A aposta na formação pode ser (e em muitos casos é mesmo) um trampolim para progredir na carreira, ou posicionar o perfil para abraçar desafios em novas áreas. Mas na hora de tomar decisões, os especialistas recomendam alguns cuidados, para fazer as escolhas certas. Definir bem os objetivos deve ser o ponto de partida. "Seja para mudar de área ou progredir na carreira, é crucial definir exatamente qual o objetivo final e quais são as oportunidades profissionais a curto e médio prazo", alerta Carlos Maia, diretor regional da Hays.
Carlos Sezões, partner da Stanton Chase, também sublinha este ponto e a importância de usar a formação para abrir horizontes e enriquecer a sua proposta de valor profissional. "Um exemplo clássico será, imaginemos, um engenheiro, com um sólido perfil técnico, que necessita de competências diversificadas, uma vez que está a gerir uma equipa/unidade de negócio cada vez mais exigente", concretiza.
"Se fizer um MBA, poderá desenvolver rapidamente conhecimentos e competências de estratégia, marketing, finanças, operações, recursos humanos e outras áreas dentro da gestão, que lhe permitirão olhar para o negócio de forma integrada", acrescenta o responsável.
Mudar de vida, com trunfos na manga
Quem pretende usar a formação especificamente para mudar o rumo da carreira, defendem os especialistas, deve preparar a transição tendo em conta vários aspetos e "mapear bem a área na qual se quer entrar", de modo a perceber dinâmicas e riscos associados, destaca Carlos Maia.
Vale a pena procurar informação sobre as aptidões mais valorizadas no setor em questão e ter em consideração que a aposta numa nova área, por muito promissora que se apresente, vai exigir algum grau de adaptação. Isto pode significar que as condições e os benefícios de uma posição num novo setor não serão os mesmos que o profissional tinha no setor de origem, pelo menos num primeiro momento. Dúvidas esclarecidas, vale a pena avançar. "As formações são vistas sempre como um ponto a favor, aos olhos das empresas", garante o diretor regional da Hays.
A melhor formação para cada profissional dependerá do perfil e dos objetivos de carreira, mas há nuances que se destacam. Para quem está em cargos de gestão, desenvolver competências sólidas nessa área é uma mais-valia indiscutível, mas é também cada vez menos o que basta. Estar atento às tendências, compreendê-las e saber agir sobre elas é fundamental e pode fazer a diferença.
É neste quadro que Carlos Sezões deixa mais um conselho: as "competências de âmbito tecnológico, que permitam entender os novos paradigmas de inteligência artificial/machine learning, serão também recomendáveis aos gestores/profissionais que queiram triunfar nesta nova era digital".
Pistas para identificar o melhor curso
Potenciar o investimento em formação não é apenas uma questão de escolher a melhor área para cada perfil. Há outros aspetos fundamentais, que uma comparação de programas pode ajudar a clarificar. Olhe para o plano curricular dos cursos potencialmente interessantes e avalie a "aplicabilidade ao seu dia a dia profissional, ou a sua pertinência para a aquisição de ferramentas que permitam consolidar conhecimentos ou esclarecer questões já existentes", aconselha Catarina João Morgado, responsável da PwC’s Academy.
Identificar o valor do corpo docente
O perfil dos formadores e "o facto de terem experiência prática nas matérias em apreço é também importante, tal como "analisar o perfil dos destinatários da ação, acrescenta a responsável, já que o curso é uma oportunidade para ouvir as perspetivas de outras entidades e contactar com outros profissionais.
Para Cláudia Carvalho, administradora executiva de marketing e comunicação da Universidade Portucalense, além da comparação dos currículos e do corpo docente de cada curso, vale a pena comparar "métodos de avaliação, horários e atividades complementares oferecidas (seminários, casos de estudo, workshops, visitas a empresas)", e outros, para identificar o real valor de cada proposta.
Ensinar a experiência
Neste leque de fatores, Ana Côrte-real, associate dean da Católica Porto Business School, também dá uma atenção destacada ao corpo docente e considera que este é um ingrediente "absolutamente crucial para o sucesso dos cursos", ou não se tratasse de um "dos elementos com maior impacto na experiência de aprendizagem do aluno".
Na formação executiva, sublinha, é importante que a formação académica sólida dos professores seja complementada com "uma ligação muito forte ao mundo empresarial e que não exista da parte destes "um mindset de quem está a dar aulas a alunos, mas de quem está a promover a reflexão estratégica junto de profissionais de diversos setores", conclui.