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Veículos elétricos: uma transição inevitável

A popularidade dos elétricos está a crescer e a sua procura também. Existe mais consciência ambiental e mais incentivos. Mas é necessário ser mais ambicioso.

05 de Maio de 2022 às 12:42
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O mercado automóvel está a evoluir e a intenção de adquirir veículos elétricos continua a aumentar. Um estudo da EY, realizado em parceria com a Eureletric, antecipa que o número de veículos elétricos na Europa vai passar dos menos de cinco milhões, que se registam hoje, para 130 milhões até 2035. Números que impressionam! E uma boa notícia para o planeta, pois estas mudanças no setor automóvel são benéficas e urgentes e têm levado a Comissão Europeia a legislar para nos próximos anos se reduzir as emissões de CO2.

O crescimento do número de elétricos e a cada vez maior intenção de transição para os mesmos levam igualmente os governos de muitos países a criar programas interessantes de incentivos que visam favorecer a aquisição de veículos elétricos e o desenvolvimento das infraestruturas de carregamento. Helder Pedro, secretário-geral da ACAP, dá os bons exemplos da Alemanha, França e Espanha na entrevista que concede na página 4 deste especial.


A transição para a mobilidade elétrica não pode depender exclusivamente dos benefícios fiscais.

Em Portugal, este ano, também foi dado um bom passo, uma vez que o Fundo Ambiental passa a apoiar este ano com 10 milhões de euros a aquisição de veículos elétricos e de mobilidade suave. Este montante representa mais do dobro das edições anteriores, pois em 2021 começou com quatro milhões, tendo havido um reforço de 500 mil euros no final do ano. No que toca à aquisição de veículos de passageiros elétricos por pessoas singulares, aumentou de três para quatro mil euros, mantendo-se o limite de um incentivo por candidato e exclusivo para pessoas singulares, tal como em 2021. Para os veículos ligeiros de mercadorias 100% elétricos, o valor do apoio mantém-se nos seis mil euros por viatura.

Sobre os incentivos, Ricardo Silva, diretor comercial da LeasePlan Portugal, concorda que as verbas oferecidas pelo Governo facilitam a transição para os veículos elétricos. No entanto, alerta que "a transição para a mobilidade elétrica não pode depender exclusivamente dos benefícios fiscais". "Os benefícios fiscais visam acelerá-la, numa fase em que é necessário ajudar as empresas a dar esse passo. Há um propósito mais relevante relacionado com emissões e mudanças climáticas, e existe uma responsabilidade da sociedade no seu todo de dar a sua contribuição – sejam empresas ou particulares", refere o responsável da gestora de frota.

O diretor comercial da LeasePlan Portugal explica que estamos a ser obrigados pelos governos a fazer essa transição e os incentivos fiscais visam "acelerar, ou estimular os pioneiros, a pôr em prática essa nova realidade". "Os incentivos existentes atualmente estão sem dúvida a ajudar à transição para veículos exclusivamente elétricos".

Relativamente aos híbridos e híbridos plug-in – prossegue Ricardo Silva –, 2021 "veio terminar com os descontos de ISV sobre os veículos híbridos, uma vez que nenhum deles respeita os níveis mínimos de autonomia estabelecidos, e limitar o seu acesso aos veículos híbridos plug-in, que só passam a beneficiar dos descontos de 25% se respeitarem as duas regras, cumulativamente: emissões de CO2 inferiores a 50g/km e autonomia em modo exclusivamente elétrico igual ou superior a 50 km".


São necessárias mais infraestruturas de carregamento

Está a haver mudanças na indústria e no mercado automóvel. É indiscutível. Todavia, este aumento exponencial de veículos elétricos pede mudanças, como a obrigatoriedade de construir mais infraestruturas, assegurando que existem postos de carregamento suficientes para esta nova realidade anunciada. Por isso, coloca-se a questão: como estão as infraestruturas de carregamento de veículos elétricos e híbridos em Portugal?

"Segundo o relatório EV Readiness 2022 da LeasePlan, uma análise abrangente do nível de preparação de 22 países europeus para a revolução dos veículos elétricos, a infraestrutura de carregamento ainda está atrasada, criando uma escassez de carregamento à medida que os registos de VE aumentam rapidamente. Isto realça a necessidade urgente de os governos investirem numa infraestrutura pública robusta e fiável em toda a Europa, incluindo Portugal", responde Ricardo Silva, da LeasePlan, e continua: "Constata-se que a falta de infraestruturas de carregamento continua a ser um importante bloqueio que impede a adoção de veículos elétricos em todo o continente, apesar do aumento do interesse dos condutores europeus em veículos elétricos."

Apesar da vitalidade e dinamismo do mercado de veículos elétricos – registe-se que no final do ano passado, pela primeira vez no nosso país, se venderam mais veículos 100% elétricos num mês do que os modelos a gasóleo –, a verdade é que o setor automóvel ainda não recuperou para os valores de mercado do ano de 2019, o ano anterior à pandemia. Quem o diz é secretário-geral da ACAP.

"Em abril, o mercado voltou a cair face ao mês homólogo de 2021 e ainda se encontra com uma queda de 39% face ao período homólogo de 2019. Sem dúvida que a crise dos semicondutores tem contribuído para esta situação, mas a guerra da Ucrânia e da Rússia veio também agravar esta situação, dado que aqueles países são produtores de cablagens (Ucrânia) e a Rússia de matérias-primas importantes para a indústria. O setor vive, por estes motivos, uma situação difícil e com muitas incertezas face ao futuro", afirma Helder Pedro.
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