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E-commerce não é o futuro, é o presente

Comércio eletrónico não é uma tendência. Aumentou muito devido à pandemia, mas veio para ficar.

02 de Dezembro de 2020 às 09:54
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O e-commerce cresceu exponencialmente em 2020 por causa à pandemia de covid-19. Por força das circunstâncias, as pessoas saem menos, adquirem menos produtos de forma física e passam a comprar online. Simples. "Quem já comprava comprou mais e quem nunca o tinha feito passou a fazê-lo", afirmou ao Jornal de Negócios, no verão passado, Alexandre Nilo Fonseca, presidente da Associação da Economia Digital (ACEPI). O responsável acredita igualmente que "muitos vão continuar a comprar online".

No estudo "Economia e Sociedade Digital em Portugal", elaborado pela ACEPI em parceria com a IDC, fica patente, precisamente, que a pandemia acelerou o e-commerce no nosso país. As conclusões deste estudo demonstram que mais de metade dos utilizadores de internet já fez compras online (51%) em 2019, estimando-se que, esse valor cresça para 57% em 2020, devido à pandemia de covid-19.

O surto é igualmente responsável pela alteração de comportamentos de compra online, pois cerca de 60% destes compradores afirmam ter aumentado o valor das suas compras através da internet. Também a intensidade das compras aumentou.

Compra-se agora mais em lojas online portuguesas e menos em sites estrangeiros. Nas categorias de compras online destacam-se agora as "refeições entregues ao domicílio" e os "produtos alimentares e bebidas". Também os equipamentos informáticos e eletrodomésticos registaram crescimentos acentuados.

Entre as conclusões do estudo, reveladas em outubro aquando da realização do Portugal Digital Summit’20, ficou igualmente a saber-se que a eficácia das modalidades de pagamento, o conteúdo e transparência da informação, os métodos de entrega e o carrinho de compras flexível e intuitivo das lojas portuguesas são considerados muito bons. E que compradores online em Portugal confiam, na maioria, nos serviços digitais e nas lojas online.

Quanto às entregas em horários definidos e no mesmo dia ou no dia seguinte, são consideradas muito relevantes pelos portugueses. Enquanto os pagamentos por referência multibanco continuam a ser o "nosso" método preferido.

O estudo da ACEPI/IDC estima que o valor do comércio eletrónico B2C (compras realizadas por consumidores portugueses) tenha ultrapassado os 6 mil milhões de euros em 2019, representando atualmente 2,9% do valor do PIB. Para 2020, estima-se que o valor do B2C alcance quase os 8 mil milhões de euros.

No que diz respeito às empresas portuguesas, utilizam o e-commerce como alavanca de crescimento e internacionalização, aponta o estudo. Entre as conclusões do documento é explicado que, quando se trata de comércio eletrónico, a taxa de organizações de grande dimensão que vende online situa-se nos cerca de 52% – 27% para o total de empresas.

Quando questionadas sobre a perspetiva de evolução do comércio eletrónico, cerca de metade das empresas referiu que prevê um crescimento.

Desafios do negócio

Sem surpresas, desafios é o que não faltam para esta área de negócios. Questionado se as empresas em Portugal dos transportes e da logística estão preparadas para esta "explosão" do comércio eletrónico, Peter Dawson, presidente do Grupo Garland, responde que "têm de estar". "As que não estiverem e que não consigam rapidamente adaptar-se acabarão por não sobreviver", alerta o responsável da empresa, cuja área de logística se tem destacado no e-commerce.

Por sua vez, Raul Magalhães, presidente da APLOG – Associação Portuguesa de Logística, explicou que os operadores portugueses estão conscientes dos desafios do comércio eletrónico, embora, saliente, alguns não passam pelos operadores.

Em outubro, num especial dedicado aos setores do transporte e da logística publicado no Negócios, o responsável da APLOG apontou um estudo feito com a Deloitte e apresentado recentemente, em que foram analisados os desafios e as dificuldades que as empresas enfrentaram nestes últimos meses. Entre estas dificuldades está o modelo de preparação de encomendas que com o aumento das quantidades deixou de ser aplicável, revelando-se necessária a sua reinvenção.

Há também o exemplo do desafio do foco no cliente. É que, atualmente, as pessoas querem tudo no imediato e sem custo. Com uma exigência cada vez maior, as empresas têm como compromisso com os clientes satisfazer as suas expectativas e quando se disponibilizam para entregar uma encomenda em 24 horas devem fazê-lo e sempre com a garantia da partilha de informação com o cliente.

Raul Magalhães aponta ainda o desafio do modelo de distribuição, dado que hoje existem muito mais carros na rua, com tudo o que isso implica em termos de eficiência e sustentabilidade. São, assim, precisos modelos mais eficientes e isso consegue-se apostando na tecnologia. Só com uma maior capacidade de planeamento e gestão de rotas com ganhos de eficiência no transporte é que se consegue manter este tipo de distribuição sustentável económica e ambientalmente.

Online amigo do ambiente

Aproveitando o tema da distribuição sustentável, recorde-se que o e-commerce é amigo do ambiente no que diz respeito a transportes e embalagens, logo, muitos operadores anunciam que esta tendência de aumento do comércio eletrónico é positiva.

Alexandre Nilo Fonseca, da ACEPI, salientou ao Negócios, em junho, que o comércio eletrónico pode ajudar o planeta. "Com o aumento das compras nacionais, e mesmo de proximidade, tendência que aumentou muito durante este período, bem como com os esforços que os operadores de transporte têm vindo a fazer para usarem veículos mais ecofriendly – elétricos ou bicicletas, nas cidades – e a redução ou reutilização das embalagens, o e-commerce poderá contribuir de facto para a diminuição da pegada de carbono."

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