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Juros da Grécia atingem mínimo de oito anos abaixo dos 5%
O acordo com os credores e a bem-sucedida operação de troca de dívida estão a ter forte impacto no mercado secundário, com os juros a regressarem a níveis só vistos antes do primeiro resgate.
Os juros da dívida pública grega estão esta terça-feira em forte queda, reflectindo notícias positivas sobre o processo de saída do país do programa de assistência financeira.
A "yield" das obrigações a 10 anos afunda 56,4 pontos base para 4,81%, o que de acordo com as taxas genéricas da Bloomberg corresponde ao nível mais baixo desde Novembro de 2009, altura em que Atenas ainda não tinha solicitado o primeiro resgate.
Os juros estão em queda em todas as maturidades. Descem 16 pontos base para 2,437% no prazo a dois anos e caem 17 pontos base a cinco anos, para 3,73%. Nos prazos mais longos as quedas são mais acentuadas: descida de 79 pontos base para 5,18% a 15 anos e queda de 64 pontos base para 5,28% a 20 anos.
Esta evolução positiva surge depois de no sábado o governo grego e os credores terem alcançado um acordo, ao nível técnico, que define o conjunto de medidas que Atenas tem de implementar para receber a próxima tranche do actual programa de assistência financeira.
A outra notícia positiva diz respeito à operação de troca de dívida, que foi concluída com sucesso, sendo que já estão a negociar no mercado as obrigações emitidas para trocar com as antigas.
Esta operação visou sobretudo dar liquidez ao mercado de obrigações grego e preparar o país para o regresso em pleno aos mercados após o fim do programa, que está previsto terminar em Agosto.
"Depois das operações para melhorar a liquidez, as obrigações gregas dispararam (…) e esta tendência deve permanecer", adiantou Lefteries Farmakis, do UBS, à Bloomberg.
Preparar regresso aos mercados
Para a saída do programa, Atenas ainda tem de dar vários passos relevantes. A lista de tarefas contém mais de 100 medidas para implementar pelo Governo de Tsipras, sendo que algumas vão ser votadas no Parlamento grego este mês e todas elas têm que ser aprovadas até à data limite de 11 de Janeiro.
Assim que o Governo grego implementar todas as medidas acordadas, os ministros das Finanças da Zona Euro vão analisar na reunião de 22 de Janeiro se Atenas está a cumprir o estipulado. Se for dada luz-verde pelo Eurogrupo, nesta que será a primeira reunião liderada por Mário Centeno, o dinheiro deverá chegar a Atenas em meados de Fevereiro.
Como assinala a Bloomberg, se o Governo grego conseguir fechar com sucesso o terceiro programa de assistência desde 2010, receberá os fundos necessários para regressar aos mercados de forma mais tranquilo no pós-troika, mas ganhará também a confiança dos investidores, numa altura em que estão já distantes os confrontos entre Atenas e aos credores e as sucessivas falhas no cumprimento dos acordo com parte de Atenas.
A Grécia pretende emitir obrigações com uma maturidade a três ou sete anos, logo depois da reunião do Eurogrupo de Janeiro. O objectivo passa por angariar pelo menos 6 mil milhões de euros, por forma a construir uma almofada de 15 mil milhões de euros para garantir as necessidades de financiamento de 2019.
Economia cresce pelo terceiro trimestre
Se nos mercados a Grécia está a registar uma evolução positiva, na economia também há notícias favoráveis a assinalar. No terceiro trimestre deste ano o PIB da Grécia cresceu 0,3% em cadeia, depois da expansão de 0,8% registada nos três meses anteriores.
Foi o terceiro trimestre consecutivo de crescimento em cadeia do PIB, o que já não acontecia desde 2010.