Podem até parecer cenários saídos de filmes de ficção científica, mas a verdade é que são todos bem reais e já com aplicação prática. O desenvolvimento tecnológico trouxe consigo um conjunto de novas ferramentas e equipamentos que vêm impactar direta ou indiretamente o trabalho dos revisores oficiais de contas (ROC).
Arlindo Oliveira, presidente do Instituto Superior Técnico, lembrou isso mesmo ao falar de inteligência artificial (IA) e da forma como se reflete na profissão: "Passa a ser possível o processamento automático de documentos por via de ferramentas que reconhecem dados relevantes e os analisam."
A IA vai ainda permitir "reduzir e detetar fraudes e erros, como é o caso dos desvios orçamentais", pelo que esta é uma tecnologia "com impacto direto e relevante na profissão dos ROC já hoje e nos próximos anos".
Arlindo Oliveira considera a IA "uma tecnologia importante e desafiante", não só na análise de dados como também "na substituição das funções realizadas por humanos" e nas áreas "associadas ao machine learning e às redes neuronais".
Dar personalidade jurídica a robôs e sistemas autónomos é algo que divide ainda opiniões e o presidente do IST lembrou isso mesmo ao aludir à posição do Parlamento Europeu "em adiar uma efetiva discussão nesta área".
A tecnologia em cenários de guerra
De sistemas autónomos, os chamados SAG, falou Afonso Seixas Nunes, sacerdote jesuíta e docente na Universidade de Oxford. Os SAG "são sistemas armados, desenhados e programados para selecionar e eliminar alvos militares sem necessidade de intervenção humana".
Afonso Seixas Nunes não deixou de referir a existência, ainda, de problemas associados à IA no campo de batalha, mas revelou que está já em curso um primeiro projeto-piloto neste campo. Trata-se do BeeDrone, um SAG que é uma espécie de abelha e se encontra nas estações de comboio de Londres.
O BeeDrone foi pensado para ser totalmente autónomo e, ao atuar sobre alvos terroristas, "desfragmentar-se para evitar a identificação da tecnologia e a origem efetiva do ataque".
Os novos caminhos nas relações Portugal-China ocuparam a apresentação de Fernanda Ilhéu durante este XIII Congresso dos ROC. A investigadora e professora do ISEG falou da iniciativa chinesa "Uma faixa, Uma Rota" que integra 14 países europeus, entre eles Portugal. Conhecida como BRI, esta iniciativa integra "um novo modelo económico e de abertura ao mundo" e visa assegurar "outros vetores de desenvolvimento no país, promovendo o investimento e o comércio local".