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Empresas com futuro

Tecido empresarial português sofreu com a pandemia, mas existem bons sinais de recuperação.

04 de Maio de 2022 às 14:39
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Ao longo dos últimos dois anos, as Pequenas e Médias Empresas (PME) tiveram de moldar os seus negócios, em certos casos, reinventá-los, para poderem sobreviver, antes de reaprenderem a viver. Nem todas o conseguiram.


A boa notícia é que as decisões macro de resposta à pandemia de covid-19, particularmente no continente europeu, estão a convergir na direção do regresso generalizado à normalidade da atividade económica, mais de dois anos depois do início da pandemia. Por definição mais frágeis a nível estrutural, as PME foram aquelas que sofreram um impacto mais severo dos efeitos adversos da pandemia a nível económico. Mas se tivermos em conta que estas representam 99% do tecido empresarial, tanto na Europa, em geral, como em Portugal, em particular, é possível concluir que o que estava em causa era a espinha dorsal da economia comunitária. Os desafios exigiam, assim, uma resposta coletiva.


O Negócios em Rede falou com entidades dos diversos quadrantes da comunidade PME a nível nacional e os sinais são de que essa resposta coletiva, embora apareça a diferentes velocidades, está a ser dada. O clima é de confiança, pelo que os sinais são de esperança no futuro, o que não é pouco, depois dos efeitos transversais que a tempestade pandémica provocou na economia dos países.



De volta aos níveis pré-pandémicos

Uma das mensagens fortes é a de que, hoje, as PME estão mais bem preparadas para lidar com as adversidades. Rui Simões, country manager da Lyreco Portugal, observa que “o tecido empresarial português está a aproximar-se cada vez mais dos níveis atingidos em 2019” – uma realidade que “demonstra a capacidade de recuperação e resiliência das PME”, acrescenta.


Os mercados tornaram-se, no geral, mais exigentes na seleção de fornecedores. Mas essa tendência não se tornou um obstáculo para as PME portuguesas, que deram um passo em frente nas áreas de inovação, investigação e desenvolvimento (I+ID). A esse nível, o CEO da Yunit Consulting, Bernardo Maciel, nota que o crescimento tem sido “sustentado” e ganha ainda maior preponderância na medida em que atinge vários “setores de grande tradição em Portugal”.


Reconhecendo que persistem as dificuldades conhecidas das PME, em termos de sustentabilidade financeira, Bernardo Maciel indica que o timing atual é ideal para avançar com apostas estruturais, nomeadamente em duas áreas estratégicas fundamentais para a competitividade das empresas: a capacidade de inovação e a descapitalização estrutural generalizada. “As PME nacionais têm um contexto altamente favorável à sua transformação e ao investimento, seja pelos imperativos que os últimos tempos trouxeram ao mundo e à economia, seja pelo conjunto de medidas e estímulos que a União Europeia e o Governo português têm vindo a disponibilizar”, esclarece.



As ferramentas são a “chave”

Muito relevante neste retrato é o ponto de vista das entidades formadoras. Uma das instituições com quem trocámos ideias foi a Universidade Portucalense (UPT). Observa Ferrão Filipe, vice-reitor da UPT, que boas e originais ideias não chegam para triunfar em mercados tão competitivos como os atuais, em que todos os dias fecham e abrem empresas: é preciso criar as condições necessárias que permitam “um bom nascimento do projeto”, sim, mas “com garantias mínimas de sucesso no tempo”.


Além de acreditarem nas suas ideias, no seu trabalho, na sua relação com os mercados e as pessoas e nos seus profissionais, “os gestores e empreendedores necessitam de adquirir as ferramentas que lhes possam permitir enfrentar os diversos desafios que se colocam e certamente se vão colocar ao longo da vida de uma PME, e que podem passar por uma pandemia como aquela da qual estamos a sair, mas também por “alterações nos mercadores e consumidores” ou o surgir de concorrentes mais agressivos.


Ainda no âmbito das instituições que fornecem as bases de ensino, o ISEG defende que são as lideranças das equipas associadas a cada negócio que podem e devem dar o exemplo na “modernização e acompanhamento das tendências”, disseminando uma política de “criação de valor” por todas as equipas, em cada negócio. Num momento em que desafios como a digitalização, a sustentabilidade e a liderança estão cada vez mais presentes, o presidente do ISEG Executive Education, Luís Cardoso, é taxativo: “A formação de executivos é muito importante (…) no apoio ao desenvolvimento de gestores e PME.”

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