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Guerra comercial sobrepõe-se a resultados e penaliza bolsas europeias
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados desta terça-feira.
Guerra comercial sobrepõe-se a resultados e penaliza bolsas europeias
Os principais índices europeus estão a negociar maioritariamente em queda, com os receios em torno de uma guerra comercial que envolva os Estados Unidos a sobreporem-se aos resultados das empresas relativas ao último trimestre do ano passado.
O índice de referência europeu, Stoxx 600, recua 0,36% para 532,94 pontos, com os setores dos serviços financeiros e o alimentar a perderem mais de 1%.
Ainda perto dessa fasquia está o setor das telecomunicações, com a Vodafone a pressionar ao desvalorizar 5,43%. A empresa de telecomunicações britânica revelou os resultados do terceiro trimestre fiscal que mostraram continuada deterioração na Alemanha, o seu maior mercado.
Pela positiva, o setor tecnológico é o que mais ganha, ao subir mais de 0,5%, à boleia da Infineon que pula quase 10%, depois de ter divulgado receitas acima do esperado no primeiro trimestre fiscal e ter elevado as perspetivas de lucros para este ano.
Também o setor da banca avança 0,2%, impulsionado pelas contas do BNP Paribas, que soma mais de 2% depois de a margem financeira ter ficado acima do esperado no quarto trimestre. A impedir maiores ganhos está o facto de o banco ter reduzido um indicador de lucro chave para 2025.
Já o UBS cai quase 6%, com os investidores a analisarem os resultados do grupo e um programa de recompra de ações de três mil milhões de dólares que já estava incorporado dadas as regras de requesitos de capital.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão Dax recua 0,11%, o francês CAC-40 cede 0,04%, o italiano FTSEMIB perde 0,32% e o britânico FTSE 100 cai 0,43%. Em Amesterdão, o AEX regista um decréscimo de 0,37%.
Juros agravam-se na Zona Euro
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a agravar-se esta terça-feira, com os investidores a reagirem aos avanços e recuos em torno das tarifas dos Estados Unidos ao Canáda, China e México.
As Bunds alemãs a dez anos, que servem de referência para o bloco europeu, somam 3,4 pontos base para 2,415%. Já a rendibilidade da dívida francesa, com a mesma maturidade, avança 1,9 pontos base para 3,125%.
Por cá, as "yields" das obrigações do Tesouro agravam-se 2,8 pontos base para 2,832% e a das obrigações espanholas também a dez anos somam 3,3 pontos para 3,033%. Já as "yields" da dívida italiana avançam 3,1 pontos para 3,531%.
Fora da Zona Euro, os juros das "Gilts" britânicas a dez anos somam 3,9 pontos para 4,524%.
Retaliação da China e adiamento de tarifas ao Canadá e México pressionam dólar
O dólar está a interromper os ganhos, depois de a China ter revelado medidas retaliatórias à imposição de tarifas pelos Estados Unidos que foram mais restritas e o Presidente dos EUA Donald Trump ter adiado o aumento das taxas alfandegárias para o Canadá e o México em 30 dias.
O índice do dólar segue a valorizar 0,48% para 108,471 dólares, enquanto o euro está inalterado nos 1,0344 dólares.
Os investidores estão a incoprorar a possibilidade de negociações entre o líder chinês e norte-americano que poderão ajudar a evitar uma guerra comercial.
Ao mesmo tempo, o facto de as tarifas sobre o Canadá e México não terem, para já, avançado, mostra que "Trump poderá usar o 'bluff' para conseguir vitórias transacionais, seja na segurança das fronteiras ou no comércio", escreve o analista Francisco Pesole do ING.
"Para o mercado cambial, isto significa que o dólar pode não registar grandes movimentações em relação às divisas direta e indiretamente afetadas simplesmente na sequência de um anúncio de tarifas, mas apenas depois de as tarifas terem efetivamente entrado em vigor e de haver indicações de que se manterão", acrescenta.
Imprevisibilidade em torno de tarifas impulsiona ouro
O ouro segue a negociar em alta ligeira, tendo chegado esta madrugada a negociar perto de máximos históricos, com os investidores a procurarem ativos-refúgio face a um cenário de elevada incerteza depois de os Estados Unidos terem imposto tarifas a importações da China e Pequim ter retaliado ao impor novas tarifas sobre uma série de produtos norte-americanos.
O metal amarelo soma 0,04% para 2.816,24 dólares, após ter chegado esta manhã aos 2.824,65 dólares, perto de um recorde atingido na segunda-feira nos 2.830,74 dólares por onça.
A elevada instabilidade e imprevisibilidade política internacional tem aumentado o apelo do ouro como reserva de valor.
Guerra comercial entre a China e os Estados Unidos pressiona petróleo
Os preços do petróleo estão a desvalorizar e a caminho de anularem a valorização anual, com o início da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China a gerar preocupações sobre o crescimento da economia global e a procura por energia.
O West Texas Intermediate (WTI), de referência para os EUA, desce 1,69% para 71,92 dólares, enquanto o Brent do Mar do Norte, o "benchmark" europeu, recua 0,99% para 75,21 dólares.
A China revelou esta madrugada que vai impor tarifas num conjunto de bens provenientes dos Estados Unidos, onde se inclui o petróleo e gás natural, numa resposta à "imposição unilateral de tarifas", referiu o ministro chinês das Finanças, citado pela Bloomberg. No caso do carvão e gás as taxas alfandegárias ascendem a 15% e ficam em 10% no caso do petróleo e equipamentos agrícolas.
"A volatilidade no mercado petrolífero é um reflexo da incerteza política que a nova administração Trump traz", disse à Bloomberg Charu Chanana, estratega-chefe do Saxo Markets. "Os fundamentais do petróleo estão a ser ofuscados, com o mercado a ser mais orientado pelo sentimento dos investidores e com as tarifas a desempenharem um papel significativo na formação dos preços", completou.
Futuros da Europa em alta com adiamento de tarifas. Ásia no verde após retaliação de Pequim
Os principais índices europeus estão a apontar para ganhos ligeiros na abertura, com os futuros sobre o Euro Stoxx 50 a avançarem 0,08%. O mercado segue a avaliar o adiamento da imposição de tarifas dos Estados Unidos ao Canadá e México, pelo menos durante 30 dias.
Na China, as taxas alfandegárias subiram 10% tal como tinha sido proposto pelo Presidente norte-americano e já estão a vigorar. A China anunciou esta madrugada a abertura de uma investigação à Google e impôs novas tarifas sobre uma série de produtos oriundos dos Estados Unidos, incluindo petróleo e gás natural.
Os analistas ouvidos pela Bloomberg indicam que a reação da China foi contida, um sinal de que poderá estar a evitar uma esclada de uma guerra comercial.
Na Ásia, os índices chineses continuaram encerrados devido às celebrações do novo ano chinês, mas no Japão, Coreia do Sul e Hong Kong os índices inverteram à boleia de expectativas de um acordo entre os EUA e a China semelhante ao do Canadá e México que permita adiar a implementação de tarifas.
Em Hong Kong, o Hang Seng sobe 2,6%, impulsionado pela retaliação de Pequim. No Japão, o Nikkei soma 0,72% e o Topix sobe 0,65%, enquanto na Coreia do Sul o Kospi ganha 1,13%.