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Eleição de conservador Raisi deverá adiar entrada de petróleo iraniano no mercado

As negociações sobre o acordo nuclear com o Irão agendadas para este sábado foram adiadas, prolongando as sanções impostas pelos Estados Unidos que impedem a compra de crude iraniano.

Reuters
Negócios com Bloomberg 20 de Junho de 2021 às 18:02
A eleição, na sexta-feira, do clérigo conservador Ebrahim Raisi como presidente iraniano deverá adiar o levantamento das sanções de Washington às exportações de crude do Irão, referem vários analistas ouvidos pela Bloomberg.

"A eleição de alguém da linha dura atrasa as expectativas de um rápido regresso do petróleo iraniano ao mercado", diz Sara Vakhshouri, presidente da SVB Energy International.

Raisi é visto como não sendo partidário de uma reaproximação aos Estado Unidos, o que dificulta as negociações dos EUA, UE e Rússia para ressuscitar o acordo de 2015 que limitava as atividades nucleares da República Islâmica em troca de um alívio das sanções.

As conversações foram adiadas e, segundo fontes diplomáticas, permanecem "divergências significativas" sobre como retomar o acordo, do qual os EUA se retiraram unilateralmente em 2018, por decisão de Donald Trump. À Reuters, dois diplomatas indicaram que a pausa nas negociações deverá rondar os 10 dias.

Os preços do crude têm vindo a subir no último mês, tocando mesmo máximos desde outubro de 2018, no caso do West Texas Intermediate (WTI), e desde abril de 2019 para o Brent, de referência para a Europa. Esta escalada foi impulsionada pelo alívio das restrições para o controlo da pandemia da covid-19 em algumas das principais economia e pelo arrastar das negociações com o Irão.

Petróleo iraniano só na reta final do ano

De acordo com Sara Vakhshouri, a perceção dos "traders" é agora de que as exportações de crude do Irão só ocorrerão mais para o final deste ano.

O petróleo iraniano deverá ser facilmente absorvido pelo mercado uma vez que a procura deverá superar a oferta por uma margem que poderá atingir os 1,5 milhões de barris diários no final do ano, acrescentou Vakhshouri.

Este cenário contrasta com as pressões sobre os preços do crude vividas no início deste ano, quando os receios de que um acordo com Teerão estivesse iminente e que o petróleo iraniano iria inundar o mercado.

Robbin Mills, CEO da consultora Qamar Energy, considera que o petróleo do Irão apenas regressará após um acordo ser alcançado. E Washington não aliviará as sanções até estar convencido de que Teerão esteja a cumprir o novo acordo, refere o responsável, citado pela Bloomberg.

Ainda assim, Mills aponta que Raisi "pretenderá que um acordo esteja fechado quando assumir a presidência do Irão [em agosto] para bebeficiar de melhores condições económicas" graças ao alívio das sanções.
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