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“São urgentes medidas que facilitem a renovação da frota”

ACAP considera insuficientes os incentivos à compra e os investimentos em infraestrutura para veículos elétricos. Programa de incentivo ao abate de veículos antigos continua adiado.

13 de Setembro de 2023 às 15:24
Helder Pedro, secretário-geral da ACAP.
Helder Pedro, secretário-geral da ACAP.

A ACAP – Associação Automóvel de Portugal representa, há mais de 100 anos, a globalidade do setor automóvel. Esta organização reconhece a evolução positiva da mobilidade sustentável em Portugal, mas sublinha que o caminho a percorrer ainda é longo e repleto de desafios. Na sua perspetiva, e apesar dos progressos, os incentivos atuais são insuficientes para acompanhar as necessidades emergentes do setor.  No que diz respeito à infraestrutura, a ACAP considera limitada a rede atual de postos de carregamento elétrico, advogando uma expansão mais robusta. Falámos com Helder Pedro, secretário-geral da ACAP.

 

Como é que a ACAP vê as medidas legislativas mais recentes na área da mobilidade sustentável?

A ACAP reconhece e valoriza o compromisso do Fundo Ambiental com o Incentivo pela Introdução no Consumo de Veículos de Emissões Nulas. Esta tem sido uma iniciativa fundamental para promover a transição para soluções mais ecológicas, como é o caso dos veículos elétricos. No entanto, consideramos que a dotação de 10 milhões de euros, apesar de ser um passo na direção certa, poderia ser mais substancial, de modo a refletir a urgência e a escala do desafio que enfrentamos.

 

Um dos desafios que identificam é a necessidade de renovação do parque automóvel. Qual é o ponto da situação neste momento?

Em 2022, o parque automóvel nacional apresentava um envelhecimento significativo, com uma média de idade de 13,6 anos. Esta realidade reflete a urgência de medidas que facilitem a renovação da frota e a necessidade de um programa de incentivo ao abate de veículos antigos, visando rejuvenescer o parque automóvel.  Neste contexto, o acordo assinado em outubro de 2022 entre o Governo e os parceiros sociais incluía a intenção de lançar um plano direcionado a veículos ligeiros de passageiros em fim de vida, integrado na estratégia nacional de mobilidade sustentável. Até ao momento, ainda esperamos pela implementação destas medidas, pelo que apelamos veementemente ao Governo para honrar os compromissos previamente estabelecidos e asseguramos que não daremos tréguas enquanto estas soluções não forem efetivadas.

 

Existem estudos que mostram Portugal a meio da tabela, em termos europeus, nas infraestruturas e serviços destinados aos veículos elétricos. Qual é a vossa avaliação?

Em Portugal, e a nível europeu, existem ainda limitações importantes no que concerne à infraestrutura de carregamento, e cujo desenvolvimento é essencial para promover a adoção dos veículos elétricos. Na nossa avaliação, o ritmo de investimento em Portugal tem sido lento. De acordo com o "masterplan" para o desenvolvimento da rede de infraestruturas de carregamento na Europa até 2030, elaborado pela ACEA (Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis), em parceria com outras entidades, Portugal deveria instalar 22.800 pontos de carregamento até 2025 e 53.700 pontos até 2030, de modo a conseguir responder às necessidades do mercado. No entanto, o Governo português definiu como objetivos ter 15.000 pontos até 2025 e 26.000 pontos até 2030, o que é positivo, mas ainda insuficiente. Sabemos que a confiança do consumidor é reforçada quando há uma ampla e eficiente rede de carregamento, e Portugal ainda tem de crescer muito nesta área.

 

No entanto, os mesmos estudos indicam que Portugal continua a ser dos países onde o custo de utilização de um veículo elétrico é mais favorável.

Em Portugal, a vantagem do custo de utilização de veículos elétricos (BEV) é evidente. No entanto, enquanto outros países europeus impulsionam a adoção de BEV através de incentivos substanciais, Portugal tem um enfoque mais contido. O preço inicial dos elétricos, apesar de os custos na utilização serem vantajosos, pode ser um obstáculo para muitos consumidores, principalmente quando se compara com os veículos a combustão. Esperamos, no entanto, uma evolução positiva. A consciência ambiental crescente e o aumento da procura por este tipo de soluções vão provavelmente catalisar um aumento no investimento na rede de carregamento. O avanço tecnológico e a produção massificada devem fazer cair os preços dos veículos, ampliando a sua acessibilidade. Ademais, com as marcas automóveis a diversificarem as suas gamas de veículos, espera-se uma maior variedade de modelos no mercado.

 

Em que projetos e iniciativas está a associação envolvida com o objetivo de desenvolver a mobilidade sustentável?

A ACAP tem-se posicionado ativamente no cenário da mobilidade sustentável em Portugal, sendo protagonista de várias iniciativas e projetos. Neste contexto, gostaria de salientar a nossa ação pioneira na área do associativismo empresarial com a criação de empresas como a Valorcar, a Valorpneu e, posteriormente, com a entrada na Sogilub. Estas entidades gestoras representam um claro compromisso da associação em promover soluções sustentáveis para os desafios do setor automóvel, desde a valorização de veículos no fim de vida, à gestão responsável de pneus usados e à garantia de uma correta gestão de óleos usados.

"Outros países europeus impulsionam a adoção de BEV através de incentivos substanciais, mas Portugal tem um enfoque mais contido." Helder Pedro, secretário-geral da ACAP

 

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