Outros sites Medialivre
Negocios em rede
Mais informações

C•Studio é a marca que representa a área de Conteúdos Patrocinados do universo Medialivre.
Aqui as marcas podem contar as suas histórias e experiências.

Notícia

O paradigma tecnológico

Face ao crescimento da digitalização a um ritmo superior ao previsto para a década, a aposta também deve passar pela formação básica e avançada.

12 de Julho de 2023 às 12:19
  • ...

A digitalização do emprego continua a crescer a um ritmo superior ao previsto para a década, tendo a curva subido de modo mais visível desde 2017 e de forma muito acentuada durante a pandemia, ultrapassando as projeções até 2030. Em 2022, 66% das ofertas de emprego anunciadas solicitavam competências digitais, para além, obviamente, das técnicas e transversais. São dados do relatório "Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências", coordenado pela Fundação José Neves e produzido em conjunto com equipas de investigadores da Nova School of Business and Economics, da Universidade de Aveiro e da Universidade do Minho.

 

Os diplomados em cursos de TIC (Tecnologias da Informação e da Comunicação) têm vindo a aumentar substancialmente nos últimos anos. Todavia, as vagas de emprego para especialistas nesta matéria cresceram a um ritmo cinco vezes superior ao do emprego geral entre 2014 e 2022, de acordo com o relatório. Face à discrepância entre o nível de procura comparativamente ao número de profissionais disponíveis, seis em cada dez empresas nacionais reportam dificuldades em preencher vagas, evidenciando a escassez no mercado. Além da falta de candidatos, as expectativas salariais também dificultam a contratação, aponta o "Estado da Nação". Por outro lado, as mulheres continuam sub-representadas nestas áreas de estudo, pelo que reverter esta tendência é fulcral para aumentar o número de profissionais e atingir um maior equilíbrio.

 

Ver na digitalização uma oportunidade

O estudo sugere, porém, haver um enorme potencial de digitalização por explorar. Afinal, quatro em cada dez empregos em Portugal não utilizam tecnologias digitais ou fazem uma utilização básica das mesmas, com 48% das empresas portuguesas a apresentarem um nível de digitalização baixo.

 

Com efeito, de acordo com o mesmo relatório, as empresas mais digitais são, em média, mais produtivas, apresentam equipas gestoras e trabalhadores mais qualificados, pagam salários mais elevados e mostraram-se mais resilientes no período pandémico. Daqui se pode aferir que na digitalização reside um dos fatores essenciais para a competitividade das empresas e do crescimento económico do país. Uma oportunidade única que o país não se pode dar ao luxo de desperdiçar.

 

Alinhamento de diferentes atores

Preparar-se para esta realidade presente e futura exige, além das tecnologias digitais mais avançadas, uma coordenação entre diferentes atores. Por um lado, as empresas precisam de investir na digitalização para aumentar a produtividade; por outro, apostar na formação é crucial para ter mais diplomados em cursos TIC, para desenvolver competências digitais nos outros cursos, reforçar a formação básica e avançada nesta área, promover a aprendizagem ao longo da vida. Acresce ainda fortalecer a atratividade da carreira de docente e robustecer a articulação entre as instituições de ensino e as empresas.

 

Os desafios que o sistema de educação e formação enfrenta são grandes. "A ampliação do acesso ao ensino, a flexibilidade e a adoção de recursos pedagógicos impulsionados por esta digitalização e a utilização generalizada das ferramentas de inteligência artificial estão a levar a uma profunda reflexão por parte da academia. Nem todos os estudantes têm acesso às tecnologias e esta assimetria de acesso pode aprofundar desigualdades existentes e criar divisões digitais", sublinha João Duque, presidente do ISEG.

 

Enquanto Alexandre Silva, presidente do ISCAC, afirma que "a combinação de interações pessoais significativas com o uso estratégico de tecnologias digitais pode proporcionar uma experiência mais rica e adaptada às necessidades dos estudantes no mundo atual e ao longo da vida", Fernando Serra, vice-presidente para a Área da Organização e Avaliação da Oferta Educativa ISCSP, adverte: "Se os avanços tecnológicos permitem continuar a manter a relação pedagógica intacta, a transparência e autenticidade da relação do aprendente com o conhecimento, e continuar a usar o que se aprendeu em prol do bem comum e da resolução dos grandes problemas que se colocam à humanidade, então tais avanços serão bem-vindos; pelo contrário, se desumanizam a relação pedagógica, se ludibriam e convidam ao facilitismo, à fraude ou a usos ilegítimos do conhecimento, então haverá que rever o alcance da sua incorporação no ensino superior."

 

Mais notícias