos, com perspetivas animadoras.

A pandemia condicionou este e outros espaços similares um pouco por todo o país, mas acredito que retomaremos a atividade com toda a força quando ultrapassarmos esta fase.

 

Que projetos defende para ligar Santa Maria da Feira ao aeroporto e ao porto de Leixões?

Temos em fase de processo a reabilitação da Linha do Vouga e a sua ligação à Linha do Norte, que poderá eventualmente dar essa resposta. Eu defendo o Metrobus e, já o disse várias vezes, temos um canal privilegiado que é a A1, com três faixas para cada lado, que poderia perfeitamente comportar essa solução, muito mais interessante como transporte coletivo.

Hoje já temos uma boa ligação rodoviária ao aeroporto, através da autoestrada.
Facilmente lá chegamos, num máximo de 30 minutos, mas falta-nos uma infraestrutura ferroviária e é urgente que o Governo central pense nela. É certo que é um investimento significativo, mas esta parte sul não pode ficar para trás. Somos uma região exportadora, das mais ricas do país em termos de produção, mas não vemos refletido investimento em toda a riqueza que aqui se produz.

 

De que maneira se tem feito sentir na qualidade de vida das famílias e das empresas o investimento que o município tem feito nos últimos anos nas infraestruturas rodoviárias?

Para atrairmos mais investimento e mais população para o território temos de proporcionar as melhores condições, como boas estradas municipais. Recordo que, durante oito anos – era eu vereador responsável pelas obras municipais e vice-presidente da câmara na altura –, esburacámos as estradas para construirmos as redes de água e de esgotos.

Foi uma necessidade imperiosa, e hoje essas infraestruturas são também um fator de competitividade, mas o piso ficou em muito mau estado. Felizmente, a nossa realidade é hoje bem diferente.


No primeiro mandato, pavimentámos mais de 150 quilómetros de estradas e, no segundo, já vamos em 250. No total, concluiremos a requalificação e reabilitação de aproximadamente 500 quilómetros de estradas em cerca de oito anos. É notável. São estradas com excelente qualidade, com pisos novos, que atravessam centros urbanos também eles requalificados, com sinalética horizontal, mais bonitos e mais seguros.

Apesar dos transtornos causados, os feirenses só podem estar satisfeitos com o que tem sido feito e que, naturalmente, também beneficia a atratividade do território e as empresas aqui instaladas. Não está tudo feito, é certo, mas muito foi feito nos últimos anos.

 

Que modelo de investimento defende para fazer chegar um transporte público ao Europarque?

Neste momento, temos o nosso transporte coletivo regular da cidade – o Transfeira – próximo do Europarque. Entretanto, está em marcha o concurso público para as diferentes linhas de transporte público da AMP. Se tudo correr bem, no final deste ano ou início do próximo, teremos seguramente todas as linhas de transportes coletivos rodoviários preenchidas. Mas há uma grave lacuna no nosso território.

Temos uma necessidade urgente de ferrovia ou Metrobus. Precisamos destas infraestruturas. É inadmissível e não me canso de questionar como é que toda esta região, incluindo o sul de Gaia, que congrega no total mais de 500 mil pessoas, não tem uma infraestrutura de ferrovia ou de Metrobus.

Estou muito preocupado com a ausência desta resposta. Mesmo na AMP, acompanho esta situação com muita preocupação, porque ouço falar de centenas de milhões de investimento e não vejo absolutamente nada para a parte sul. Diria que o conjunto dos municípios da AMP a sul só tem sido prejudicado, não tem recebido benefícios nenhuns. Não há qualquer projeto de investimento sério para esta questão dos transportes e isso não nos pode deixar calados.

 

Às vezes questiono-me até que ponto esta integração na AMP nos é favorável, porque de outra forma os municípios da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria já teriam, com toda a certeza, feito o seu caminho.

Espero que esta nossa integração na AMP nos dê força e capacidade reivindicativa, porque em termos de ligação de transportes ao centro do Porto estamos muito mal. Temos a rodovia, os autocarros, que são uma boa resposta, mas falta-nos a ferrovia.

 

 

Como presidente da câmara tem insistido na mensagem de que o emprego é a principal medida de apoio social. Como é que isso se reflete na ação executiva e no terreno?

Essa é a minha opinião e continuarei a mantê-la sem quaisquer dúvidas. O emprego é a melhor medida social e resolve a grande maioria dos problemas sociais. Se tivermos emprego, não precisamos de apoio social e libertamos as entidades públicas para os casos que carecem efetivamente de ajuda. Com a população empregada, 90% dos problemas sociais estão resolvidos.

Depois restam os outros 10%, nos quais se incluem os idosos, aqueles que não podem trabalhar, os jovens, os doentes. Ao promovermos o emprego no nosso território estamos a contribuir para o reforço de apoios para aqueles que efetivamente precisam. Esta será sempre a minha filosofia de gestão.

  

Quais as iniciativas de âmbito social que a autarquia tem levado a cabo para ajudar a população neste período de crise por causa da pandemia. E quanto dinheiro foi gasto nestas iniciativas?

Desde o início da pandemia que a nossa grande preocupação foi implementar ou apoiar todas as medidas necessárias, que estivessem ao nosso alcance, nos diferentes domínios, para mitigarmos os efeitos nefastos de uma nova realidade para a qual ninguém estava preparado.

Avançámos com a criação de dois espaços de apoio e retaguarda no concelho – numa primeira fase, na Casa Ozanam, depois no Centro Social Vilamaiorense –, e adaptámos o Inatel para receber doentes sem retaguarda familiar. Disponibilizámos o Europarque para a instalação do Centro de Testes covid-19 de Santa Maria da Feira e o Cineteatro António Lamoso para instalação do Centro de Vacinação contra a covid-19, que brevemente transitará para o Europarque.

 

Estamos há mais de um ano a dar respostas às necessidades que vão surgindo. Fornecemos equipamentos de proteção individual às IPSS do concelho – incentivámos fábricas do território a trabalhar na produção destes materiais –, implementámos vários programas de acompanhamento, dirigidos sobretudo à população idosa, com linhas de acompanhamento psicológico e programa Movimento e Bem-Estar, e levámos "Abraços à Janela" de centros sociais e IPSS para atenuar a solidão.

Diria que nenhuma instituição ou organização do concelho deixou de ter apoio da nossa parte, tal como quem estava em casa e precisava, fosse apoio alimentar ou psicológico. Estivemos sempre na primeira linha de apoio à nossa população. Investimos mais de 2 milhões de euros nestes apoios, sem incluir os custos com recursos humanos e equipamentos da câmara.

Quais as principais obras feitas no concelho nos últimos anos? E qual o valor de investimento feito?

São muitas as obras de referência que concretizámos. Como já referi, a nossa grande aposta nos últimos anos foi a reabilitação da rede viária. Estamos a falar de cerca de 500 quilómetros de estradas reabilitadas, em oito anos, nas 31 freguesias. É muito, é quase ir a Lisboa e voltar, e um investimento financeiro tremendo.

 

A requalificação dos centros urbanos para usufruto pela população é outra obra de referência, assim como a forte aposta na prática desportiva. Apoiámos os clubes de futebol na execução de relvados sintéticos e construímos dois pavilhões desportivos de excelência, um em São João de Ver e outro em Mozelos.

 

Os parques naturais e passadiços são também obras que me deixam extraordinariamente orgulhoso, em particular o Passadiço do Uíma e o Parque das Ribeiras do Uíma, inserido num espaço natural de excelência e rara beleza, e cuja terceira fase iniciará brevemente.

 

A requalificação da Quinta do Castelo é outra obra que orgulha todos os feirenses. Convertemos um espaço que estava quase perdido no centro da cidade num local de excelência, que se abriu à comunidade.

 

De enorme importância estratégica foram também os parques industriais que construímos e que já se encontram completamente ocupados. Falo do Lusoparque e do PERM, que estavam previstos há mais de 20 anos e que em apenas quatro conseguimos pôr de pé.

 

Na educação, reabilitámos a Escola Secundária de Fiães, que é hoje um belíssimo edifício, e construímos, em diferentes pontos do concelho, centros escolares modernos e adaptados às novas exigências do ensino.

 

Outra obra de grande relevo é o Arquivo Municipal e a requalificação de toda a envolvente da Igreja da Misericórdia, que ficará concluída ainda este verão. Com esta intervenção, transformámos uma zona feia e degradada num dos espaços mais bonitos da cidade.

 

Gostaria, no entanto, de sublinhar que não é a obra física que mais me orgulha. É a obra social, a imaterial, o não deixar ninguém para trás, o proporcionar condições às crianças e o cuidar dos idosos. Felizmente, temos uma rede social que funciona em pleno, um parceiro extraordinário que fomos construindo ao longo dos últimos anos.

E depois há aqueles pequenos grandes projetos, como os fóruns sociais de freguesia, outra obra imaterial notável, que muitas vezes passa despercebida, mas tem um impacto tremendo na comunidade e nas instituições de cada freguesia. E é graças à obra material e imaterial, que pusemos em marcha nos últimos anos, que hoje todos os feirenses dizem com grande orgulho que são de Santa Maria da Feira.

 

Do ponto de vista da obra física, material, o valor de investimento nestes quatro anos é superior a 40 milhões de euros. Presentemente, temos em curso 98 empreitadas com um valor total superior a 30 milhões de euros. É muita obra, com contas certas e sem aumentar a dívida.

 

Nas suas intervenções, diz que a educação, sendo decisiva para o funcionamento do elevador social, deve ser um tema prioritário na ação governativa. O que tem feito Santa Maria da Feira nesse sentido?

Diria que Santa Maria da Feira, dentro das suas competências, tem feito tudo o que está ao seu alcance para elevar a educação ao patamar que merece. Sou crítico de muitas ações governativas, sobretudo das que não proporcionam iguais oportunidades às nossas crianças e jovens, porque ninguém escolhe a família e o local onde nasce.

Reagi duramente às opções ideológicas do Governo quando nos prejudicou imenso com o seu ataque às escolas do setor privado, que levou ao encerramento do nosso Colégio de Lamas, uma escola de excelência, onde pobre e rico podiam estudar. Ainda hoje não compreendo essa medida absurda, lesiva do nosso território, provocadora de uma grande segregação e de maior despesa para o Estado, quando a sua obrigação é tudo fazer para proporcionar as mesmas condições de acesso a um bem tão precioso e determinante para as gerações futuras, sabendo nós que a igualdade plena nunca será possível.


Também neste capítulo estamos a fazer a nossa parte: no fornecimento de equipamentos informáticos, na alimentação para os alunos mais carenciados, no apoio aos transportes e à compra de material escolar, na melhoria das condições físicas dos edifícios escolares e de conforto das próprias escolas e no lançamento de projetos de linguagem de programação a pensar no futuro.

A cultura tem sido, nos últimos anos, um fator de criação de riqueza e emprego. Com a pandemia, iniciativas emblemáticas como a Viagem Medieval, o Perlim e o Imaginarius ficaram comprometidas. Como está a câmara a lidar com a situação?

A pandemia tem sido um enorme desafio em todas as áreas de atuação da autarquia, mas a cultura foi, de facto, uma das mais fustigadas, desde a programação de sala do Cineteatro António Lamoso aos grandes eventos de rua, de dimensão nacional e internacional.

Apesar das dificuldades, conseguimos readaptar-nos a esta nova realidade e procurámos apoiar o setor em diferentes vertentes, como o aconselhamento a candidaturas de apoios do Estado e a transição para o digital de eventos previamente agendados, de forma a garantir alguma manutenção do setor e o planeamento para uma eventual retoma. Por exemplo, este ano, o Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua será online em maio e ao vivo em setembro, e o Cineteatro já prepara alguns momentos presenciais.

 

Independentemente das circunstâncias atuais, a cultura será sempre um setor emblemático para a nossa competitividade, por isso continuará a beneficiar de um forte apoio da nossa parte. Costumo dizer que a cultura não é um custo, mas sim um investimento e, mais uma vez, Santa Maria da Feira seria o território ideal para um estudo aprofundado sobre o efetivo impacto económico e social da cultura num território e nas suas gentes.

 

O fortíssimo investimento feito neste setor nos últimos 20 anos proporcionou-nos um grande desenvolvimento económico e uma importantíssima participação da comunidade.

Desta aposta resultou o florescimento de áreas de negócio ligadas ao setor cultural, o incremento da animação e da restauração, o desenvolvimento de indústrias criativas e a profissionalização de muitos agentes locais. Hoje, os feirenses sentem um grande orgulho na sua terra, muito por causa desta aposta na cultura.

  

Nos últimos anos, a autarquia tem vindo a reduzir substancialmente a sua dívida e os prazos de pagamentos aos fornecedores são residuais. O equilíbrio orçamental é fundamental para uma boa gestão do concelho?

Sem dúvida. Quando a entidade pública não cumpre com os pagamentos, está a prejudicar fortemente o cidadão. Quando cumpre, está a injetar dinheiro na economia e a libertar as empresas de custos financeiros que, muitas vezes, a falta de pagamento acarreta.


Quando iniciei funções no final de 2013, uma das minhas prioridades foi pagar a tempo e horas. Atualmente, temos um prazo médio de pagamentos de 10 a 12 dias, o que resulta em mais oferta e melhores preços. Ou seja, com esta medida passámos a ter mais dinheiro e a comprar mais barato e melhor.


Hoje há uma grande disputa entre os fornecedores para trabalharem com a Câmara da Feira porque sabem que vão receber na hora. Quando isto não acontece, a tendência é inflacionarem o preço para compensarem os compromissos financeiros que têm com a banca. Para o bom funcionamento da economia, defendo esta máxima como regra inquebrável em tudo o que seja setor público, há que pagar a tempo e horas.

 

Nos últimos tempos, algumas câmaras têm vindo a assumir processos de resgate das concessões de água. O que pensa do assunto?

É um tema que deve ser analisado com muita prudência e sem populismos. Tenho acompanhado algumas notícias de resgates mal pensados e mal preparados, que podem levar a situações de completa dependência financeira.


Qualquer gestor tem de pensar nas consequências das decisões que toma. Temos sofrido muitas pressões, muitas críticas, comparações, mas o nosso processo está devidamente acautelado.

Quando a concessão de Santa Maria da Feira completar 30 anos, a câmara pode decidir se quer resgatá-la ou não. Faltam nove anos. Esse será o momento para pensar se vale a pena ou não, porque a nossa gestão do território, através da Indaqua, tem sido boa.

É certo que as pessoas comentam os preços, porque ninguém gosta de pagar, mas graças a esta concessão temos hoje uma rede de água em todo o território e uma boa rede de esgotos, o serviço é de excelência, a qualidade da água é de 100% e não temos ruturas no abastecimento. Estamos muito bem servidos em termos de qualidade de serviços.

 

Que importância tem o setor da saúde para a captação de investimento em Santa Maria da Feira?

A saúde é cada vez mais um setor primordial para o nosso território. Os investidores e empresários que escolhem Santa Maria da Feira para aqui se instalarem, e aqueles que elegem o nosso território para viver, querem respostas efetivas nesta área.


Posso afirmar com orgulho que temos hoje a melhor oferta de cuidados de saúde primários do país, pois todos têm médico e enfermeiro de família. Temos ainda um hospital de excelência e estamos rodeados de alguns dos melhores hospitais do país.


Nas ações de promoção do nosso território que fazemos, destaco também a educação, a segurança, a qualidade de vida, a cultura e animação como fatores de atratividade, mas a saúde é talvez o que mais influencia numa escolha, sendo absolutamente fundamental para a nossa competitividade.

Mais notícias