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Educação do futuro vai além da sala de aula

Em 2025, 20% das instituições de ensino primário e secundário e 40% do ensino superior terão na inteligência artificial e na automação de processos robóticos importantes aliados do dia a dia.

28 de Setembro de 2021 às 13:11
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O paradigma da educação em Portugal, e no mundo, está a mudar a um ritmo acelerado e os próximos anos trarão evidências que consolidam esta perspetiva. Segundo dados do estudo "The top predictions by IDC Research for Worldwide Education", em 2023, devido ao crescimento do mercado online da educação, 20% das instituições de ensino primário e secundário e 40% das instituições de ensino superior "vão evoluir para novas pedagogias digitais e rastrear novos indicadores de performance e desempenho (KPI) que impactam diretamente os resultados de aprendizagem".

Por seu lado, em 2025, os mesmos 20% e 40%, respetivamente, planeiam alavancar o seu trabalho na inteligência artificial (IA) e em automação de processos robóticos (RPA) "para automatizar várias das tarefas do campus que impulsionam a eficiência na administração e nas operações", sempre em busca de melhores resultados de aprendizagem. Pela mesma altura, 40% ou mais instituições de ensino vão passar a emitir perfis de blockchain que seguem os alunos através da sua vida estudantil.


Nada de estranhar, já que a IDC percebeu ainda que, em 2024, 20% das instituições da primária e do secundário e 50% das instituições de ensino superior vão optar por trabalhar com serviços credenciados de fiscalização online para assegurar a realização de testes e exames semestrais, especialmente no caso dos alunos que optem por fazer as suas avaliações remotamente.


Os dados, que trazem uma nova perspetiva sobre uma área ainda muito tradicional e estática, foram o ponto de partida para mais uma edição do Digital Lab, organizado pela IDC e a Axians, no contexto da sexta edição do Portugal Digital Awards. Nesta partilha de ideias e perspetivas sobre o futuro da educação em Portugal, que reuniu alguns dos principais especialistas do setor, partiu-se não só dos números, mas também da realidade, ainda tímida, que já se começa a viver em Portugal. Uma realidade a caminhar para o digital e potenciada, grandemente, pela recente pandemia de Covid-19.

 

O regresso ao "novo" normal

Carmo Palma, managing director na Axians Portugal, partiu destes números para lançar o debate em torno do futuro da educação em Portugal. Esta responsável considera o tema pertinente, tendo sublinhado vários desafios com os quais o setor se depara atualmente, nomeadamente as competências digitais necessárias para alunos, professores e encarregados de educação, mas também o muito importante equilíbrio entre o físico e o digital no novo normal.


Gabriel Coimbra, group vice president & country manager na IDC Portugal, falou não só sobre aquilo que tem sido a transformação do backoffice ou das operações nas instituições em si, "mas sobretudo acerca da transformação ao nível da pedagogia e da forma de ensino em Portugal" que deve passar, necessariamente, "por uma mudança". Uma ideia corroborada também por José Tribolet, professor catedrático no IST e presidente da Comissão Executiva do INESC, para quem "é necessário todos terem um discurso semelhante e uma semântica igual" para se conseguir passar a mensagem.


José Tribolet fala na necessidade de se trabalhar numa espécie de "aproximação sistémica quando se entra no conceito de futuro da educação" apostando ainda "no potencial que o digital tem para capacitar e melhorar" todo o percurso educacional e a "aquisição de capacidades que se faz, cada vez mais, ao longo da vida". O professor do Técnico não deixa ainda de referir a relevância de todo "o suporte à evolução de atitudes e à formação dos professores, porque se estes não estão à vontade para tirar partido do digital, também não podem transportar esse conceito para o sistema".

 

Uma educação com futuro

E a verdade é que "o futuro da educação acaba por ser, necessariamente, diferente da educação do futuro", sublinha Carlos Oliveira. O presidente executivo da Fundação José Neves e membro do European Innovation Council considera que a pandemia não trouxe "uma efetiva transformação digital na educação", mas antes a necessidade de "recorrer, no imediato, ao que havia disponível para fazer face a um problema".

Carlos Oliveira fala na necessidade de se definir "um plano de execução claro, pensado a médio/longo prazo", que garanta modos de atuação continuados e consequentes. Uma realidade que permitiria, por outro lado, suportar a ideia sublinhada por Clara Raposo, dean na Lisbon School of Economics & Management da Universidade de Lisboa: "Uma alteração tecnológica progressiva que leva a alterar a forma de aprendizagem hoje e no futuro."

Por outro lado, e não menos relevante, esta responsável sublinha a importância de se dar resposta "às diferentes necessidades do sistema educativo, seja para crianças, adultos, professores… pessoas em diferentes estados do seu desenvolvimento". E fazer ainda a ligação entre esta capacidade e "as diferentes competências que achamos que o mercado de trabalho vai solicitar no futuro" sempre suportado em ferramentas tecnológicas, mas assegurando que "o desenvolvimento pessoal continue a ser humanista e que permita a todos um saudável relacionamento da forma que nos parece mais desejável para um futuro mais equilibrado".


Clara Raposo não deixa de considerar que terão de passar a existir "sistemas de ensino mistos, híbridos", respondendo sempre "às necessidades diferentes de aprendizagem e de utilização de tecnologia entre indivíduos em diferentes fases da sua vida".

 

Impacto da tecnologia

Fernando Bação, professor associado e subdiretor da NOVA Information Management School (NOVA IMS) da Universidade Nova de Lisboa, sublinha, por isso, a dificuldade que existe em "compreender toda a extensão do impacto que a tecnologia vai ter no setor da educação". E, portanto, "o caminho faz-se caminhando e através da experiência e da possibilidade de testar diferentes modelos e diferentes tecnologias".

Este é, no entender de Fernando Bação, um aspeto fundamental "para que a educação em Portugal possa evoluir para um outro patamar e para que se possa entregar aos nossos alunos e estudantes um conjunto de competências mais ricas e mais capazes de proporcionar um futuro ativo e estimulante".


Patrícia Teixeira Lopes, associate dean da Porto Business School, considera que será também por aqui o caminho num setor "que é um pilar da nossa sociedade". Na verdade, teremos, desde logo, "de definir o que queremos enquanto sociedade para depois pôr a educação ao serviço desses valores".

Existem, à partida, "três ou quatro prioridades que devem fazer parte deste futuro da educação: a formação ao longo da vida, que é essencial, percebendo-se que vamos ter de aprender muitas vezes ao longo da nossa vida, aprender a aprender, aprender a ver fazer e reunir novas competências e novos skills". Por outro lado, a própria jornada de formação "tem de ser cada vez mais personalizada, customizada e de acordo com aquilo que são os interesses individuais de cada pessoa". Em todo este percurso, "o digital vai ser um suporte determinante".


Daniel Traça, dean and professor of Economics na Nova School of Business and Economics, considera mesmo que teremos de começar a lidar com "muitas tendências diferentes" na educação e "é preciso espaço para se experimentar coisas diferentes". Dito isto, a verdade é que a atual transição pós-covid "não chega e é preciso dar mais tempo ao tempo".

Daniel Traça defende que a educação "é um dos pilares para voltar a criar um mundo mais estável e, portanto, o tipo de competências e a forma como a educação pode ajudar a criar cidadãos que sejam mais capazes de dialogar, de chegar a soluções em conjunto e mais capazes de olhar para a frente com otimismo" devem ser ponderadas.


Pedro Santa Clara, diretor da Escola 42, não deixa de lembrar que "vivemos ainda no mundo da educação do século XVIII, um mundo quase industrial em que levamos os alunos de aula em aula, a aprender a mesma coisa, ao mesmo ritmo". Este responsável considera que estamos "agora mesmo num momento extraordinário de revolução tecnológica" que devemos aproveitar para que, nos próximos anos, "haja uma mudança na forma de aprender e de ensinar, face ao que tivemos nos últimos séculos".

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