A agência de notação financeira Standard & Poors decidiu não se pronunciar sobre a dívida soberana de Portugal e manteve o rating em BBB, que corresponde a dois níveis acima de lixo - penúltimo nível da categoria de investimento de qualidade -, tendo deixado na categoria de 'estável' a perspetiva para a evolução da qualidade da dívida soberana.

A última vez que a S&P procedeu a mexidas na avaliação à qualidade da dívida portuguesa foi em abril do ano passado – quando cortou inesperadamente o "outlook", de positivo para estável. Depois, em setembro, optou por deixar a avaliação inalterada. Este ano, a 12 de março, também tinha mantido o status quo.

Atendendo a que a última vez que a agência se pronunciou com um relatório foi em setembro de 2020, havia a expectativa de que hoje pudesse voltar a fazê-lo, mas isso não aconteceu.

A expectativa dos analistas que falaram com o Negócios era a de que tudo se mantivesse no dia de hoje, tal como sucedeu.

"Ainda estamos a sofrer o impacto da pandemia e as agências de rating parecem estar em compasso de espera até que saibamos como é que serão os défices orçamentais em 2022", frisou ao Negócios o analista-chefe do departamento de mercados do Danske Bank, Jens Peter Sørensen.

Também Filipe Garcia, economista da IMF – Informação de Mercados Financeiros, considerou que nada mudaria "Nada de significativo se alterou ainda em termos da política monetária do BCE e, apesar de uma evolução positiva na atividade económica, o rácio da dívida e a aproximação da discussão do OE 2022 não deverão permitir uma alteração da perspetiva e muito menos da notação", antecipou.

Mário Martins, analista da ActivTrades, considerava igualmente expectável que a S&P deixasse inalterados o rating e outlook para a dívida portuguesa.

Nuno Mello, analista da XTB, tinha igual posição. "À semelhança do que foi decidido pela DBRS no final do mês passado, o rating da dívida pública portuguesa deverá manter-se em BBB e o outlook estável", apontou. "Recordemos que na última revisão, feita em abril de 2020, a S&P baixou o outlook de Portugal de positivo para estável devido ao severo impacto que a pandemia teve sobre a nossa economia e às medidas restritivas impostas pelo Governo que afetaram todos os setores económicos mas em particular o do turismo e restauração", frisou.

"Apesar de Portugal ter apresentado esta semana o segundo maior crescimento do PIB do 2.º trimestre da Zona Euro, penso que não será ainda suficiente para alterar o outlook dado pela agência", reforçou Nuno Mello.

A S&P, tal como a DBRS, já não tem na agenda deste ano mais avaliações para Portugal. Na próxima semana será a vez de a Moody's poder pronunciar-se, estando a possível decisão da Fitch marcada para 12 de novembro.

(notícia atualizada às 22:03)