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PME mais atentas e sensíveis ao digital

Pequenas e médias empresas nacionais que investem em inovação e tecnologia aumentam a sua competitividade. Start-ups dinamizam a economia.

19 de Maio de 2017 às 12:13
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As pequenas e médias empresas nacionais têm sido fundamentais no crescimento da economia portuguesa. Passado o período forte da crise, as PME iniciaram, a partir de 2014, a sua aposta na produção ou no investimento e o volume de negócios aumentou. Naturalmente, existem alguns problemas, sejam de ordem financeira, da gestão do seu posicionamento na cadeia de valor, do conhecimento dos modelos de gestão, entre outros. A própria pequena dimensão destas empresas, que, refira-se, são mais pequenas do que as suas congéneres europeias, como explica o IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação, pode colocar alguns entraves no âmbito da capacidade de financiamento, no potencial de crescimento ou na capacidade competitiva.

 

Não obstante, as PME mais atentas e ambiciosas do mercado contornam os problemas, apostando na diversificação e flexibilização de produtos, serviços e processos, na diferenciação ao nível do design, na identificação e apropriação das vantagens decorrentes da transição para uma economia mais digitalizada, no desenvolvimento colaborativo e na procura de parceiros externos para ultrapassar as suas restrições endógenas.

 

"Sublinhe-se a crescente sensibilização para a necessidade de superar as dificuldades ao nível das competências exigidas para funcionar e beneficiar de uma economia cada vez mais digital. Esta é uma área que exige uma dinâmica forte e um esforço muito consistente de intervenção dos empresários e dos seus colaboradores, mas também do Governo e das agências públicas, explica Jorge Marques dos Santos, presidente do conselho directivo do IAPMEI, prosseguindo: "Acredito que a recente iniciativa dirigida às competências digitais, designada por INCODE – 2030, seja um contributo importante para acelerar as respostas a este desafio. Trata-se de uma acção integrada de política pública dedicada ao reforço de competências digitais orientadas para a inclusão e para a empregabilidade."

 

A aposta na inovação e tecnologia

 

As PME nacionais que estão a investir em inovação e tecnologia têm "beneficiado de aumento de competitividade reforçando o seu posicionamento no mercado global", afirma Jorge Marques dos Santos. "Assinale-se o papel das start-ups na dinamização da economia que têm sido o veículo de estímulo à inovação e tecnologia. A aposta neste tipo de investimento tem-se traduzido no aumento das exportações, num contributo para a diversificação e para o crescimento económico", acrescenta.

 

É incontornável: a inovação é o caminho a seguir. Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, referiu esta terça-feira, no 14.º Encontro Nacional de Inovação COTEC, que decorreu em Matosinhos, que "a inovação tanto se faz hoje pelas grandes e médias empresas de forte crescimento, como se faz em microempresas de forte base tecnológica, como são as start-ups".

 

 

Por sua vez, o presidente da COTEC, Francisco de Lacerda, considerou que nenhuma organização pode ser verdadeiramente inovadora "sem ter uma perspetiva que se estenda além do imediato" e destacou que "ter a capacidade de imaginar cenários futuros não é suficiente", impondo-se com "urgência capacitar organizações com maior flexibilidade e poder de adaptação". "Somos cada vez mais e mais depressa confrontados com a necessidade de nos adaptarmos a novas realidades. Precisamos de investir hoje na competitividade de amanhã, aumentando o investimento em inovação e capacitando os recursos humanos. Estes são dois desígnios nacionais para o futuro e competitividade do país", sustentou.

 

 

Para o futuro, Francisco de Lacerda destacou ainda como "três desafios fundamentais" a aposta numa "maior intensidade de capital humano capacitado", numa "maior intensidade de conhecimento nos processos de negócio" e numa "maior intensidade de participação nas redes de inovação".

 

 

Tendo por base as conclusões do estudo "Destino: Crescimento e Inovação" – elaborado pela COTEC em parceria com a Deloitte –, o dirigente associativo destacou que "as empresas inovadoras apresentam um desempenho económico e financeiro superior ao do restante universo" e que "só através da inovação se conseguirá ter uma economia mais próspera e sustentável". "As empresas inovadoras apresentam maiores taxas de crescimento, uma melhor saúde financeira e uma maior presença nos mercados internacionais. São mais empregadoras e pagam melhores salários", sustentou.

 

 

Neste contexto, o presidente da COTEC destacou a importância da aposta numa "inovação colaborativa", porque "nenhuma empresa isoladamente tem recursos suficientes para enfrentar desafios do mercado global e uma perspectiva colaborativa aumenta as hipóteses de sucesso". Quanto aos decisores políticos, Francisco de Lacerda disse ser sua função "remover continuamente os factores de constrangimento das empresas na inovação".

 

 

Estudos para as PME

 

Um estudo apresentado em Matosinhos que avalia o impacto da inovação no crescimento das PME deixa alguns conselhos. Entre as medidas que devem ser adoptadas estão a implementação de estágios de emprego IDI – investigação, desenvolvimento e inovação – pagos e durante 12 meses; aumentar a capacidade competitiva das empresas portuguesas, promovendo o crescimento de fusões e aquisições, tornando mais fácil a transmissão de propriedade das empresas e melhorando a reorientação da fiscalidade aplicada às PME; envolver mais associações empresariais em projectos que façam frente aos desafios do sector; criar um mercado de capitais para PME em expansão; entre outras medidas.

 

O estudo "Destino: Crescimento e Inovação", da autoria da COTEC em parceria com a Deloitte, deixa claro que as PME mais inovadoras têm desempenhos económico-financeiros superiores aos das restantes empresas de pequena e média dimensão. O documento mostra, por exemplo, que o volume de negócios das PME mais inovadoras é 3,7 vezes superior e que o lucro é 7,8 vezes superior ao das restantes.

 

Internacionalização

 

Outro estudo apresentado no início deste ano demonstra que o futuro das PME passa também, cada vez mais, por mercados fora de portas. 63% das pequenas e médias empresas portuguesas abrangidas pelo estudo "Um olhar sobre a internacionalização das PME", elaborado pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa em colaboração com o E-Monitor, considera que a facturação gerada pela actividade internacional vai crescer este ano. O documento destaca o facto de 63% das 873 empresas que responderam ao inquérito indicarem que "o volume de negócios gerado pela actividade internacional vai crescer este ano".

 

49% das PME responderam que vai aumentar o investimento na internacionalização, enquanto 34% sinalizaram que vão manter o mesmo nível de investimento além-fronteiras durante este ano. Cerca de 80% das empresas registadas com respostas completas (873) referiram que já se internacionalizaram, "uma amostra estatisticamente relevante das PME internacionalizadas", realça o estudo.

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