Outros sites Medialivre
Gestão de Frotas Sustentáveis 2023
Notícia

Mercado de veículos elétricos ligeiros e de mercadorias cresce

Em Portugal, o mercado dos elétricos está em forte crescimento e a apetência dos consumidores e das empresas por este tipo de mobilidade é muito grande.

27 de Abril de 2023 às 16:53
  • ...

O mercado de veículos elétricos continua a mostrar uma forte tendência de crescimento em Portugal, como ficou patente nos mais recentes dados divulgados pela ACAP – Associação Automóvel de Portugal, referentes a março deste ano. No conjunto dos veículos eletrificados (que inclui 100% elétricos e as diversas classes de híbridos), verificou-se no primeiro trimestre de 2023 um crescimento de 67,2% em relação ao período homólogo, com 23.142 novas matrículas.

Se nos cingirmos aos veículos elétricos a evolução é ainda mais extraordinária, com crescimentos de 125,2% na categoria dos ligeiros de passageiros e de 149% na categoria de ligeiros de mercadorias, no primeiro trimestre de 2023. Nesta última categoria, só em março foram registados 225 veículos elétricos, um crescimento de 581,8% face ao período homólogo. No primeiro trimestre foram registados 561 veículos elétricos ligeiros de mercadorias.

Mesmo no mercado ainda embrionário dos veículos elétricos pesados, que engloba os de passageiros e de mercadorias, no mês de março de 2023 verificou-se um aumento de 300% face ao mesmo período de 2022, tendo sido matriculados quatro veículos pesados elétricos novos. No entanto, em termos acumulados, nos três primeiros meses de 2022, verificou-se uma queda de 71,9% face ao primeiro trimestre de 2022, com nove novas matrículas.

47,2% das novas matrículas de ligeiros de passageiros são elétricos ou híbridos

Em termos globais, no primeiro trimestre de 2023 foram colocados em circulação 60.563 novos veículos, o que representou uma diminuição de 39,3 por cento relativamente ao mesmo período de 2019, apesar de, na comparação com 2022, se registar um aumento de 41,9 por cento. No caso dos veículos ligeiros de passageiros, a quebra face ao mesmo período de 2019 foi de 41,7%, mas se compararmos com 2021 registamos um acréscimo de 49,6%. No caso dos veículos ligeiros de mercadorias o mercado atingiu 6.651 unidades, o que representou menos 26,7% face ao mesmo trimestre de 2019, e um aumento de 3,2% em comparação com o período entre janeiro e março de 2022. Ainda no primeiro trimestre de 2023, vale a pena referir que 47,2 % dos veículos ligeiros de passageiros matriculados novos eram movidos a outros tipos de energia, nomeadamente elétricos e híbridos. Neste contexto, verifica-se que 16,1% dos veículos ligeiros de passageiros novos eram elétricos.

Ainda segundo os dados divulgados pela ACAP, em 2022, o mercado total de ligeiros de passageiros cresceu aproximadamente 7%, tendo o mercado de veículos elétricos registado um crescimento que ultrapassa os 34%. A quota de mercado dos automóveis elétricos passou de 0%, em 2009, para 11% em 2022. Esta tendência está alinhada com a percentagem de matrículas de automóveis ligeiros de passageiros elétricos (BEV) da União Europeia, que representam já 12 por cento. Portugal segue esta tendência, com 11% do total de matrículas em 2022.

50% afirma que próximo veículo será elétrico ou hibrido

Este crescimento já estava antecipado no estudo "As redes de retalho automóvel em Portugal – O presente e o futuro do setor", que a ACAP apresentou em maio do ano passado. Baseado num inquérito realizado junto dos consumidores nacionais – e elaborado por uma equipa de investigadores do ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa – o estudo já indicava que "a aposta em soluções de mobilidade mais verde e em tecnologia são cada vez mais uma tendência à qual as marcas e concessionários não poderão ficar indiferentes", como referia a Associação em comunicado. Na mesma ocasião, era salientado que "um em cada dois consumidores afirma que o seu próximo carro será híbrido ou elétrico. Nove em cada dez estão dispostos a pagar, no máximo, 35 mil euros por uma viatura elétrica. A totalidade dos consumidores incluídos na amostra, por sua vez, está disposta a pagar um acréscimo de preço para poder usufruir de tecnologia adicional (conectividade, condução autónoma e entretenimento)."

Ainda relativamente à tendência de eletrificação do parque automóvel, os dados do estudo revelam que, num cenário mais favorável à eletrificação, o parque automóvel de veículos de passageiros ligeiros deverá, em 2025, ser composto por 12,6% de veículos elétricos e híbridos, e por 87% de veículos movidos a gasolina e a gasóleo. Apesar da tendência crescente e de se prever que os veículos híbridos e elétricos venham a representar mais de 50% das vendas de novos veículos ligeiros de passageiros em 2025, a substituição do parque automóvel far-se-á sempre a um ritmo considerado "muito lento".

Combate ao envelhecimento é crucial 

Neste ponto a ACAP chama a atenção para o facto de as vendas anuais rondarem as 200 mil viaturas, mas a dimensão do parque já ultrapassar os 5,2 milhões de viaturas. Neste contexto, considera a Associação, "é importante focar que a idade média do parque de veículos ligeiros de passageiros, em Portugal, já em 2020 se situava em 12,8 anos, muito acima da média europeia ou da Áustria e Reino Unido (onde ronda os oito anos)". Assim, uma questão importante para acelerar a transição energética é o combate ao envelhecimento do parque automóvel em Portugal.

Neste particular, a ACAP defende a reintrodução de mecanismos de incentivo destinados ao abate de veículos convencionais e poluentes em fim de vida, com vista a acelerar a sua substituição por alternativas com baixas emissões. Da mesma forma, na perspetiva da ACAP, as atuais políticas de incentivo à aquisição de veículos elétricos, podem não ser suficientes para encorajar a adoção generalizada, particularmente tendo em conta o envelhecimento do parque automóvel em Portugal. "Em 2021, 63% dos 5,6 milhões de automóveis em circulação tinham mais de 10 anos e a idade média dos veículos ligeiros era de 13,4 anos. O Governo deve criar mecanismos para enfrentar estes desafios e contribuir para o rejuvenescimento do parque, através do apoio ao abate e aquisição de novos veículos com baixas emissões", defende Helder Pedro, secretário-geral da ACAP.

Mais notícias