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Mobilidade verde já está na estrada

O parque automóvel em Portugal é maioritariamente de motores de combustão mais tradicionais, mas a maior consciencialização para a necessidade de uma mobilidade sustentável tem vindo a conduzir à adoção de outras soluções mais amigas do ambiente.

23 de Fevereiro de 2022 às 12:50
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O setor dos transportes tornou-se essencial à atividade humana, assegurando desde logo não só uma efetiva mobilidade a pessoas como a bens. E, apesar de todos os desenvolvimentos tecnológicos assegurados a cada dia que passa, a verdade é que os transportes por via dos veículos ditos "tradicionais" continuam a exercer uma forte pressão que se traduz em impactos negativos sobre o ambiente e a qualidade de vida.

 

A área dos transportes é, hoje em dia, responsável por uma grande parte das emissões poluentes de dióxido de azoto e outras partículas inaláveis, bem assim como de gases com efeito de estufa, que têm vindo a conduzir a um conjunto (evitável) de alterações climáticas. E, se é bem verdade que há alguns transportes que poluem mais do que outros, não será de todo inoportuno pensar no parque automóvel como uma área a ter em conta. Por outro lado, os transportes são o maior consumidor de energia de origem petrolífera, contribuindo significativamente para a dependência energética do país.

 

A necessária mitigação dos impactos negativos deste setor pode passar desde logo, pela opção de aquisição de veículos híbridos e elétricos, ao mesmo tempo que se moderniza e torna mais eficiente o parque automóvel, e melhora o seu desempenho ambiental.

 

Contas feitas

Segundo dados do IMT divulgados no final de 2021, o parque de veículos rodoviários motorizados, presumivelmente em circulação, registou uma redução de 0,1% em 2020 face ao ano anterior. A redução verificou-se essencialmente nos pesados, "que diminuíram 10%". Já o parque de veículos ligeiros de passageiros atingiu em 2020 os 6,9 milhões, mais 0,1% do que no ano anterior, o que corresponde "a uma taxa de motorização de 540,5 veículos ligeiros de passageiros por 1.000 habitantes, a maior taxa dos últimos cinco anos".

 

No que concerne aos veículos elétricos a bateria, "foram registados 33.749 veículos até 2020, representando um aumento de 42% em relação a 2019", diz o IMT. Os híbridos também registaram um aumento de 39% e os veículos a gás (GPL, GNL e GNC) seguiram igualmente em rota ascendente. Diz ainda o IMT que os elétricos a bateria eram 23.849 em 2019 "e passaram a ser 33.749 em 2020" enquanto os elétricos híbridos eram 66.681 em 2019 e passaram a ser 92.422 em 2020.

 

Um plano para o ambiente

Esta mudança progressiva que se tem vindo a notar no parque automóvel nacional em muito beneficia também de condições de aquisição um tudo-nada mais vantajosas. Por outro lado, o Plano Nacional Energia e Clima para 2030 (PNEC 2030), elaborado na sequência do Regulamento UE 2018/1999, define, entre outros, o objetivo nacional de "descarbonizar o setor dos transportes, fomentando a transferência modal e um melhor funcionamento das redes de transporte coletivo, promovendo a mobilidade elétrica e ativa e o uso de combustíveis alternativos limpos".

 

O mesmo plano inclui ainda medidas para "apoiar financeiramente a mobilidade elétrica e a aquisição de veículos menos emissores nas frotas de transportes públicos". Assim como promover e apoiar a mobilidade elétrica, promover os serviços de partilha de veículos, a produção e o consumo de combustíveis renováveis alternativos e ainda a criação de infraestruturas de abastecimento de combustíveis alternativos no que respeita a combustíveis limpos.

Quem tem um carro elétrico, quando troca, regra geral troca por outro elétrico

Portugal segue tendência

Em Portugal, João Soromenho, diretor comercial da Arval considera que "a mobilidade híbrida e elétrica está claramente a crescer tanto nas empresas como na procura de renting por particulares". Assim o dizem os resultados do barómetro automóvel do Arval Mobility Observatory apresentado no início do ano passado, com opiniões dos gestores das empresas em Portugal que indicavam que, "apesar de no final de 2020 a percentagem de empresas portuguesas que já utilizava viaturas com tecnologia eletrificada estar, nessa altura, abaixo da média na Europa, existia uma expectativa de evolução para que nos próximos 3 anos, mais de 7 em cada 10 empresas em Portugal estivesse a utilizar viaturas híbridas ou elétricas". E, na realidade, "essa estimativa de evolução está a acontecer, travada apenas pelo desafio da falta de semicondutores", refere João Soromenho.

 

Já Luís Barroso, presidente da MOBI.E não deixa de referir que este "é um mercado com pouco mais de 1,5 anos e que, por isso, ainda está numa fase embrionária". Contudo, "apesar de ter nascido num contexto pandémico e que implicou que fossem decretadas fortes medidas restritivas à mobilidade, registou crescimentos assinaláveis, sendo já hoje uma certeza de futuro".

 

No mesmo sentido, segue a Leiribéria que vê o mercado "a crescer bastante, não tendo atingindo o seu auge o que lhe oferece uma grande margem de progressão". E, na verdade, entre os clientes "já há rotação de carros elétricos", ou seja, "quem tem um carro elétrico, quando troca, regra geral troca por outro elétrico". Este "é um sinal muito positivo por parte dos utilizadores e confere credibilidade a quem esteja a pensar adquirir um elétrico".
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