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Portugal ruma à Ásia para seduzir novos investidores em dívida
O presidente do IGCP explica que o rating A é determinante para a confiança dos investidores no país e anunciou que será feito um "roadshow" em novembro.
O rating A está a ser a chave para Portugal conseguir não só mais, mas também diferentes investidores em dívida. O país está a captar a atenção de fundos soberanos e de pensões, incluindo da Noruega ou do Médio Oriente. O próximo passo é a Ásia, onde será feito um "roadshow".
No Parlamento, onde foi ouvido na audição anual na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, o presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, Miguel Martín, anunciou os encontros com investidores asiáticos a realizar em novembro.
Explicou que Noruega, Médio Oriente ou Singapura são geografias de onde os fundos de pensões e soberanos já estão a investir em Portugal, graças ao rating A. "Também o Japão pode começar a comprar" com a inclusão no principal índice mundial de obrigações do Tesouro, o FTSE World Government Bond Index (WGBI), o que vai acontecer a 1 de novembro.
"Há uma inversão importantíssima na forma de financiamento da República em mercado", indicou Miguel Martín, lembrando que o país está no patamar A em todas as cinco agências consideradas pelo Banco Central Europeu (BCE) - as norte-americanas Moody's, Standard and Poor's e Fitch, a canadiana DBRS e a alemã Scope. Em três delas, o "outlook" é positivo, o que sinaliza que poderá haver uma revisão em alta.
Segundo o responsável pela gestão dívida pública, esta classificação refletiu-se no resultado das duas vendas sindicadas de obrigações do Tesouro realizadas este ano, em que houve uma "alteração de padrão importantíssima" com maior presença de fundos soberanos e bancos centrais, que não o BCE. "Traduz a diversificação dos investidores, que resulta do aumento de rating da República. É de facto o que nos permite diversificar fontes de financiamento", indicou.
E a própria performance da "yield" das obrigações também o reflete já que Portugal financia-se neste momento às mesmas taxas do que países como a Áustria e abaixo de França, por exemplo. As melhorias dão ao país maior fôlego para lidar com a redução presença, no mercado, do BCE, que decidiu não continuar com os programas de compra de dívida para travar a inflação. "Até 2027 há uma pressão cada vez mais para colocar mais dívida junto de investidores que não o BCE", acrescentou Miguel Martín.
(Notícia atualizada)