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Incerteza junto à fronteira ucraniana deixa Europa sem rumo. Metais preciosos e petróleo sobem
Acompanhe aqui o dia dos mercados.
Dólar recua com menor preocupação com crise ucraniana
A moeda norte-americana recua pelo segundo dia consecutivo à medida que os investidores acreditam que uma invasão russa da Ucrânia poderá não vir a ocorrer. Isto apesar de Washington continuar a acusar Moscovo de mentir sobre a retirada de tropas das zonas junto à fronteira ucraniana.
A moeda única europeia avança 0,2% perante a nota verde, cotando nos 1,1382 dólares.
A divisa norte-americana também cede terreno perante o iene (-0,16%) e libra esterlina (-0,38%).
Bolsas europeias fecham em terreno misto. Setor das telecom e banca pesam na sessão
As bolsas europeias concluíram a sessão desta quarta-feira divididas entre perdas e ganhos, num dia em que as atenções continuaram viradas para os desenvolvimentos na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia.
O otimismo vivido na sessão anterior parece ter acalmado em algumas bolsas da Europa. No Stoxx 600, o fecho foi em terreno positivo por uma margem muito ligeira (0,04%).
Uma boa parte dos setores fechou com perdas, como é o caso do setor das telecomunicações, que recuou 1,15%, ou do setor da banca, que cedeu 1,01%. Em sentido contrário, as empresas do setor de oil & gas animaram a sessão, a valorizar 1,6%, num dia em que o petróleo está a registar ganhos acima de 2,5%. Nota ainda para as empresas do setor de imobiliário, que também valorizaram 1,6%.
O PSI-20 registou a segunda maior subida entre os ganhos ligeiros das praças europeias, a valorizar 0,34%. Em Espanha, o IBEX avançou 0,22%, enquanto em Amesterdão a subida foi de 0,49% - a maior na Europa. Já Frankfurt caiu 0,28%, o CAC 40 cedeu 0,21% e o inglês FTSE desvalorizou 0,07%.
"Falsa retirada" russa impulsiona metais preciosos
As declarações do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em entrevista à MSNBC, indicando que, ao contrário do que Moscovo anunciou, as tropas russas não se estão a afastar da fronteira com a Ucrânia, antes pelo contrário, provocaram uma subida nos preços dos metais preciosos.
A platina regista o maior avanço, com os preços a aumentarem 3,52%, para 1.063,66 dólares por onça. Já o ouro está a cotar nos 1.867,17 dólares por onça, mais 0,73% do que na véspera.
Também a prata sobe 0,64%, para os 23,51 dólares, enquanto o paládio, utilizado na produção de baterias para veículos elétricos e cujo maior produtor mundial é a Rússia, avança 1,57%, cotando nos 2.288,94 dólares por onça.
Juros das obrigações aliviam
As taxas de juro das obrigações soberanas da zona euro estiveram a aliviar esta terça-feira, perante a expectativa que o Banco Central Europeu (BCE) seja cauteloso a subir taxas de juro, acautelando a recuperação da economia.
A taxa de referência de Portugal a 10 anos esteve a recuar 4,2 pontos base para 1,14%. Um movimento de queda acompanhado pelos outros países da periferia do euro. As taxas transalpinas caíram 4,7 pontos base para 1,907%, enquanto a "yield" espanhola baixou 3,4 pontos para 1,269%.
No core, as "bunds" alemãs aliviaram 3,1 pontos base para 0,273%.
Os juros das obrigações soberanas têm vindo a agravar-se nas últimas semanas, perante a expectativa de uma retirada de estímulos monetários na região e que o BCE decida ainda este ano a primeira subida de juros.
Apesar de ser amplamente esperado o início do ciclo de normalização das taxas de juro na região, vários membros do banco central têm vindo a pública assegurar que a autoridade será cautelosa a subir juros.
Petróleo a recuperar depois da queda trazida por aparente acalmar da situação na Ucrânia
O petróleo está a recuperar esta quarta-feira, depois de na sessão anterior ter registado a maior queda em 2022, trazida por um aparente acalmar na tensão na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, com o anúncio do regresso de alguns militares russos às bases habituais.
Essa situação poderá ter sido "sol de pouca dura", já que os Estados Unidos e a NATO referem que a Rússia estará não a retirar militares da fronteira, mas sim a aumentar o número de efetivos nas regiões próximas da Ucrânia. "Isso é o que a Rússia diz. E depois existe o que a Rússia faz. Ainda não vimos nenhum recuo das forças russas", afirmou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, numa entrevista à MSNBC. "Continuamos a ver unidades críticas a mover-se para a fronteira e não a afastar-se da fronteira."
Assim, nesta altura, o West Texas Intermediate, negociado em Nova Iorque, está a avançar 2,72%, com o barril a cotar nos 94,57 dólares.
Por sua vez, o brent do Mar do Norte, que serve de referência ao mercado português, está a subir 2,78%, com o barril a cotar nos 95,87 dólares.
Além da tensão na Ucrânia, há ainda outro fator que está a contribuir para a alta do petróleo: os dados do American Petroleum Institute, divulgados esta quarta-feira, revelaram que o inventário de crude em Cushing, no Oklahoma, recuou em 2,4 milhões de barris.
Incerteza junto à fronteira ucraniana penaliza bolsas. Wall Street abre no vermelho
Depois de ontem o Kremlin ter assegurado que tropas russas estavam a sair da fronteira ucraniana - o que levou Wall Street a fechar a sessão no verde, recuperando de três perdas consecutivas - hoje a administração norte-americana acusa Moscovo de mentir e os principais índices bolsistas voltaram ao vermelho.
O Dow Jones recuou 0,22%, para os 34.911,91 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 0,58%, para os 4.463,65 pontos. Já o tecnológico Nasdaq mergulha 1% para 14.000,59 pontos.
A onda de otimismo começou a formar-se ontem, aquando da saída, ainda que parcial, das tropas russas da fronteira ucraniana, com o sentimento positivo a ser ampliado pelo discurso de Joe Biden que garantiu "que ainda há espaço para a diplomacia".
No entanto, há poucos momentos, a administração norte-americana desmentiu o Kremlin afirmando que Vladimir Putin está a reforçar a presença de tropas russas na região e não a retirá-las.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, indicou que as principais unidades russas estavam a mover-se em direção à fronteira. "Há o que a Rússia diz e depois há o que a Rússia faz. E não vimos nenhum recuo de suas forças armadas disse Blinken em entrevista à MSNBC. "Continuamos a ver unidades críticas a deslocar-se em direção à fronteira", assegurou.
Entre os principais movimentos que estão a ser observados no mercado está a queda de 49% da Therapeutic Avenue, depois de o Comité Consultivo da FDA, a autoridade norte-americana do medicamento, ter deliberado que a empresa não prestou informações adequadas sobre um medicamento, o tramadol IV.
Os investidores vão ainda estar atentos às ações da Roblox, que seguem a cair 17%, depois de a empresa ter apresentado resultados referentes ao ano passado, que ficaram abaixo das expectativas dos analistas.
Do lado dos ganhos, o mercado está de olho nos títulos da Toast Shares, uma fintech baseada em inteligência artificial. As ações da companhia estão a subir 23%, depois de os resultados, divulgados depois do fim da sessão de ontem, terem sido classificados pelos analistas contactados pela Bloomberg como "impressionantes". A empresa angariou 512 milhões de dólares no último trimestre de 2021, um crescimento de 111% em termos homólogos.
Os investidores vão ainda estar atentos às atas da última reunião da Reserva Federal norte-americana que serão divulgadas hoje. O mercado ficará a saber se o aperto da política monetária está para breve como esperado, ou se os investidores ainda terão alguma margem de alívio antes de um sell-off generalizado, provocado pela subida imediata das taxas de juro.
Europa abre no verde. Telecom em território negativo
Uma maré verde cobriu as principais praças europeias. Os investidores estão otimistas com as palavras de Joe Biden, proferidas durante o discurso de ontem, durante o qual o chefe de Estado assegurou que "ainda há espaço para a diplomacia" e pela retirada das tropas russas, junto da fronteira ucraniana.
Os investidores estão ainda a pesar os números da inflação no Reino Unido que, medida a 12 meses, alcançou 5,5%, acima dos 5,4% contabilizados em dezembro e das estimativas dos analistas que apontavam para a manutenção dos valores em janeiro de 2022.
"Esta nova alta da inflação pressionará ainda mais o Banco da Inglaterra a continuar a subir as taxas de juros", comentou Emma Mogford, gestora de fundos no Premier Miton Monthly Income Fund, em entrevista à Bloomberg.
No entanto entre o impedimento de uma guerra e a inflação os investidores escolheram a primeira hipótese e nem o índice britânico FTSE escapou à onda de otimismo.
O Stoxx 600 - "benchmark" para a Europa - segue a valorizar 0,35% para 469,18 pontos. Dos vinte setores que compõe o índice, apenas as telecomunicações seguem em território negativo. Viagens e lazer e tecnologia lideram os ganhos.
O espanhol IBEX valoriza 0,72%, o alemão DAX 0,37% e o francês CAC 40 0,25%. Amesterdão avança 0,68%, Milão 0,27% e Londres soma 0,14%.
Os mercados de ações globais estiveram sob pressão este ano devido à expectativa sobre aumentos agressivos das taxas de juros nos EUA e na Europa para conter a inflação.
Esta quarta-feira, os investidores vão "estar de olho" na divulgação das atas referentes à última reunião da Reserva Federal norte-americana para saber se o voo do falcão está para breve como esperado, ou se os mercado ainda podem respirar, antes de um sell-off generalizado, provocado pela subida imediata das taxas de juro.
Juros voltam a agravar na zona euro. Bunds germânicas chegam aos 0,3%
Depois de um fim de sessão marcado pelo alívio ligeiro dos juros das principais dívidas soberanas com maturidade a dez anos, as yields voltaram a agravar, ainda que ligeiramente, na zona euro.
As yields da dívida portuguesa a 10 anos estão a avançar 1,4 pontos base para 1,186%. Há algumas sessões que os juros da dívida nacional estão acima de 1%, percentagem que não era vista desde o arranque da pandemia em 2020. Em Espanha, os juros das obrigações na mesma maturidade estão a agravar 2,2% para 1,977%.
Por sua vez, os juros das bunds germânicas a 10 anos, a referência para o bloco europeu, estão a subir 1,7 pontos base para 0,320%. Desde dia 31 de janeiro que as bunds têm estado acima dos 0%.
Os juros da dívida italiana, também a dez anos, avançam 2,2 pontos base para 1,976%. Já as yields das obrigações francesas com a mesma maturidade sobem 1,4 pontos base para 0,788%.
Os juros das dívidas públicas têm registado um movimento de agravamento em 2022, devido às pressões inflacionistas, que continuam sem dar sinais de alívio. Esta tendência de subida agravou-se desde o final da semana passada.
"Ouro negro" recupera e soma mais de 1%
O petróleo segue esta esta quarta-feira a corrigir, depois de ontem ter sofrido a maior queda diária, desde o início do ano.
O contrato do Brent para entrega em abril - referência para as importações europeias- segue a valorizar 1,23% para 94,45 dólares. Já o West Texas Intermediate, referência para os EUA, soma 1,18% para 91,16 dólares.
Para além deste valores refletirem o otimismo dos investidores sobre a retirada das tropas da Rússia, aliada da OPEP+, junto da fronteira com a Ucrânia, significam ainda que reina uma onda de otimismo acerca dos números sobre as reservas de petróleo que serão publicadas hoje pelo American Petroleum Institute.
Recorde-se que, na última semana, as reservas dos EUA caíram acentuadamente, em grande parte provocada pela quebra de 2,4 milhões de barris verificada em Cushing, Oklahoma, um dos maiores centros de "ouro negro" dos EUA.
Os mercados de petróleo permanecem altamente voláteis. Segundo as contas da Bloomberg, o spread do Brent entre os dois últimos contratos de futuros foi de 2,29 dólares, um disparo face aos 0,41 centavos verificados no spread contabilizado entre os contratos para entrega em dezembro e janeiro.
"O mercado ainda está bem apoiado pela escassez de oferta", de acordo com uma nota de "research" da ANZ compilada pela Bloomberg. Assim, acrescentam os analistas, "qualquer alívio na tensão geopolítica não muda drasticamente as perspectivas otimistas para os preços do petróleo."
Ouro segue na linha de água. Atas da Fed podem recuperar metal amarelo
O ouro permanece na linha de água, depois de esta terça-feira ter caído quase 1%, enfraquecido pela retirada das tropas russas na fronteira com a Ucrânia.
Os investidores especulam que a guerra pode mesmo não acontecer, não sendo necessária a procura por um ativo refúgio.
O metal amarelo segue a valorizar 0,08% para 1.855,47 dólares a onça. Prata, platina e paládio seguem esta tendência positiva.
Durante as primeiras semanas deste ano, a crise na Europa e a inflação foram o mote perfeito para o ouro escalar para o nível mais alto visto desde há oito meses.
"Os sinais de que a diplomacia pode estar a resultar na fronteira da Ucrânia indicam que a cotação do ouro pode descer", alertou Sim Jun Rong, estratega da IG Asia, em declações à Bloomberg TV. "Apesar desta situação, os preços continuam acima de um nível de suporte importante, o que sugere que existem algumas reservas que persistem entre os investidores", acrescentou o analista.
As apostas crescentes numa abordagem falcão por parte da Reserva Federal norte-americana (Fed) também estão a manter o metal amarelo na linha de água. Esta quarta-feira são divulgadas as atas da última reunião liderada por Jerome Powell.
"As atas do Fed serão o próximo teste do mercado", acrescentou Jun Rong.
No mercado do câmbio, o índice do dólar da Bloomberg - que compara a nota verde com 16 divisas rivais - está a cair 0,12% para 95,87 pontos. Por sua vez, o euro segue a valorizar 0,14% para 1,1316 euros.
Futuros da Europa apontam para o verde
A negociação dos futuros na Europa aponta para uma continuação da recuperação das principais praças face ao movimento de sell-off dos últimos dias. A retirada, pelo menos parcial, de tropas russas da fronteira com a Ucrânia e o discurso de Joe Biden foram o mote para esta onda de otimismo.
O futuros sobre o Stoxx 50 - índice de referência europeu - estão a subir 0,68%.
Discursando na Casa Branca em Washington esta terça-feira, Joe Biden adiantou que a diplomacia é o "melhor caminho para todas as partes".
"Iremos continuar com os nossos esforços diplomáticos, com consultas estreitas com os nossos aliados e com os nossos parceiros. Enquanto houver diplomacia que impeça o sofrimento e o uso da força iremos continuar a fazê-la", salientou, num discurso sem direito a perguntas dos jornalistas.
Apesar desta onda de otimismo, tudo pode mudar, depois de o Reino Unido ter indicado que a inflação a 12 meses, medida em janeiro, bateu nos 5,5%, acima dos 5,4% esperado pelos analistas. O mercado espera assim o reforço de uma política monetária falcão por parte do Banco de Inglaterra.
Na Ásia, a sessão terminou com sentimento positivo. O Topix fechou a subir 1,6%. Em Hong Kong, o Hang Seng valorizou 1,27 e no Japão o Nikkei subiu 2,22%.