As formações direcionadas para o segmento executivo aportam vários benefícios. Os profissionais que frequentam estes cursos em universidades, escolas e academias de referência adquirem mais conhecimentos para progredir na carreira e singrar no mercado, criando condições para auferir um salário mais elevado. Melhoram-se também pessoalmente. E, ato contínuo, empresas, organizações e o país ficam mais ricos.
Pedro Borges Caroço, senior executive manager da Michael Page, refere que cada vez existe mais oferta deste tipo de formação e de maior qualidade, com a vantagem evidente de evoluírem no sentido da necessidade que o mercado vai exigindo. O responsável da empresa de referência a nível internacional na consultoria de recrutamento aponta os benefícios e explica os motivos que levam os profissionais a fazerem cursos de formação executiva que "têm um impacto muito prático e tangível tanto para os participantes como para as empresas". "Em alguns casos é possível verificar o impacto e as diferenças quando analisamos a evolução salarial pré e pós-curso, mas a grande diferenciação está na aquisição e formalização de conhecimento. Potenciar o alcance de posições de maior responsabilidade nas organizações, preparar uma nova etapa profissional, enriquecer novas hard e soft skills, ganhar vantagem competitiva no mercado de trabalho e consequentemente melhorar a sua situação salarial são algumas das motivações que levam as pessoas a investir neste tipo de formação."
O responsável da Michael Page acrescenta que o principal impacto para as partes deste tipo de formação se centra no desenvolvimento organizacional e pessoal e na aquisição de conhecimento, que se torna essencial para um "lifelong learning". "É claramente impactante no desenvolvimento de carreira e no networking que pode ser muito útil no futuro", diz.
As vantagens estão explicadas. Mas do que necessita hoje o mercado de trabalho? Quais são as áreas mais procuradas pelo segmento executivo? As mais concorridas por parte de profissionais e organizações são as que sofrem maiores mudanças a nível global, explica, apontando as áreas de "Business & Strategy; Digital & Technology; Leadership & People; Sustainable Business Strategy, que são alguns dos exemplos que vêm colmatar as necessidades das organizações atuais".
Num mundo (e num mercado laboral) em constante mutação, os próximos desafios dos gestores portugueses para estarem à altura da exigente tarefa passam por "saber liderar equipas no mundo corporativo, adaptar-se às novas tendências e inovações do mercado, saber gerir a mudança tendo sempre em vista a inovação e sempre com o objetivo de gerar valor e garantir uma adaptação constante à transformação digital".
O responsável da Michael Page afirma ser igualmente "essencial construir modelos para integrar profissionais com as novas tecnologias, reconhecer o trabalho remoto como uma ferramenta fundamental para a sustentabilidade desta nova fase e garantir a incorporação de toda a tecnologia disponível". "Obviamente esta será uma fase de adaptação rápida aos estímulos e desafios que estamos a enfrentar e será fundamental quebrar alguns hábitos do passado maximizando o potencial dos colaboradores."
Formação constante
Para trilhar o caminho do sucesso, os profissionais parecem ter de investir em mais formação, pois as licenciaturas serão apenas o ponto de partida. À questão se hoje chega ter uma licenciatura para evoluir no mercado de trabalho, Carlos Brito, vice-reitor para Investigação e Internacionalização da Universidade Portucalense (UPT), responde: "A sua pergunta é extremamente pertinente, pois no mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo em que vivemos os conhecimentos adquiridos durante uma licenciatura rapidamente se tornam obsoletos." E continua: "É por isso que é necessária a formação ao longo da vida - para uma atualização de conhecimentos mas também para a aquisição de novas competências - eventualmente bem distintas da formação ao nível da licenciatura - que permitam abraçar novos desafios profissionais e pessoais. Nesse sentido, a UPT está atenta às necessidades do mercado, oferecendo um cada vez mais sólido portefólio de programas executivos assente, designadamente, em meios digitais propiciadores de formação blended."
Alice Trindade, diretora do Instituto de Estudos Pós-Graduados do ISCSP-ULisboa, diz que "as licenciaturas são breves e mais generalistas, abrindo portas a múltiplas subespecializações". Por si só insuficientes para progredir na carreira.
Por sua vez, Hugo Miguel Dias, PwC’s Academy partner, tem dúvidas de que as licenciaturas alguma vez tenham sido suficientes - "não sei se alguma chegou" - para evoluir no mercado de trabalho. O responsável explica que o que se aprende na licenciatura é só "uma base que necessita de ser alavancada ao longo da vida por diversas fontes, entre elas o acesso a formação profissional técnica, comportamental e, cada vez mais, digital, sendo o upskilling um excelente exemplo deste paradigma".