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Fitch: Pressão na rentabilidade pode acelerar consolidação na banca
A Fitch argumenta que os bancos mais pequenos e menos diversificados são os que vão enfrentar maiores dificuldades devido ao ambiente de juros muito baixos.
As taxas de juro nas principais economias desenvolvidas estão em mínimos históricos. E a expectativa da agência de notação financeira Fitch é que os juros se mantenham em níveis muito deprimidos para lá da pandemia. Um ambiente que vai continuar a afetar o setor financeiro e que, fruto da pressão nos lucros do setor, pode acelerar movimentos de consolidação na banca.
"As margens de lucro dos bancos nos mercados desenvolvidos podem ser pressionadas pelas baixas taxas de juro depois da pandemia", antecipa a Fitch, num relatório com previsões para 2021. Ainda no mesmo documento, a agência realça que, enquanto "a rentabilidade de grandes bancos diversificados é parcialmente protegida pela receita baseada em taxas da atividade do mercado de capitais", entidades mais pequenas e com menor diversificação de receitas podem ter dificuldades em manter resultados positivos sem assumir maiores riscos, "como conceder crédito para segmentos com maior risco ou por prazos maiores".
A Fitch considera, assim, que "a pressão na rentabilidade é provável que leve a cortes de custos e pode catalisar consolidação na indústria em alguns mercados".
O movimento de fusões e aquisições no setor poderá, assim, continuar, isto depois de, nos últimos meses, já terem sido avançadas várias uniões entre grandes bancos, nomeadamente no mercado espanhol. O CaixaBank e o Bankia estão em processo de fusão, enquanto o BBVA e o Sabadell chegaram a iniciar conversações para uma união, mas estas negociações acabaram por ser abandonadas.
No mercado nacional, o Santander e o BCP garantem estar preparados para aproveitar a nova onda de consolidação que já começa a atravessar o setor, mas, para já, asseguram que não há qualquer negócio concreto em vista.
Deterioração "aguda" de ativos em 2021
Apesar de não se referir concretamente à banca nacional neste "Outlook" para o setor, a Fitch divulgou, no início deste mês, uma nota onde antecipa uma "deterioração aguda" da qualidade dos ativos da banca portuguesa em 2021, devido à grande exposição a moratórias de crédito na sequência da pandemia.
"Os bancos portugueses têm um dos maiores volumes de empréstimos sob moratórias entre os bancos da Europa ocidental, com uma estimativa de 20% dos empréstimos consolidados no final de setembro de 2020", algo que "aumenta a incerteza acerca das perspetivas para a qualidade dos ativos e oneração dos ativos", pode ler-se num relatório hoje divulgado.
Segundo a Fitch, a incerteza "indica o caminho para uma esperada deterioração aguda a partir de 2021".