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Formação de Executivos Maio 2019
Notícia

Um mercado em mudança profunda na oferta e na procura

A procura de formação executiva é cada vez mais movida pelas expectativas de desenvolvimento profissional, alinhadas com expectativas pessoais. As empresas estão atentas e a oferta ajusta-se para responder.

23 de Maio de 2019 às 17:45
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As mudanças profundas no mercado de trabalho ao longo dos últimos anos obrigaram a pôr completamente de lado a lógica que durante anos se associou à formação, concluída no momento em que o percurso académico inicial terminava. Hoje "voltar à escola" de tempos a tempos é essencial para manter a atualidade dos conhecimentos, para adquirir novas competências ou até para almejar a desafios profissionais em novas áreas. Ganhou-se a "consciência de que a formação ao longo da vida assume-se como um fator crucial para carreiras de sucesso, num mercado em constante evolução, repleto de incertezas e globalizado", sublinha Ana Côrte-Real, associate dean da Católica Porto Business School. É neste contexto que a formação para executivos tem ganho destaque e se transformou numa área em plena expansão, como a responsável também confirma, em relação ao ano passado, e que tem consolidado desde o início deste ano.

O estudo Global Talent Trends 2019 da Mercer revela que mais de 50% das empresas estão preocupadas com o gap existente entre as competências atuais e as que vão ser necessárias no futuro. Para Marco Gomes, principal na Mercer Jason e responsável de produtos e parcerias, estes dados são "claras pistas de que as empresas estão cada vez mais atentas ao desenvolvimento de competências dos seus colaboradores". Tornou-se urgente preparar a força de trabalho da empresa para o futuro, mas também passou a ser indispensável alinhar essas necessidades com as expectativas dos colaboradores, uma dinâmica que tem sofrido mudanças e que influencia claramente a procura e a oferta de formação executiva.

Expectativas pessoais determinam escolhas

"O paradigma da formação está ele próprio a sofrer uma transformação, pois cada vez mais o que é procurado pelos colaboradores é o desenvolvimento profissional, desenhado de acordo com as suas expectativas", sublinha Marco Gomes. "Os programas de formação padronizados já não funcionam, passa a ser muito importante segmentar e customizar os planos de formação de acordo com as expectativas das pessoas, para garantir que se consegue acompanhar quer o desenvolvimento individual quer o desenvolvimento pretendido pela organização", alerta.

Como também destaca Carlos Maia, diretor regional da Hays, "o mercado está claramente a mudar e, neste momento, é liderado pelo candidato. Há cada vez mais oportunidades e por isso também uma maior vontade de mudar para setores mais dinâmicos, ou progredir mais rapidamente na área", outro aspeto que está a influenciar a procura de formação entre executivos.

A resposta das instituições tem vindo a ser melhorada e a presença de várias universidades portuguesas nos principais rankings internacionais confirma que a oferta local de formação para executivos está alinhada com as melhores práticas internacionais.

 

Oferta competitiva e com alinhamento internacional

"Existe a nível nacional uma grande oferta de cursos de formação executiva, de características muito variáveis, que tem tornado este mercado muito competitivo", reconhece Cláudia Carvalho, administradora executiva de marketing e comunicação da Universidade Portucalense.

"Os currículos dos cursos das melhores universidades e escolas de negócios nacionais seguem tendências internacionais, pois a grande maioria dos desafios dos profissionais que procuram estes cursos é comum em Portugal, Europa, Estados Unidos, Singapura, etc.", acrescenta.

Elizabeth Real, diretora da Faculdade de Ciências da Economia e da Empresa da Lusíada Norte, acredita que nos próximos anos a oferta continuará a crescer em direção a portefólios de produtos cada vez mais flexíveis e direcionados a necessidades específicas. Há já hoje uma evolução significativa nesta direção, defende, que é "um sinal inequívoco de como a relação entre empresas e universidades está a mudar", mas muito ainda faltará fazer para potenciar sinergias, criar ofertas cada vez mais convergentes e que promovam "um conhecimento em cadeia". A chave está, defende, em continuar a aprofundar a ligação às empresas e entre instituições.

Formação de executivos: para quê e para quem?

Os programas de formação para executivos são hoje procurados por várias razões, até porque as ofertas existentes no mercado também servem vários propósitos. Elizabeth Real, diretora da Faculdade de Ciências da Economia da Empresa na Lusíada Norte, destaca a intenção de progredir na carreira, em linha com as normas aplicáveis a várias ordens profissionais, como uma delas. A reciclagem de conhecimento é outro mote importante, que se destaca sobretudo em áreas com grande dinâmica de mudança, como são os domínios das finanças ou da contabilidade, em que nos últimos anos a legislação veio introduzir alterações significativas.

As modas também ditam a procura, acrescenta a responsável. E as instituições respondem. A ascensão do turismo e do alojamento local é um exemplo claro deste tipo de tendência, espelhado em novas pós-graduações direcionadas a quem está a gerir este tipo de negócio. Aos programas com uma configuração mais abrangente juntam-se propostas para atender a segmentos mais específicos, como o ecoturismo ou o enoturismo.

As grandes tendências de mercado têm igualmente o seu papel, refletido na proliferação de formações em áreas como inteligência artificial, cibersegurança, business intelligence, logística, entre outras.

Os programas de desenvolvimento pessoal, associados à liderança, figuram também cada vez mais na lista de opções das instituições com produtos nesta área e têm ajudado a consolidar a oferta de serviços de coaching, fora e dentro da empresa. Neste mix, as áreas mais tradicionais de formação para executivos não perderam espaço.

Os MBA continuam a estar entre os mais desejados, a par de outras formações na área da gestão e do marketing, com uma atenção crescente ao digital, ou não fossem estes domínios transversais a todo o mercado.

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