Portugal tem falhas no combate à corrupção. Talvez por isso, a nossa opinião pública sobre este tema não é a mais favorável. Não obstante, existem organizações e empresas com valores fortes e reputação excelente que ajudam a contrariar esta perceção que os portugueses têm sobre a realidade dos subornos e corrupção no país. A Sociedade de Transportes Coletivos do Porto, E.I.M., S.A. – ou STCP – é uma dessas empresas. Por isso, falámos com Cristina Pimentel, presidente do conselho de administração da STCP.
Qual foi o principal fator que levou a STCP a implementar o referencial ISO 37001 – Sistema de Gestão Anticorrupção?
Ao longo dos seus 151 anos de história, a STCP construiu um legado reputacional de integridade, transparência, cumprimento das normas, procedimentos vigentes e honestidade na relação com todos os seus fornecedores e clientes. Este legado, e a reputação externa e interna da empresa, constituiu para nós um ativo de grande relevância a preservar e fortalecer.
Neste contexto, a implementação do referencial ISO 37001 surgiu como um processo natural de fortalecimento da nossa missão, visão, valores e posicionamento da STCP enquanto referência incontornável no setor do transporte público rodoviário nacional e internacional.
Numa fase em que a empresa se prepara para novos investimentos na sua frota e instalações, decorrentes do compromisso dos municípios seus acionistas para com a descarbonização, a implementação do referencial ISO 37001 assumiu-se como uma oportunidade para sistematizar e revisitar procedimentos-padrão, operacionais e financeiros, que se encontravam em vigor na empresa fortalecendo e projetando para o futuro o legado reputacional, de integridade e honestidade com que a empresa sempre atuou junto dos seus fornecedores e clientes.
Ao longo do processo de implementação da norma quais foram os grandes desafios e impactos na organização?
A sistematização de processos e a adaptação destes às particularidades da organização.
Como foi o processo de envolvimento de todas as partes interessadas? Internas e externas.
Sendo a STCP uma empresa com um longo passado, um quadro dirigente e técnico altamente qualificado e com enorme experiência no setor dos transportes, sempre aberto a novas conquistas e desafios, o envolvimento das equipas internas foi de total compromisso e entusiasmo. Sem o envolvimento de uma vasta equipa, multidisciplinar e muito empenhada na obtenção de resultados não teria sido possível alcançar o objetivo a que nos propusemos. Ao longo do processo contámos também com o apoio e a colaboração dos nossos principais stakeholders, empresas participadas e principais fornecedores que responderem ao desafio que lhes propusemos com clareza e empenho.
Quais as principais diretrizes definidas para garantir a transparência da organização?
O reforço das normas de conduta relacionadas com a gestão de conflitos de interesses, assim como normas de relacionamento com entidades públicas, fornecedores, concorrentes e parceiros de negócio, e o revisitar de procedimentos operacionais, de contratação e financeiros com enfoque nos riscos que estes podem acarretar propondo um conjunto de medidas e ações corretivas.
A certificação, como reconhecimento por entidade independente, resultou em melhorias no desempenho do sistema de gestão?
A sistematização dos processos resultou numa clara melhoria para o sistema de gestão da empresa, que se encontra agora mais bem estruturado para lidar com o tema do suborno e da corrupção de uma forma ainda mais transparente e fomentar uma cultura de empresa que assente em princípios de integridade e de transparência.
Quais os principais benefícios da implementação e certificação de acordo com a norma?
O reforço da credibilidade externa da empresa, nomeadamente a nível internacional. A nível interno, o reforço de um ambiente de trabalho íntegro e transparente em que os colaboradores se sintam seguros e confiantes na organização e nos procedimentos e sistemas de acompanhamento em vigor na empresa.