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Portugal avança com emissão sindicada a sete anos

Portugal contratou um sindicato de bancos para organizar uma emissão de obrigações com uma maturidade de sete anos.

Bruno Simão
31 de Março de 2020 às 14:54
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Portugal está a preparar uma emissão sindicada de uma niva linha de obrigações a sete anos com maturidade em 15 de outubro de 2027. Segundo informação avançada pela Bloomberg, o IGCP contratou um sindicato bancário para realizar a operação no curto prazo, sendo que esta é a segunda vez que Portugal realiza uma operação deste género em 2020.

Barclays, BBVA, CaixaBI, Credit Agricole, JPMorgan e Morgan Stanley são os bancos contratados para esta emissão sindicada, cujos títulos vencem a 15 de outubro de 2027. Não foram indicados para já detalhes nem sobre a data de realização da operação, nem sobre montantes a emitir. No entanto Portugal vai habitualmente ao mercado na quarta-feira, pelo que a operação poderá acontecer amanhã ou na próxima semana.

A taxa a sete anos de Portugal seguia a subir 9,4 pontos base para os 0,509% no mercado secundário. Este preço poderá ser indicativo do valor que a República poderá ter que pagar para colocar a nova dívida.

A notícia de uma nova emissão sindicada surge depois de o IGCP ter revisto as suas necessidades de financiamento, devido ao surto da covid-19. O IGCP vai aumentar o montante de emissão de obrigações do Tesouro em 250 milhões de euros por leilão, ao mesmo tempo que irá acelerar a execução do programa de financiamento de médio e longo prazo.

Em entrevista escrita ao Negócios, a presidente do IGCP Cristina Casalinho já tinha adiantado que "os emitentes soberanos têm vindo a cumprir com os programas de financiamento como planeado; contudo, como se constatou em crises anteriores, os planos podem ter de ser rapidamente alterados e ajustados".

A resposta à epidemia vai aumentar as necessidades de financiamento dos governos um pouco por toda a Europa e Portugal não é exceção, com o Executivo de António Costa a comprometer-se, para já, com medidas no valor de 9,2 mil milhões de euros.

Os analistas já antecipavam o lançamento de uma nova linha de dívida no início de abril, num momento em que o Banco Central Europeu (BCE) já está no mercado a comprar dívida ao abrigo do novo programa de emergência para fazer face à pandemia. A entidade liderada por Christine Lagarde tem um cheque de 750 mil milhões de euros para investir em dívida pública e privada em 2020, um valor que pode ser aumentado caso seja necessário.

Este programa pandémico, que se soma ao programa de compras mensal do BCE e aos reinvestimentos, tem beneficiado a dívida da periferia e acelerou uma correção dos juros nos últimos dias. Segundo estimativas do Danske Bank, o BCE deverá investir 16 mil milhões de euros em dívida portuguesa no acumulado do ano, contabilizando os vários programas do banco central.

Segunda sindicada do ano

Esta será a segunda vez que o IGCP avança com uma emissão de dívida com recurso a um sindicato bancário em 2020. Logo no início do ano, a 8 de janeiro, Portugal pagou uma taxa de juro de 0,475% para emitir 4 mil milhões de euros em dívida sindicada a 10 anos.

No entanto, as condições de financiamento sofreram grandes alterações desde então, com o contégio da covid-19 a determinar um forte agravamento dos juros da dívida soberana no euro. Ainda assim, nos últimos dias parte dessa subida foi invertida, perante a expectativa que a "bazuca" do BCE consiga suportar a dívida da região.


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