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Ganho da platina prossegue mas não será duradouro

No longo prazo, a redução de preço do paládio e o menor número de registos de carros a diesel na Europa vão pesar nos preços do metal branco.

Os metais industriais e preciosos sustentam fortemente o fabrico de um automóvel.
Ilya Naymushin/Reuters
02 de Agosto de 2023 às 10:00
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A platina e o paládio são dois metais preciosos que, nos últimos anos, saltaram para a ribalta de forma mais consistente, à conta da utilização nos catalisadores automóveis. Com a transição para as energias limpas, o ganho foi evidente.

Os dois metais já rivalizavam no mercado dos catalisadores para carros a gasolina, mas os investidores ganharam ainda mais apetite pelo facto de também serem usados nos veículos a gasóleo, com o consumo a crescer devido aos padrões mais apertados para as emissões poluentes. A preferência por um ou por outro tem estado, basicamente, no fator preço: consoante um deles fica mais barato, começa a ser mais procurado – o que leva a que a sua cotação aumente e faça depois pender a balança para o concorrente.

Atualmente, que prato da balança pesa mais? Segundo o UBS, a platina está agora com um “outlook” positivo em termos de investimento, mas esse cenário deverá mudar no longo prazo. “O metal branco deverá beneficiar, nos próximos tempos, do facto de estar a ser preferido na substituição dos catalisadores automóveis nos veículos a gasolina”, sublinha Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do banco suíço numa nota de “research” a que o Negócios teve acesso.

No entanto, há dois potenciais reveses a limitar a subida. “Historicamente, o principal mercado de catalisadores automóveis da platina tem sido o dos carros a gasóleo. Apesar disso, na Europa a quota de registos de carros a diesel tem estado a cair, com apenas 13,4% novos registos em junho – uma forte quebra face aos registos superiores a 50% antes de 2017 –, reduzindo assim a necessidade de platina neste segmento”, aponta.

A outra contrariedade vem do paládio. “Em 2022, o paládio custava cerca de 2,5 vezes mais do que a platina, mas agora essa diferença diminuiu para apenas 1,3 vezes. Se continuar a reduzir-se, há o risco de o referido processo de substituição começar a abrandar e a pesar na procura por platina”.

No longo prazo, considera o analista, o hidrogénio poderá compensar essa debilidade da procura, especialmente se a Europa tiver êxito nos seus ambiciosos planos de hidrogénio verde. “Contudo, o hidrogénio não conseguirá compensar, no curto prazo, a procura mais fraca por catalisadores”.

Assim, “estamos convictos de que vai haver um défice da oferta de platina no resto deste ano, devido a estar a ser a substituta preferida nos catalisadores automóveis e a uma menor produção nas minas sul-africanas”, sublinha Staunovo. Mas, mais para a frente, esses ganhos vão pesar – num contexto de redução dos preços do paládio. 

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