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BCP coloca 450 milhões em dívida subordinada com juro nos 3,871%
O banco liderado por Miguel Maya emitiu 450 milhões de euros em dívida subordinada Tier 2, sendo que no final da operação a taxa de juro foi fixada em 3,871%.
O Banco Comercial Português fechou esta sexta-feira uma emissão de dívida subordinada com uma maturidade a 10 anos e seis meses, sendo que a oferta arrancou com um preço que apontava para uma taxa de juro acima de 4%, mas esta acabou por ficar abaixo deste nível.
Em comunicado à CMVM nesta sexta-feira, o BCP informa ter fixado hoje as condições da nova emissão de títulos representativos de dívida subordinada que se espera que venha a ser elegível como fundos próprios de nível 2, ao abrigo do seu Euro Note Program.
A emissão, no montante de 450 milhões de euros, terá um prazo de 10,5 anos, com opção de reembolso antecipado pelo banco no final de 5,5 anos, e uma taxa de juro de 3,871%, ao ano, durante os primeiros 5,5 anos (correspondente a um spread de 4,231% sobre a taxa mid-swaps de 5,5 anos, o qual, para a fixação da taxa de juro para os remanescentes 5 anos, se aplicará sobre a taxa mid swaps em vigor no início desse período), explica o banco liderado por Miguel Maya.
"A operação foi colocada num conjunto muito diversificado de investidores institucionais europeus", acrescenta.
O banco sublinha que "a celeridade com que a operação foi executada representa a confiança do mercado no Millennium bcp, no sucesso do seu plano estratégico e a capacidade do banco de aceder a este importante segmento do mercado de capitais".
A emissão, destaca o comunicado, "insere-se na estratégia do Millennium bcp de otimizar a sua estrutura de capital e reforçar a sua presença no mercado de capitais internacional".
Esta manhã a Bloomberg tinha já avançado com os detalhes da emissão do BCP, que pretendia colocar entre 400 e 500 milhões de euros em obrigações subordinadas Tier 2 e que no final optou por colocar 450 milhões de euros (corresponde ao ponto médio do intervalo).
A Bloomberg adiantou que o initial price talk (IPT), que corresponde à primeira taxa de juro oferecida pelo emitente, era de 4,1255%, mas que tinha descido ao longo da emissão e sido fixado em 3,875%. "Esta descida de 25 pontos base reflete o interesse dos investidores pelos títulos, já que a procura superou os 725 milhões de euros", referiu a agência.
O BCP tinha anunciado na quinta-feira que tinha mandatado o Credit Suisse, o Goldman Sachs International, o JPMorgan e o Millennium BCP para avançar com esta emissão de dívida subordinada. O banco liderado por Miguel Maya tinha já adiantado que os títulos iriam pagar uma taxa fixa, com prazo de 10 anos e 6 meses e possibilidade de reembolso antecipado, por parte do banco, uma vez decorridos 5 anos e 6 meses. Daí o código dos títulos: 10.5NC5.5.
As emissões de dívida subordinada não são comparáveis com outras emissões de dívida sénior, uma vez que estes títulos têm um risco maior. Estas obrigações contribuem para o capital do banco, mas os seus detentores serão chamados a sofrer perdas no caso de uma resolução da instituição financeira. E, consequentemente, costumam exigir um prémio maior. "Pretende-se que a emissão venha a preencher os requisitos regulamentares necessários para poder ser classificada como instrumento de fundos próprios de nível 2", anunciou ontem o BCP
A última vez que o BCP realizou uma emissão de dívida subordinada a 10 anos, e que também serviu para reforçar o rácio de capital suplementar Tier 2, foi em novembro de 2017, altura em que pagou uma taxa de cupão de 4,5% para colocar 300 milhões de euros. Desde então, as condições de mercado mudaram, com as taxas de juro praticadas a descerem consideravelmente.
O BCP realizou também, em janeiro deste ano, uma emissão de dívida subordinada, mas perpétua. Nessa altura, o BCP pagou um juro de 9,25% para emitir 400 milhões, tendo a procura duplicado a oferta.