Com a criação da Plataforma Vidro+, cujo lançamento está previsto para 24 de maio, as entidades envolvidas pretendem “incentivara recolha com vista ao aumento da reciclagem das embalagens de vidro”. Trata-se de uma plataforma colaborativa, que até ao momento junta mais de 30 entidades ligadas à cadeia de valor do vidro de embalagem, associações e academia tendo como objetivos, “quer a sensibilização dos cidadãos relativamente à temática, quer o aumento da reciclagem deste material”.
“A meta para 2030 é a de recolher90% do vidro de embalagem para reciclagem e incorporação no processo produtivo em Portugal, mas ainda estamos com um valor de apenas 56%”, refere Aires Pereira da Associação Smart Waste Portugal, apontando “uma falha na cadeia de recolha” que passa pela falta de sensibilização dos cidadãos e pela falta de mais “sistemas de proximidade” para ser mais fácil depositar o vidro usado, que será depois reciclado e entra de novo no sistema produtivo.
Atualmente, o vidro que não é recolhido vai parar a aterros ou a centrais de valorização energética, onde acaba por ser queimado como lixo indiferenciado para produção de energia, contribuindo para as emissões de gases com efeito de estufa. “Vamos lançar campanhas apelando à responsabilidade dos produtores de resíduos de embalagens de vidro para a separação correta, de forma a facilitar a recolha de garrafas, frascos e outras embalagens de vidro. Todo o vidro depositado nos ‘vidrões’ é 100%reciclável, mas ainda não conseguimos sensibilizar o suficiente para a sua deposição e separação correta”, declarou Aires Pereira. A Associação Smart Waste Portugal defende que, para além do setor HORECA, se deve igualmente sensibilizar o consumidor de forma geral, aumentando assim a recolha das embalagens de vidro.
‘MyWaste’: transformar resíduos e subprodutos em recursos
A Associação está também a preparar-se para lançar, no início de junho, uma outra plataforma “de permuta de resíduos e subprodutos “entre empresas e operadores de gestão de resíduos em diferentes setores de atividade, de forma a promover uma maior valorização de resíduos. Com o lançamento da ‘MyWaste’, as entidades interessadas colocam os seus resíduos e subprodutos, diretamente na plataforma online B2B, para que os mesmos possam ser valorizados como resíduo, ou utilizados no processo produtivo de outras indústrias, como subproduto. Pretende também dar informação para que sejam apoiados os procedimentos de desclassificação de resíduos em subprodutos, processo até aqui caro e moroso, que contava apenas com a intervenção da Agência Portuguesa do Ambiente.
Associação Smart Waste Portugal com metas ambiciosas
Instituída em 2015, a Associação Smart Waste Portugal é uma plataforma de investigação, desenvolvimento e inovação, que se constitui como um polo aglutinador de diversos representantes da cadeia de valor, academia e associações, promovendo ativamente a cooperação entre entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais, na transição para a circularidade.
Com mais de 140 associados comprometidos com ações estratégicas de Economia Circular, a associação tem um papel fundamental na intervenção e divulgação de práticas sustentáveis, bem como no desenvolvimento de iniciativas com vista à agilização rumo a uma economia mais ‘verde’, resiliente e circular.
Aires Pereira, responsável pela organização, salientou o caminho que ainda é necessário percorrer no sentido de aumentar significativamente as ainda baixas percentagens de reciclagem de determinados materiais, bem como nos esforços de sensibilização de empresas, comunidade entidades públicas.
“A vertente aglutinadora da Associação Smart Waste Portugal pretende uma interação entre empresas “refere. “através de uma voz comum, que leve as suas preocupações às entidades governamentais com vista ao desenvolvimento de soluções pragmáticas de políticas estáveis”, explicou.
Fundação de Serralves comprometida com um futuro sustentável
De acordo com Ana Pinho, presidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva da Fundação de Serralves, a Economia Circular é “um elemento-chave para redesenhar a economia nacional de forma inovadora e sustentável”. A executiva diz que os apoios para a “descarbonização” da economia são urgentes e o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), um instrumento fundamental para a sua implementação.
A instituição, considerada como um dos mais bem-sucedidos e consolidados projetos culturais do país, e de grande projeção e reconhecimento internacionais, tem vindo a realizar, nos últimos anos, diversas ações que vão ao encontro do tema, assumindo, assim, um papel importante de responsabilidade social na promoção da sustentabilidade ambiental.
“Através de uma programação multifacetada, com ações direcionadas para a sensibilização do público relativamente à adoção de práticas mais sustentáveis, Serralves tem tido um papel muito interventivo na mudança de mentalidades relativamente ao Fundação de Serralves comprometida com um futuro sustentável tema da sustentabilidade e da economia «verde» ”, assegurou a responsável, salientando que a reflexão para os temas ligados à Economia Circular, não só nas áreas do ambiente e das artes mas também noutros temas centrais, estão sempre presentes nas preocupações da organização.