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Taxas de juro estão nos níveis mais baixos em 5.000 anos

Ignacio de la Torre, economista-chefe da Arcano Partners, considera que o mercado não está preparado para uma mudança da política monetária. E antevê que a Euribor comece a subir no próximo ano.

Miguel Baltazar/Negócios
04 de Maio de 2017 às 22:00
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A boa notícia: a economia está a crescer. A má: isso levará a subidas na inflação. Foi a mensagem apresentada por Ignacio de la Torre. O economista da Arcano Partners considera que para responder à inflação, os bancos centrais terão de retirar estímulos. E alerta para o risco do mercado não estar preparado para isso.

"A Fed pode tirar dois biliões de dólares do seu balanço nos próximos anos. E o BCE pode anunciar uma alteração da política monetária em Setembro e o mercado não está muito preparado para isso", referiu numa apresentação a investidores em Lisboa, realizada esta quinta-feira, 3 de Maio.

Ignacio de la Torre, que além da formação em economia tem também um doutoramento em História, apresentou mesmo um gráfico a mostrar que as taxas de juro estão nos níveis mais baixos em 5.000 anos, desde os tempos da Babilónia. E que só há um caminho, os juros terão de subir.

O economista antecipa que "a Euribor vai começar a subir no próximo ano" e que no próximo ano será a primeira vez numa década em que o mercado terá de lidar com uma diminuição da liquidez e do balanço dos bancos centrais.

Com a Fed a preparar-se para reduzir o balanço ainda este ano, Ignacio de la Torre refere que a retirada de liquidez dos bancos centrais terá "grandes consequências nos próximos dez anos". Já em relação ao BCE considera que a resposta à questão se "estamos numa situação de urgência em que temos de injectar mensalmente 60 mil milhões de euros" é "não".

Ignacio de la Torre salienta, no entanto, que o processo de retirada será feito de forma suave. Mas antecipa que como a credibilidade do banco central é avaliada pelo nível da inflação, a entidade liderada por Mario Draghi poderá ser alvo de ataques por parte de alguns partidos políticos na Alemanha. Assim, prevê que o processo de retirada de estímulos seja anunciado em Setembro e comece a ser executado em Janeiro.

Até porque prevê um maior crescimento na Europa do que o que está actualmente estimado por entidades como o FMI e o Banco Mundial, baseando-se nas indicações deixadas pelos índices PMI (índices de compras dos gestores). "Todos os dados mostram que o crescimento está de volta e pela primeira vez em muitos anos a Europa aparenta estar melhor que os EUA", referiu.

E como investir num cenário de mais crescimento, subida da inflação e menos apoio do banco central? "Comprar imobiliário na Península Ibérica", diz. E dá um exemplo de qual seria a opção mais racional para um francês prestes a chegar à reforma e com poupanças. Investir em dívida gaulesa com elevados múltiplos de avaliação ou em imobiliário em países em que os preços estão mais subavaliados? E defende a segunda opção.

Já para quem pensar recorrer a crédito, Ignacio de la Torre defende que dadas as expectativas de subida da Euribor faz sentido recorrer a taxas fixas. Por outro lado, para as empresas e entidades que têm de fazer a gestão da dívida, defende que têm de diversificar rapidamente o financiamento e estender as maturidades. 

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