Notícia
Bancos centrais não têm de deter dívida, mas podem ganhar em continuar a fazê-lo
Após mega programas de estímulos, especialmente no rescaldo da crise financeira, as autoridades monetárias estão a retirar liquidez da economia diminuindo o volume dos balanços. Manter algum nível de presença no mercado poderá, contudo, ser benéfico.
Uma década de políticas expansionistas para estimular as economias insuflou os balanços de bancos centrais como o norte-americano ou o europeu para máximos. Agora que as autoridades monetárias estão a recuar para retirar liquidez do mercado e ajudar a travar a inflação, levanta-se a questão: quanta dívida deve manter-se no balanço? Há um nível conveniente.
Annette Vissing-Jørgensen, conselheira sénior do comité de governadores da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), apresentou uma análise no fórum anual do Banco Central Europeu (BCE) que indica que, tanto de um lado do Atlântico como do outro, poderá fazer sentido continuar a usar o balanço.
"Um banco central não precisa de deter um grande balanço para impulsionar a economia", começou por sublinhar Annette Vissing-Jørgensen. Ainda assim, "as reservas representam um ativo líquido e seguro, sugerindo que os bancos centrais poderão querer proporcionar o suficiente" para atingir o que chama de "yield" conveniente.
A crise financeira global marcou um momento de viragem para a estratégia dos bancos centrais em várias jurisdições. A Fed avançou, logo em 2008, com o processo de expansão monetária por via de compra de obrigações, conhecido como "quantitative easing" (QE), enquanto o BCE seguiu os mesmos passos a partir de 2015.
A crise da covid-19 levou a um relançamento das aquisições, com vista à estabilização financeira e, mais tarde, ao estimular a economia. "Muito já foi dito sobre quando e quanto é que o QE afeta os preços dos ativos e a economia, mas muito menos sobre o quantitative 'tightening' (QT)", referiu a economista dinamarquesa sobre o processo inverso de redução do balanço.
Tanto Fed como BCE estão a percorrer esse caminho, apesar de em fases diferentes. Do lado norte-americano, o balanço está a ser ativamente reduzido, estando atualmente em 8,4 biliões de dólares, face aos 9 biliões de dólares há um ano.
Já Zona Euro, o reinvestimento dos títulos de dívida que atingem a maturidade está a ser alterado. A carteira do programa regular está atualmente a diminuir a um ritmo "comedido e previsível" de 15 mil milhões de euros mensais até ao final deste mês, mas depois disso os reinvestimentos serão descontinuados. Também o financiamento de longo prazo com condições favoráveis aos bancos chegou ao fim.
Mas e quando o balanço já não for preciso nem para estimular nem para refrear a economia? Annette Vissing-Jørgensen defende que há um "tamanho conveniente para maximizar o balanço", sendo que este vai variando ao longo do tempo e tem de ser visto como indicador de políticas ao qual se juntem outros fatores autónomos.
Além disso, apesar de as conclusões serem aplicáveis tanto aos EUA como à Zona Euro, a economista dinamarquesa acrescenta que há uma importante distinção entre as duas regiões. "Os constrangimentos políticos em relação aos ativos que os bancos centrais podem deter sem criar ameaças à sua independência afetam o nível de reservas maximizador da conveniência", acrescentou.
Annette Vissing-Jørgensen, conselheira sénior do comité de governadores da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), apresentou uma análise no fórum anual do Banco Central Europeu (BCE) que indica que, tanto de um lado do Atlântico como do outro, poderá fazer sentido continuar a usar o balanço.
A crise financeira global marcou um momento de viragem para a estratégia dos bancos centrais em várias jurisdições. A Fed avançou, logo em 2008, com o processo de expansão monetária por via de compra de obrigações, conhecido como "quantitative easing" (QE), enquanto o BCE seguiu os mesmos passos a partir de 2015.
A crise da covid-19 levou a um relançamento das aquisições, com vista à estabilização financeira e, mais tarde, ao estimular a economia. "Muito já foi dito sobre quando e quanto é que o QE afeta os preços dos ativos e a economia, mas muito menos sobre o quantitative 'tightening' (QT)", referiu a economista dinamarquesa sobre o processo inverso de redução do balanço.
Tanto Fed como BCE estão a percorrer esse caminho, apesar de em fases diferentes. Do lado norte-americano, o balanço está a ser ativamente reduzido, estando atualmente em 8,4 biliões de dólares, face aos 9 biliões de dólares há um ano.
Já Zona Euro, o reinvestimento dos títulos de dívida que atingem a maturidade está a ser alterado. A carteira do programa regular está atualmente a diminuir a um ritmo "comedido e previsível" de 15 mil milhões de euros mensais até ao final deste mês, mas depois disso os reinvestimentos serão descontinuados. Também o financiamento de longo prazo com condições favoráveis aos bancos chegou ao fim.
Mas e quando o balanço já não for preciso nem para estimular nem para refrear a economia? Annette Vissing-Jørgensen defende que há um "tamanho conveniente para maximizar o balanço", sendo que este vai variando ao longo do tempo e tem de ser visto como indicador de políticas ao qual se juntem outros fatores autónomos.
Além disso, apesar de as conclusões serem aplicáveis tanto aos EUA como à Zona Euro, a economista dinamarquesa acrescenta que há uma importante distinção entre as duas regiões. "Os constrangimentos políticos em relação aos ativos que os bancos centrais podem deter sem criar ameaças à sua independência afetam o nível de reservas maximizador da conveniência", acrescentou.