A APIRAC – Associação Portuguesa das Empresas dos Setores Térmico é uma associação patronal, sem fins lucrativos, criada em 1975, que tem por objetivo a adequada estruturação e desenvolvimento do setor do frio e da climatização em Portugal. Usufruindo de uma ampla base de representação, congrega verticalmente toda a cadeia de negócio do setor: projeto e consultoria; fabrico; importação e distribuição de equipamentos e componentes; instalação, manutenção, assistência técnica; qualidade do ar interior; e gestão técnica centralizada. Facto que, aliado a uma estrutura coesa e dinâmica, proporciona uma boa capacidade de intervenção junto do tecido empresarial e social. Por isso, e no âmbito deste especial, entrevistámos Nuno Roque, secretário-geral da APIRAC. O responsável da associação falou, entre outros temas, da importância de ter um bom sistema de climatização nos edifícios, do que tem de se ter em conta quando se escolhe um bom sistema AVAC – aquecimento, ventilação e ar condicionado – e de como este sistema é ainda mais fulcral face à atual pandemia.
Que balanço faz de 45 anos de APIRAC?
São mais de quatro décadas de serviço às empresas e aos seus profissionais, o que tem permitido granjear respeitabilidade e visibilidade a uma área da atividade económica nacional que é hoje, podemos dizê-lo, incontornável, ou não fosse ela própria indissociável do que de mais básico tem a ver com as preocupações do ser humano na sociedade em que vivemos: alimentação, ar que respiramos e conforto.
Por que motivo é tão importante ter um bom sistema de climatização, seja em casa – hoje mais importante por causa do teletrabalho – ou nos edifícios de escritórios e estabelecimentos comerciais?
A prática da introdução de ar exterior por sistemas de ventilação e extração em todos os edifícios, seja natural ou forçada, além de obrigatória, é fundamental para a saúde, bem-estar e segurança dos seus ocupantes ou utilizadores. A análise do espaço, das obstruções existentes, do tipo de atividade, do caudal de ar mínimo, do local de entradas e saídas do ar, da eficácia de ventilação, da climatização para evitar choques térmicos, são alguns dos requisitos a ter em conta na escolha e implementação de um bom sistema AVAC.
Atendendo ao momento de pandemia que estamos a viver é ainda mais fundamental ter bons sistemas de climatização? Porquê?
Como se tem comprovado, e genericamente aceitado, o contágio nos espaços fechados é cerca de 20 vezes mais provável do que no exterior. Acresce que cerca de 80% do nosso tempo de vida é passado em espaços fechados: as nossas casas, o nosso emprego, as nossas diversões e até muito do nosso desporto.
Importa, assim, analisar, de forma simples e racional, o que se pode fazer para que o contágio diminua fortemente no interior desses espaços. Só duas questões se colocam quando encaramos o problema da existência de agentes poluentes no interior dos edifícios: em primeiro lugar, evitar que qualquer poluente penetre nesse espaço; em segundo lugar, se o agente poluente ou patógeno foi transportado para o interior ou nele se desenvolveu, é necessário anulá-lo ou expulsá-lo rapidamente para o exterior, reduzindo o mais possível o tempo de exposição. Para este efeito, a ventilação e extração do ar do espaço em causa será um dos métodos mais eficazes e mais económicos de o conseguir.
De que forma a pandemia está a afetar as empresas do setor ou atividade da climatização e refrigeração?
Existem diferenças nos vários segmentos da cadeia de negócio. Cada segmento apresenta impactos significativos nos 1T e 2T – 1.º trimestre e 2.º trimestre – face ao período homólogo do ano passado. O valor médio do setor para o 1T é de -27%, passando para -36% no 2T. A maior quebra reportada para o 1T e que quase duplica para o 2T (-50%) encontra-se nos segmentos dos fabricantes e da distribuição.
Gostaríamos, no entanto, de destacar um facto muito positivo: o impacto quase inexistente ao nível dos despedimentos, demonstrando que os empresários estão a procurar caminhos alternativos como resposta imediata à crise e que estão a tentar manter a sua capacidade intacta, essencial numa fase de retoma.
Porém, a duração da contração do mercado pode, necessariamente, afetar este cenário positivo. A retoma poderá ser longa e não atingir de igual modo todos os segmentos da cadeia de negócio. Uma recuperação mais rápida em segmentos próximos do cliente final poderá não ser acompanhada ao mesmo ritmo noutros segmentos.
Quais são os desafios para o futuro do setor do frio e da climatização em Portugal?
O ano de 2021 e os seguintes ficarão indelevelmente marcados pela pandemia de saúde pública covid-19. O surto representa uma situação sem precedentes para os cidadãos, a sociedade e a economia nacional. Nestes tempos difíceis, é necessário um foco claro no papel crucial da atividade económica para apoiar as necessidades da sociedade e garantir que Portugal esteja pronto para enfrentar as consequências socioeconómicas da crise. Neste compromisso, a cadeia de valor, que integra indústria, comércio, serviços e tecnologia representados pela APIRAC, está mobilizada para apoiar a comunidade com as suas competências específicas para enfrentar a crise.
Desejamos que a estratégia nacional tão apoiada que está por pacotes financeiros nunca ao alcance do nosso país não desperdice as oportunidades de aplicar corretamente as subvenções europeias, modernizando energeticamente e ambientalmente o parque do edificado, hoje absolutamente pobre, em benefício das pessoas, das empresas e dos compromissos nacionais.
associados tem a APIRAC
25 mil postos de trabalho diretos no setor do frio e da climatização em Portugal
3% das exportações de máquinas de Portugal provêm deste setor